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Crise faz bancos globais perderem US$ 500 bilhões em valor de mercado

Reguladores discutem crise com foco no Credit Suisse à medida que as quedas de março aumentam

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Londres e Nova York | Financial Times

Os investidores eliminaram quase US$ 500 bilhões do valor das ações de bancos em todo o mundo, na pior derrocada do setor financeiro desde o início da pandemia de Covid-19.

As ações financeiras despencaram esta semana, conforme as consequências do colapso do Silicon Valley Bank (SVB) se espalhavam pelos mercados globais. Bancos nos Estados Unidos, na Europa e no Japão perderam coletivamente US$ 459 bilhões em valor de mercado até agora este mês –a queda de 16% é a mais acentuada desde março de 2020.

As perdas mais pesadas ocorreram nos EUA, onde o índice KBW Bank perdeu 18% em março. O índice de bancos Stoxx 600 da Europa caiu 15%, enquanto o Topix do setor bancário do Japão perdeu 9%.

Logo do Silicon Valley Bank (SVB) - Dado Ruvic/Reuters

Os esforços para estabilizar o sistema financeiro e evitar um pânico mais amplo tiveram apenas sucesso parcial. As ações do problemático banco californiano First Republic caíram mais de um quarto nas negociações da tarde de sexta (17), apesar de uma injeção de dinheiro de US$ 30 bilhões de bancos de Wall Street, incluindo JPMorgan Chase e Goldman Sachs.

As ações do Credit Suisse caíram 8%, mesmo após o fornecimento na quinta (16) de uma linha de crédito de emergência de 50 bilhões de francos suíços (US$ 54 bilhões) do banco central suíço. Os swaps e títulos de inadimplência do credor com sede em Zurique estavam sendo negociados em níveis problemáticos.

A volatilidade dos mercados prejudicou até os bancos considerados mais fortes, com alguns afetados pelo rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de dois anos caindo em seu ritmo mais rápido desde 1987. O Goldman perdeu cerca de US$ 200 milhões em sua mesa de operações que lida com produtos de taxa de juros, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. O Goldman se recusou a comentar.

Reguladores globais realizaram conversas na noite de sexta para discutir como acalmar os temores sobre a saúde do sistema financeiro, com alguns focando em opções para estabilizar o Credit Suisse e suas subsidiárias internacionais.

Executivos e membros do conselho do credor suíço também estão debatendo o futuro do banco de 167 anos, que durante anos passou de uma crise para outra.

"Claramente, temos que revisar o plano estratégico", disse uma pessoa envolvida nas negociações de emergência. "Foi uma semana de loucura. Estamos analisando tudo o que pode ser feito. Não há nada que seja tabu. Mas, aconteça o que acontecer, o banco sobreviverá."

Outra figura graduada do credor disse que eles precisavam "refletir sobre as várias opções de contingência que temos". "Temos uma boa estratégia, mas há uma dúvida agora se as condições de mercado e o apoio ao investidor permitirão que ela funcione."

As opções em consideração incluem dividir o banco e levantar fundos por meio de uma oferta pública de sua divisão suíça, com as unidades de gestão de patrimônio e ativos sendo vendidas, disseram as duas pessoas. Isso provavelmente seria para rivalizar com o UBS, porque o governo e os reguladores prefeririam que eles permanecessem sob controle suíço.

Para aumentar a pressão sobre a administração, um dos maiores acionistas do banco agora pede publicamente a separação da unidade doméstica para proteger os depositantes, as hipotecas e os pequenos negócios.

"É necessária uma ação drástica. É preciso haver um spin-off completo da filial suíça. Precisamos isolá-la agora porque o contágio está se espalhando para ela", disse Vincent Kaufmann, executivo-chefe da Fundação Ethos, que representa fundos de pensão suíços e instituições que detêm até 5% das ações.

O protegido banco doméstico do Credit Suisse vale até o dobro de toda a capitalização de mercado do grupo, conforme estimativas de analistas.

"O SNB [Swiss National Bank] precisa intervir", acrescentou Kaufmann. "Recebi algumas ligações de fundos de pensão suíços que estão muito preocupados com sua exposição e a estão reduzindo."

Outras propostas a serem examinadas no fim de semana incluem acelerar os cortes no banco de investimento ou até fechá-lo completamente, acrescentaram as fontes.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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