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Credit Suisse se recupera na Bolsa depois de receber apoio do Banco Central suíço

Ação do banco fechou em alta de quase 20% nesta quinta, e fusão com UBS está descartada

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São Paulo

A ação do Credit Suisse fechou em alta de 19% nesta quinta-feira (16), depois de receber o apoio do Banco Central da Suíça para tranquilizar os mercados, horas depois de registrar a pior sessão de sua história, quando o papel caiu quase 25%.

O Credit Suisse anunciou durante a madrugada de quinta-feira (16) que solicitará um empréstimo de até 50 bilhões de francos suíços (US$ 53,7 bilhões, R$ 284,4 bilhões) do Banco Central.

O banco também anunciou uma série de operações de recompra de títulos da dívida por quase três bilhões de francos suíços.

Prédio do Credit Suisse em Lucerna, Suíça - Lian Yi - 13.fev.2023/Xinhua

"Estas medidas são um movimento decisivo para fortalecer o Credit Suisse, à medida que continuamos nossa transformação estratégica para agregar valor aos nossos clientes e outras partes interessadas", afirmou o CEO do banco, Ulrich Koerner, em um comunicado.

"O Credit Suisse atende às exigências em matéria de capital e liquidez impostas aos bancos de importância sistêmica", afirmaram o Banco Nacional Suíço (BNS, banco central), e a Finma (Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro), em comunicado conjunto.

"Em caso de necessidade, o BNS colocará liquidez à disposição do Credit Suisse", acrescentaram as instituições.

Na tarde desta quinta-feira, após o fechamento dos mercados na Europa, a agência Bloomberg noticiou que tanto o Credit Suisse quanto seu maior concorrente na Suíça, o UBS, rejeitam a ideia de uma fusão forçada entre as duas instituições. Segundo as informações, o UBS está resistente em assumir os riscos da operação do rival.

O Credit Suisse comunicou à sua equipe nesta quinta-feira que o apoio emergencial do banco central suíço não desencadeia um "evento de viabilidade", de acordo com documentos aos quais a Reuters teve acesso.

O banco também atualizou quanto dinheiro devolveu aos investidores em seus fundos de financiamento da cadeia de suprimentos, de acordo com o documento, datado de 16 de março. O banco ainda apontou pontos que devem ser discutidos com os clientes. O Credit Suisse se recusou a comentar o memorando.

O colapso do Credit Suisse aconteceu poucos dias após a falência do banco californiano SVB (Silicon Valley Bank), na esteira de uma onda de saques em larga escala de clientes, o que deixou o estabelecimento em dificuldades para manter o fluxo de caixa por conta própria.

Mas ao contrário do SVB, o CS integra o grupo de 30 bancos internacionais considerados muito importantes para quebrar, o que também impõe regras mais rígidas para resistir aos abalos do mercado.

A preocupação supera as fronteiras da Suíça. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos afirmou que estava "monitorando a situação e em contato com as autoridades internacionais".

Apesar desta recuperação vista nesta quinta, o mercado ainda deve manter um nível de desconfiança em relação aos bancos internacionais, segundo André Fernandes, Chefe de Renda Variável e sócio da A7 Capital.

"Se instalou uma crise de confiança com relação ao sistema financeiro. Então, enquanto houver esse perigo de que mais algum banco possa aparecer no radar, essa melhora que vimos é momentânea", diz Fernandes.

Acúmulo de reveses

"Esperamos que as medidas acalmem os mercados e interrompam a espiral negativa", disse Andreas Venditti, analista da Vontobel, que considera a ajuda do banco central como "um forte sinal".

"Mas levará tempo para recuperar totalmente a confiança", acrescentou.

O colapso da ação do Credit Suisse acelerou na quarta-feira após a recusa de seu principal acionista, o Banco Nacional Saudita, a ampliar sua participação no capital.

Questionado pela Bloomberg TV se o banco saudita poderia investir mais dinheiro, seu presidente, Amar Al Judairy, disse: "A resposta é absolutamente não, por várias razões cada vez mais simples, que são regulatórias e estatutárias".

Os sauditas possuem, hoje, 9,8% do banco suíço. "Se passarmos de 10%, uma série de novas regras entra em vigor", alegou.

Os sauditas se tornaram os maiores acionistas da CS durante um aumento de capital efetuado em novembro para financiar uma grande reestruturação da entidade.

O banco está em dificuldades há dois anos, após a falência da empresa financeira britânica Greensill, que marcou o início de uma série de escândalos que enfraqueceram o CS.

Alguns acionistas acabaram jogando a toalha, como o fundo de investimentos americano Harris Associates, um de seus apoios mais importantes e que revelou, na semana passada, ter vendido toda sua participação no Credit Suisse.

Com AFP e Reuters

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