Expansão de lavoura no Centro-Oeste deve turbinar venda de máquinas, espera Agrishow

Principal feira agrícola do país será realizada em maio em Ribeirão Preto e projeta superar os R$ 11,2 bilhões em vendas registrados em 2022

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Ribeirão Preto

Referência em feiras agrícolas no país, a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) aposta na capitalização dos grandes produtores, especialmente do Centro-Oeste do país, para bater recorde de vendas na edição deste ano.

Num evento praticamente sem críticas às atuais políticas agrícolas para o país, destoando de outros do gênero neste ano, a Agrishow foi apresentada com otimismo nesta quarta-feira (5) em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo). A feira, em sua 28ª edição, acontecerá entre os dias 1º e 5 de maio e projeta vender mais de R$ 11,2 bilhões em máquinas.

Vista parcial da área de exposições da Agrishow, em Ribeirão Preto, que neste ano crescerá para 530 mil metros quadrados
Vista parcial da área de exposições da Agrishow, em Ribeirão Preto, que neste ano crescerá para 530 mil metros quadrados - Divulgação/Agrishow

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), uma das organizadoras, sugeriu ao governo a liberação de R$ 45 bilhões no Plano Safra, para dar robustez no próximo ciclo agrícola, e afirma que o problema do setor não está nos agricultores, que estão capitalizados.

"O mercado está muito diferente entre o pequeno e o grande agricultor, o grande agricultor tem comprado. A gente imagina que eles vão aumentar área mais uma vez, e para aumentar área precisam comprar máquinas. Como o aumento de área é mais no Centro-Oeste, que são grandes máquinas, o mercado continua comprando", disse Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq.

Segundo ele, a proposta de R$ 45 bilhões foi feita após o governo ter pedido sugestões. Do total, R$ 34 bilhões seriam para o Moderfrota (para modernização da frota de tratores e máquinas) e os outros R$ 11 bilhões iriam para o Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

"Esse seria o melhor dos mundos. No ano passado o setor faturou R$ 90 bilhões, sendo R$ 10 bilhões para exportações e R$ 80 bilhões para o mercado interno. Então R$ 45 bilhões é praticamente metade do faturamento do setor, achamos o suficiente para ter um Plano Safra muito robusto", disse.

Vice-presidente da Abimaq, João Carlos Marchesan disse que o faturamento da Agrishow é importante, mas não relevante, pelo fato de a feira ser "sempre um sucesso". Depois de atingir R$ 2,9 bilhões em 2019 (R$ 3,68 bilhões, corrigidos pelo IPCA) e R$ 11,24 bilhões na retomada, em 2022 (R$ 11,68 bilhões, atualizados), a projeção dos participantes é que o volume de vendas do ano passado seja ultrapassado.

"Espero que seja maior [que 2022]. Os fundamentos estão aí, o agricultor está capitalizado, vai haver aumento de área e, consequentemente, ele precisa de máquina. Consequentemente, vai haver aumento de faturamento. Nós temos complemento do Plano Safra, que está para sair, está prometido, acho que deverá ser liberado pelo Conselho Monetário Nacional para dar um fôlego até o próximo Plano Safra", disse.

Presidente da Agrishow, Francisco Matturro, ex-secretário da Agricultura de São Paulo, afirmou que o plano é importante também por ser um balizador de taxas e de custos dos recursos disponibilizados.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi criticado durante a apresentação da feira, mas de forma muito mais superficial que em outros eventos do setor, como ocorreu na abertura da Tecnoshow Comigo, em Rio Verde (GO), na última semana, quando o nome do petista sequer foi citado.

"A respeito do desgoverno hoje que nós temos, em termos de invasão, etc, ontem [terça] foi criado o conselho jurídico na Faesp, com desembargadores, com procuradores, com advogados, inclusive o Ives Gandra faz parte da mesa, para que a gente possa imediatamente ter solução jurídica se acaso houver invasão em São Paulo", afirmou Pedro Lucchesi, segundo tesoureiro da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo).

A entidade também é organizadora da feira, assim como a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), a Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e a SRB (Sociedade Rural Brasileira).

Na Tecnoshow, na cidade goiana, o governo Lula foi criticado pela reforma tributária, pelas taxas de juros, pela falta de informações sobre o Plano Safra e pelas invasões de terra.

Lula não deve participar da abertura e deverá ser representado pelo vice, Geraldo Alckmin (PSB), segundo o empresário Maurilio Biagi Filho, presidente de honra da feira.

Ex-membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social criado por Lula em seu primeiro mandato, Biagi Filho disse que hoje ambos não estão tão perto como outrora, mas que teve o prazer de contribuir e levar o petista para "mais perto do setor sucroenergético". Em 2007, Lula chamou os usineiros, setor do qual Biagi sempre fez parte, de "heróis nacionais".

AMPLIAÇÃO DE ÁREA

A Agrishow será realizada numa área de exposição de 530 mil metros quadrados em Ribeirão Preto (o equivalente a 74 campos de futebol), 10 mil metros quadrados a mais que em 2022.

Com 800 marcas nacionais e estrangeiras em exposição, a previsão é atrair mais de 190 mil visitantes. Os ingressos custam R$ 70.

Para tentar evitar congestionamentos superiores a três horas na chegada ao evento, foram criados novos bolsões de estacionamento e o horário da feira foi alterado. Em vez de abrir os portões às 8h, agora a abertura ocorrerá às 9h.

O prefeito de Ribeirão, Duarte Nogueira (PSDB), disse que a previsão é que a economia local receba a injeção direta de R$ 60 milhões em serviços nos cinco dias do evento. O setor hoteleiro da cidade, que tem 12 mil leitos, está totalmente ocupado, assim como hotéis em cidades da região metropolitana.

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