Descrição de chapéu Financial Times Mercado imobiliário

Bilionário Sam Zell, magnata do mercado imobiliário, morre aos 81 anos

Investidor apostou em imóveis falidos e liderou a malfadada aquisição da Tribune Company

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Financial Times

Sam Zell, um lendário investidor imobiliário que depois deu uma volta tumultuada na indústria da mídia, morreu nesta quinta-feira (18) aos 81 anos.

Zell ficou conhecido como o "Dançarino nos Túmulos" por seu hábito de aproveitar as dificuldades de outras incorporadoras, principalmente durante o crash do mercado imobiliário no início dos anos 1990.

Ele transformou sua principal empresa, a Equity Office Properties Trust, na maior proprietária de escritórios dos Estados Unidos –com prédios importantes de costa a costa. Então, com um timing inigualável, ele a vendeu para a empresa de private equity Blackstone por US$ 39 bilhões em 2007. Foi na época a maior aquisição alavancada de todos os tempos e ocorreu logo antes da crise financeira global.

Sam Zell, presidente do Equity Group Investments, durante evento em Beverly Hills - Lucy Nicholson - 1º.mai.2017/Reuters

Mais tarde, Zell tentou sua mão na mídia, superando dois outros bilionários em 2007 pela Tribune Company em sua cidade natal, Chicago. A companhia editava jornais como o Chicago Tribune e era proprietária de redes de televisão aberta e do time de beisebol Chicago Cubs.

A princípio, Zell foi recebido como um potencial salvador para uma empresa arrastada no forte declínio da indústria jornalística. Mas a Tribune acabou pedindo falência no ano seguinte, carregada com dívidas de US$ 13 bilhões. Zell enfrentou recriminações de jornalistas e ações judiciais de investidores. Mais tarde, ele o chamou de "o negócio do inferno".

Filho de imigrantes judeus da Polônia que fugiram do Holocausto, Zell nasceu em Chicago em 1941. Seu pai era um vendedor de joias. O jovem Zell mostrou uma veia empreendedora desde cedo, comprando revistas Playboy no centro da cidade e depois vendendo-as com uma margem de lucro para seus amigos de escola nos subúrbios.

Zell entrou no mercado imobiliário quando ainda era estudante de direito na Universidade de Michigan, administrando propriedades de aluguel durante seus estudos. Ele teve tamanho sucesso nisso que abandonou a carreira jurídica para se tornar um incorporador em tempo integral.

O advogado aposentado Jack Guthman, que representou Zell e sua empresa em transações de zoneamento, foi apresentado ao jovem empresário na década de 1970 por Newton Minow, o renomado ex-chefe da Comissão Federal de Comunicações. Minow observou que Zell era "um novato audacioso no mundo imobiliário", lembrou Guthman.

"Acontece que ele se tornou um gigante", disse Guthman. "Penso nele como uma pessoa com grande imaginação. Fez negócios que outras pessoas não podiam conceber."

Zell ganhou fama como um dos grandes investidores na contracorrente dos EUA, criando o hábito de arrebanhar imóveis em dificuldade –de casas móveis a prédios de escritórios e ativos industriais– e lhes dar nova vida.

Junto com seu amigo e sócio, o falecido Robert Lurie, Zell aproveitou o boom do mercado imobiliário da década de 1980, mas depois previu o desastre –e provou que estava certo.

Hoje, quando os investidores enfrentam mais um colapso do mercado imobiliário comercial após um boom prolongado, eles rotineiramente se recordam de Zell e suas percepções de 30 anos atrás.

Zell gozava de uma reputação de iconoclasta. Ele se vestia discretamente e preferia uma viagem anual de motocicleta com amigos a ser membro dos clubes tradicionais de Chicago.

Ele mostrou bravata característica ao comprar o Tribune, dizendo a funcionários e investidores: "Tudo o que faço é motivado por fazer o melhor, fazer diferente, responder às perguntas que ninguém mais respondia".

Mas acabou atormentado pelas mesmas forças que afligem outros proprietários de jornais, incluindo o colapso da publicidade impressa. A irreverência e a cultura empresarial agressiva trazidas por Zell e seus diretores se esgotaram à medida que a empresa enfraquecia e ativos valiosos, como os Cubs e o Los Angeles Times, eram vendidos. Mais tarde, Zell culpou a crise financeira de 2008 e a paralisação dos mercados de crédito pelos problemas da empresa.

Ainda assim, ele e sua mulher, Helen Zell, foram pilares importantes entre os filantropos de Chicago. Eles apoiaram o Museu de Arte Contemporânea de Chicago e o Invest for Kids, que ajuda organizações beneficentes que atendem crianças carentes.

"Estar comprometido com Chicago é uma característica valorizada, e ele foi muito valorizado", disse Guthman.

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