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UE fecha acordo para acabar com produção de carros a gasolina e diesel até 2035

Proibição é pilar fundamental na ambiciosa meta do bloco de atingir neutralidade climática até 2050

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Aldo Gamboa
Bruxelas | AFP

Os ministros da Energia da UE (União Europeia) deram sua aprovação final, nesta terça-feira (28), à proibição da venda de carros movidos a combustíveis fósseis a partir de 2035, depois que a Alemanha suspendeu um bloqueio duramente questionado.

A votação foi uma formalidade, depois que os representantes permanentes dos países em Bruxelas apoiaram o histórico acordo na segunda-feira (27)

Dos 27 países-membros do bloco, apenas a Polônia votou contra, enquanto Bulgária, Itália e Romênia se abstiveram.

Carro elétrico em Milão (Itália); nesta segunda (27), os 27 estados membros da UE aprovaram acordo para eliminação de novas vendas de carros movidos a combustíveis fósseis até 2035 - Gabriel Bouys/AFP

A proibição de motores de combustão interna é um pilar fundamental na ambiciosa meta do bloco de atingir a neutralidade climática até 2050, com zero emissão líquida de gases de efeito estufa.

O acordo sobre os motores deveria ter sido aprovado no início de março, mas, para frustração generalizada, a Alemanha surpreendeu, ao anunciar um veto e exigir uma isenção para os combustíveis sintéticos.

A mudança de posição do país gerou grande mal-estar nas capitais europeias, já que o acordo havia sido arduamente negociado e até aprovado no Parlamento Europeu.

Os combustíveis sintéticos, para os quais Berlim buscou regras excepcionais, ainda estão em desenvolvimento e devem ser produzidos com eletricidade baixa em carbono. Ativistas ambientais se opõem a esses combustíveis.

Representantes da poderosa indústria automobilística da Alemanha alegam, no entanto, que esses combustíveis sintéticos poderiam permitir que carros com motores de combustão interna fossem comercializados depois de 2035.

Ante esse novo acordo, o ministro alemão dos Transportes, Volker Wissin, celebrou na segunda-feira que "os veículos com motores de combustão poderão ser matriculados a partir de 2035 apenas se utilizarem combustíveis que sejam neutros em suas emissões de CO2".

Opção questionada

Os combustíveis sintéticos são questionados por ONGs (Organizações Não Governamentais) ambientalistas que os consideram caros, grandes consumidores de energia elétrica para sua produção e poluidores, por não eliminarem as emissões de óxido de nitrogênio (NOx).

Esses combustíveis ainda estão sendo desenvolvidos, embora a ideia tenha sido timidamente apoiada por algumas construtoras para manter a comercialização de carros com motor de combustão interna além de 2035.

Ao mesmo tempo, muitos especialistas duvidam que essa solução possa prevalecer no mercado frente aos carros elétricos, cujo preço deve cair, de acordo com as previsões para os próximos anos.

De qualquer forma, a mudança abrupta de posição do governo alemão pegou o resto dos países da UE de surpresa e gerou desconforto. O assunto chegou a ser um tema obrigatório nas discussões durante uma cúpula europeia realizada na semana passada.

No sábado (25), a comissão e a Alemanha anunciaram uma forma de chegar a um acordo sobre a redação do texto. Esse entendimento deixaria inalterado o documento já aprovado, mas a comissão se comprometeria a abrir um caminho mais explícito para os combustíveis sintéticos em uma proposta separada, que deveria ser validada por volta de setembro de 2024.

No entanto, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, se encontrou nessa posição difícil para manter a unidade da coalizão de seu governo.

Em uma mensagem no Twitter, o ministro dos Transportes alemão observou que "os veículos com motor de combustão poderão ser registrados novamente após 2035 se usarem combustíveis neutros em CO2".

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