Descrição de chapéu Agrofolha

Feira do agro em Goiás mostra demanda forte do setor, apesar de críticas a juros e invasões

Tecnoshow Comigo movimentou R$ 11,1 bi em cinco dias

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Rio Verde (GO)

A organização da 20ª edição da Tecnoshow Comigo, que termina nesta sexta-feira (31) em Rio Verde (GO), anunciou um faturamento de R$ 11,1 bilhões em cinco dias de negociações de máquinas agrícolas, implementos e insumos para o agronegócio.

O valor se equipara aos R$ 11,19 bilhões, corrigidos pela inflação, comercializados no ano passado (valor nominal de R$ 10,6 bilhões) e confirma que o agronegócio continua com forte apetite para compras neste ano, o que já tinha sido registrado em feiras agrícolas realizadas em 2023. Isso apesar das fortes críticas ao governo Lula que têm sido feitas pelo setor, como as taxas de juros e as recentes invasões de terra.

Vista aérea da feira Tecnoshow Comigo, que começou na última segunda-feira (27) em Rio Verde (GO)
Vista aérea da feira Tecnoshow Comigo, que começou na última segunda-feira (27) em Rio Verde (GO) - Tecnoshow Comigo

A Show Safra, em Lucas do Rio Verde (MT), negociou R$ 9,2 bilhões entre os dias 19 e 22 de março, ante R$ 8,5 bilhões (R$ 8,98 bilhões, corrigidos pelo IPCA) no ano passado. Já a Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), movimentou no início de março R$ 7,043 bilhões, alta em valores nominais de 42% em comparação aos R$ 4,961 bilhões de 2022 (R$ 5,238 bilhões, atualizados pela inflação).

O número de visitantes também bateu recorde. Em 2022, foram 128 mil pessoas e a expectativa para agora era de que 130 mil pessoas fossem ao CTC (Centro Tecnológico Comigo), mas o total chegou a 138 mil.

A Comigo, cooperativa que organiza a Tecnoshow, já apostava em um faturamento forte apesar da queda recente de preços em algumas commodities, devido aos dados positivos do agro para 2023.

Entre eles, a previsão de o país colher 13,8% mais grãos neste ano do que no ciclo anterior, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

"O resultado realmente nos surpreendeu, pelo momento que nós estamos vivendo. Tínhamos medo de não atingir o [faturamento do] ano passado [...] Consideramos isso uma coisa realmente fantástica, não só para Rio Verde, mas para o estado de Goiás e para o Brasil", disse Antonio Chavaglia, presidente do conselho de administração da Comigo (Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano), uma das maiores do país e organizadora da feira.

Ele afirmou também que o setor estava preocupado com o momento econômico do país, marcado pelos preços decrescentes das commodities. "Mas, no caso dos insumos, [os preços] baixaram também. E a base de troca está um pouco melhor."

A feira do agro foi marcada por lançamentos das marcas, desde máquinas a insumos biológicos, como um biofungicida da FMC que combina duas cepas e pode ser usado nas culturas de soja, algodão e feijão, para controlar o mofo-branco (doença).

A Baldan, indústria do interior paulista, expôs pela primeira vez na região dois modelos de pulverizadores. Um deles, o Avola, promete baixo consumo de combustível e tem suspensão pneumática.

Fernando Prudente, diretor-executivo de vendas da Bayer Soja e Algodão, disse que as negociações no decorrer da feira indicavam que os negócios estavam dentro do esperado, apesar da queda recente nos preços das commodities.

"É uma das nossas feiras prioritárias, é uma das feiras de maior retorno, porque aqui nós temos uma parte de balcão de negócios muito forte. A Comigo é um excelente parceiro, não só comercial, mas aqui na feira também", disse. A fabricante levou para a feira um fungicida inédito para a soja, que combate doenças como a ferrugem asiática.

Chavaglia disse que, para o próximo ano, quer ampliar o total de expositores, que já foi recorde em 2023 (650), mas com fabricantes novos e que apresentem novas tecnologias.

A feira gerou, segundo a organização, 12,8 mil empregos diretos e indiretos e resultou num impacto na economia local de R$ 92 milhões. A rede hoteleira de Rio Verde foi 100% ocupada e hotéis em cidades como Santa Helena de Goiás e Jataí também registraram alta ocupação.

Foram registrados, ainda, 250 pousos e decolagens nos cinco dias do evento. "Acontece um aumento de quatro vezes e meia no fluxo de aeronaves executivas aqui em relação a outros períodos fora da feira", disse Denimárcio Borges, secretário do Desenvolvimento Econômico de Rio Verde.

Cooxupé anuncia faturamento recorde em 2022 e distribui R$ 56 mi a cooperados

A Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), maior cooperativa de café do país, anunciou na noite desta sexta-feira (31) um faturamento de R$ 10,1 bilhões em 2022, ante os R$ 6,7 bilhões registrados no ano anterior.

Além disso, informou que serão distribuídos aos seus cooperados R$ 56 milhões referentes às sobras do balanço do ano passado.

Apesar de o faturamento do ano ser o maior da cooperativa, os recursos financeiros distribuídos diminuíram em relação ao ano anterior, quando o total chegou a R$ 120 milhões. Isso se explica pelo forte aumento de custos e pelo câmbio, considerado um fator crucial, de acordo com o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo.

A expectativa para 2023 é que a cooperativa receba 6 milhões de sacas (de 60 kg cada) de café, ante as 5 milhões de sacas do ano passado. Em 2021, foram 5,6 milhões e, em 2020, 8,1 milhões.

Uma das preocupações, segundo ele, é com a produtividade, já que as 8,1 milhões de sacas de 2020 foram provenientes de uma área plantada por cooperados de cerca de 300 mil hectares, enquanto atualmente há 355 mil hectares e a expectativa é de receber 6 milhões de sacas.

"Nossa produtividade sofreu declínio, caiu muito", disse ele, que atribui o fato aos problemas climáticos registrados nos últimos anos.

Vice-presidente da Cooxupé, Osvaldo Bachião Filho disse que desde 2020 foram registradas temperaturas muito altas, que debilitaram as plantas, num fenômeno que se repetiu no ano seguinte, com o agravante de ter pouca chuva e geada.

"Essa seca e temperaturas altas que se acumulavam desde 2020 continuaram até setembro de 2022. Voltou a ter clima bom, ameno, normal, a partir de setembro de 2022. Esse café que está sendo produzido em 2023 começou a ser formado na florada de 2021, então a safra de 2023, por conta de problemas climáticos que se arrastam desde 2020, ainda tem bastante problema acumulado", disse.

A projeção é que entre 80% e 90% do café recebido pela Cooxupé seja destinado às exportações para mais de 50 países.

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