Descrição de chapéu Financial Times mercado de trabalho

Grandes firmas de advocacia saem de moda para geração Z idealista

Advogadas mais jovens priorizam empresas com horários flexíveis e valores semelhantes, diz pesquisa

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Joe Miller
Nova York | Financial Times

Estudantes e advogados em início de carreira estão cada vez mais deixando de lado os maiores escritórios de advocacia globais, temendo a falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal e atribuições que se chocam com sua ética pessoal, descobriu uma pesquisa.

Pouco menos de 40% dos advogados iniciantes da chamada geração Z –definida como os nascidos entre 1995 e 2012– disseram que gostariam de ingressar numa das 200 maiores firmas dos Estados Unidos, contra quase 60% quando a pesquisa foi realizada pela última vez, há três anos.

Os resultados "indicam que a geração Z continua a atribuir um valor extremamente alto a contratos de trabalho flexíveis, tendência que só aumentou durante a pandemia", disse Jacqueline Bokser LeFebvre, diretora administrativa da empresa líder em recrutamento profissional Major, Lindsey & Africa, que realizou a pesquisa global entre janeiro e março.

Duas mulheres usando máscaras de gás trabalham normalmente em um escritório em chamas
Geração Z não está interessada no grandes escritórios, os quais consideram lugares desagradáveis de trabalhar - Catarina Pignato

"Embora eles reconheçam, é claro, que a vida no escritório de advocacia envolverá algum trabalho noturno ou nos fins de semana, muitos não esperam ou desejam que essas horas a mais ocorram com frequência", acrescentou ela.

Quase 80% dos entrevistados disseram acreditar que "uma cultura sexista" é generalizada no setor, e 65% disseram que levam em consideração a composição racial, étnica e de gênero de uma empresa ao se candidatar a empregos.

A diversidade de gênero no topo dos grandes escritórios de advocacia dos EUA permaneceu teimosamente baixa, com as mulheres representando apenas 27% dos sócios no ano passado, um aumento de apenas 1 ponto percentual desde 2021, segundo analistas desse setor na Leopard Solutions.

Mesmo quando outros funcionários, como sócios, eram levados em conta, as mulheres representavam 39% do total, descobriu a Leopard.

Mais da metade dos entrevistados da geração Z, que incluía alunos das cem melhores faculdades de direito, bem como jovens funcionários e associados iniciando na carreira jurídica, disseram que esperavam eventualmente trabalhar como advogados de empresas, num cargo governamental ou para um organização sem fins lucrativos.

Quando perguntados sobre o que poderia levá-los a deixar um escritório de advocacia, os entrevistados frequentemente citaram práticas "não alinhadas com seus interesses/objetivos de longo prazo" ou "não alinhadas com seus valores".

Nathan Peart, coautor do relatório, disse que tais declarações mostram que "talvez mais do que qualquer outra geração atualmente na prática jurídica, esta geração valoriza muito a justiça social e o altruísmo".

Frank Ryan, copresidente global da DLA Piper, um dos maiores escritórios de advocacia do mundo em receita, disse que os resultados não foram um choque.

"Quando você vê a agitação política, a agitação social, os ventos econômicos contrários, a disparidade de renda que existe hoje nos EUA [...] não me surpreende ver essa geração de jovens advogados interessada em exercer a advocacia para ajudar a sociedade", afirmou.

No entanto, ele defendeu os grandes escritórios como "um lugar incrível para aprender", ao mesmo tempo em que permitem que os funcionários "alimentem suas almas" com atividades pro bono.

"Acho que os escritórios de advocacia podem fazer um trabalho melhor explicando aos jovens advogados (...) que também fazemos muitas coisas boas na sociedade", acrescentou, enfatizando que garantir que as pessoas tenham uma boa representação é um valor louvável.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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