Descrição de chapéu Eletrobras

Eletrobras prepara novo plano de demissão para até 20% dos empregados

Empresa privatizada em 2022 já tem um plano em curso para aposentados, com quase 2,5 mil adesões

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

A Eletrobras deve lançar até abril um novo plano de demissão voluntária para reduzir em até 20% seu quadro de funcionários, que hoje é de cerca de 14.000 pessoas. Atualmente, a companhia já tem um programa do tipo em curso, com foco em aposentados.

Os dois planos fazem parte de um processo de reorganização da estrutura da empresa após a privatização. A companhia vai concentrar seu processo decisório na sede do Rio de Janeiro e reduzir o número de empresas em que tem participação.

Em teleconferência nesta terça-feira (14) para detalhar o lucro de R$ 3,6 bilhões registrado pela companhia em 2022, o presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior, disse que o novo plano de demissão foi negociado com sindicatos e olha a nova estrutura da empresa.

Logo da Eletrobras - Brendan McDermid/Reuters

No primeiro plano, em curso, o objetivo era desligar empregados já em idade de se aposentar. Foram 2.494 inscritos, com um custo de demissão de R$ 1,2 bilhão e economia estimada em R$ 95 milhões mensais. O custo foi uma das causas do prejuízo de R$ 479 milhões no quarto trimestre de 2022.

Para o segundo PDV, ele espera um custo menor de desligamento, já que os salários dos empregados em idade de se aposentar tendem a ser maiores. Segundo ele, o programa vai mirar um quadro de empregados de referência para a nova organização da companhia.

A empresa iniciou a implantação de uma nova estrutura organizacional que concentrará decisões na sede da empresa no Rio de Janeiro, reduzindo autonomia das subsidiárias regionais, que antes eram alvo de pressões políticas.

As quatro empresas (Chesf, Furnas, Eletronorte e CGT Eletrosul) foram incorporadas à holding após a compra das poucas ações que ainda estavam em mãos de minoritários, operações que custaram R$ 286 milhões.

Segundo Ferreira Junior, a incorporação agiliza a tomada de decisões e reduz a autonomia das subsidiárias. Ele afirmou, porém, que as empresas manterão sua presença regional, conforme definido na lei de privatização da energética.

A nova estrutura prevê ainda a criação de 13 vice-presidências, cujas indicações serão concluídas até o fim de março. Uma delas é a de comunicação, segundo Ferreira Junior, importante para a captação de novos clientes para a companhia. Ao todo, a empresa terá 13 vice-presidências.

Ferreira voltou a defender o processo, que é alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus aliados. Diz que deu maior agilidade às operações da empresa, maior flexibilidade para renegociar dívidas judiciais e lhe fortalecerá para ampliar investimentos.

"O processo de capitalização criou perspectiva econômica e financeira para que a Eletrobras possa investir focada num círculo virtuoso", afirmou, dizendo que a empresa tem como meta ser "liderança global na criação de valor com infraestrutura e soluções renováveis e de baixas emissões".

Nesse sentido, disse, a Eletrobras vai participar dos próximos leilões de linhas de transmissão previstos pelo governo. "Leilão de transmissão é uma prioridade para a companhia", afirmou, sem adiantar quais projetos interessam à empresa.

Entre os benefícios já garantidos após a privatização, afirmou o executivo, esta a capacidade de renegociar dívidas do chamado empréstimo compulsório, assumidas pelo governo nos anos 1960 para expandir o setor elétrico, hoje o maior passivo da companhia, estimado em R$ 25,8 bilhões.

No quarto trimestre, a empresa reverteu R$ 1,3 bilhão dessa provisão após a renegociação de parte desses débitos. Em outra ponta, além do PDV, provisões para perdas por inadimplência derrubaram o resultado da empresa.

Essas provisões são parte de um processo de limpeza do balanço, um dos focos da nova gestão da empresa. Ferreira Junior ressaltou que a receita da empresa ficou praticamente estável, e que a queda do Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, e do lucro foram provocadas por fatores não recorrentes.

Sem eles, disse, a companhia teria lucrado R$ 2,5 bilhões no quarto trimestre de 2022, quase quatro vezes o verificado no mesmo período do ano anterior.

Pelo resultado de 2022, a empresa propõe a distribuição de cerca de R$ 913 milhões, valor inferior aos R$ 1,4 bilhão distribuídos em 2021, quando a companhia foi beneficiada pela escalada dos preços da energia durante a crise hídrica.

A companhia decidiu ainda direcionar recursos para a recompra de até 10% do volume de ações que tem em circulação. "Temos a clareza do valor que essa empresa está criando", afirmou Ferreira Junior.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.