Descrição de chapéu PIB juros

Lula diz que crescimento da economia, de 2,9% em 2022, é 'nada'

Presidente critica resultado observado durante gestão anterior, e governo volta a criticar alta de juros

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) comentaram em tom crítico o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no último ano do governo Jair Bolsonaro (PL), alimentando o discurso de que há uma herança maldita deixada pela gestão anterior na área econômica.

Em meio à preocupação no governo com os indicadores no começo do mandato, Lula disse que a economia brasileira não cresceu "nada, nada, no ano passado" e defendeu investimentos públicos para aquecer a atividade. Já o titular da Fazenda destacou a retração de 0,2% registrada no quarto trimestre em vez do crescimento de 2,9% observado no ano cheio, responsabilizando a antiga gestão e a taxa de juros.

"Houve uma reação do Banco Central às atitudes do governo anterior no período eleitoral, que ensejou aumento da taxa de juros, o que explica essa desaceleração", disse o ministro, acrescentando, no entanto, que não trabalha com a perspectiva de recessão em 2023.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante cerimônia de lançamento do novo Bolsa Família. - Adriano Machado/Reuters

Em junho de 2022, Bolsonaro articulou um pacote de até R$ 50 bilhões para tentar frear a inflação e conter o impacto no bolso dos consumidores, liberando benefícios sociais turbinados à população e cortando impostos.

Haddad ressaltou que o país está em uma curva "descendente" e diz que o governo tem o desafio de reverter o cenário. "Estamos em uma curva descendente agora, todo o desafio do Ministério da Fazenda, da área econômica, é reverter esse quadro e promover uma curva ascendente do crescimento do PIB".

O resultado do PIB em 2022 veio ligeiramente abaixo da mediana das estimativas do mercado (3%). Por outro lado, o crescimento anual médio durante a gestão Bolsonaro foi de 1,45% –superando o período anterior, de Dilma-Temer (de 0,71%). Já Lula obteve expansão de 4,09% em suas outras passagens pela presidência.

Estamos em uma curva descendente agora. Todo o desafio do Ministério da Fazenda, da área econômica, é reverter esse quadro e promover uma curva ascendente do crescimento do PIB

Fernando Haddad

Ministro da Fazenda

"Não sei se vocês perceberam, mas hoje foi publicado os dados [do PIB] do último trimestre do ano. A economia brasileira não cresceu nada, nada, no ano passado. Então o desafio que temos agora é fazer a economia voltar a crescer. E temos que fazer investimentos", disse o presidente da República.

Lula disse que a antiga gestão investiu cerca de R$ 20 bilhões nos quatro anos em que esteve à frente do país, enquanto ele vai destinar R$ 23 bilhões para esse fim apenas em 2023.

Segundo ele, investimentos públicos não substituirão a iniciativa privada em sua gestão, mas serão um indutor do crescimento.

"A economia, para crescer, precisa que haja investimento privado. E, se não houver investimento privado, que haja o investimento público. Não é que a gente quer que o Estado faça as coisas que a gente tem que fazer. Mas, se o governo federal não investir dinheiro como indutor do crescimento, nada vai acontecer", disse.

O mandatário afirmou que vai lançar um programa para que os bancos públicos e bancos de desenvolvimento nacionais sejam usados para a promoção de investimentos, gerando empregos e contribuindo para um melhor desempenho da economia. E citou nominalmente a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

"Quero dizer aqui que a gente está lançando um programa, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o BNB, o Basa, o BNDES, pode ter certeza, vão voltar a investir dinheiro para gerar emprego, gerar desenvolvimento e gerar a distribuição de renda efetiva para esse país."

Destoando de Lula e Haddad, a ministra Simone Tebet (Planejamento) considerou o PIB uma "boa notícia" e disse que os números criam oportunidade de dialogar com o Banco Central para mostrar que não há inflação de demanda –o que abriria caminho para uma suavização na política de juros.

"Estamos fazendo dever de casa com o PIB [que], apesar de ser do ano passado, se mostrou positivo a ponto de podermos estar num diálogo com o Banco Central e com o Copom, mostrando que a inflação não é por demanda. Tivemos crescimento acima das expectativas e estamos fazendo o dever de casa", afirmou a ministra.

"Consequentemente é possível um gesto, não queremos nenhuma generosidade, mas um gesto positivo a favor do Brasil na próxima reunião do Copom", completou.

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