Reações à nova regra de preços da Petrobras, tombo das ações do Magalu e o que importa no mercado

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O que muda com a nova política de preços da Petrobras

A Petrobras divulgou nesta terça (16) a nova política de preços que vai substituir a estratégia do PPI (preço de paridade de importação), que definia reajustes com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos.

Entenda: em fato relevante divulgado ao mercado, a companhia não deu muitos detalhes, dizendo, entre outras coisas, que praticará preços competitivos nos mercados onde atua preservando sua rentabilidade.

A ausência de uma fórmula de precificação dos combustíveis foi criticada pelo setor como um fator que não traz previsibilidade sobre os preços e atrapalha a dinâmica de importação dos derivados –que leva 60 dias da compra até a chegada ao país.

O que muda? Na teoria, nada, ou quase isso, escreve Vinicius Torres Freire em análise.

  • Na prática, afirma o colunista, iremos saber em alguns meses, a depender do que será feito dos preços, de sua relação com as cotações internacionais, e do que será o resultado da empresa.

Uma das mudanças está no trecho em que a companhia diz que levará em conta o preço competitivo em cada mercado e região.

  • Outros fatores considerados são as alternativas de suprimento –a concorrência– e o custo de oportunidade –por até qual valor a estatal poderia vender o produto.

A Petrobras não deixará de acompanhar as cotações internacionais do petróleo e seus derivados e diz que os reajustes não terão periodicidade definida –duas coisas que já aconteciam no PPI.



Reação: as ações da estatal fecharam o dia em alta de pouco mais de 2%, com o mercado também avaliando que as mudanças pouco alteram a precificação dos combustíveis, mas atento ao que acontecerá quando as cotações do petróleo subirem lá fora.

A companhia aproveitou a data para divulgar reduções nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.

  • O preço da gasolina nas refinarias da estatal vai cair 12,6%, ou R$ 0,40 por litro.
  • O preço do diesel será reduzido em 12,8%, ou R$ 0,44 por litro.
  • O preço do gás de cozinha cairá 21,3%, ou R$ 8,97 por botijão de 13 quilos.

O repasse para o consumidor depende de políticas comerciais de distribuidoras e postos.


Magalu tomba 22% em um dia

Após ter divulgado um resultado bem pior do que projetava o mercado –e sem dar perspectivas muito boas para frente– a ação do Magazine Luiza tombou 22% nesta terça.

Os papéis da varejista estavam entre os que mais subiam no ano até anteontem, em avanço de quase 60%, com os investidores considerando a companhia entre as que poderiam se aproveitar da crise da Americanas.

  • Após o tombo, a alta acumulada em 2023 é de 30%.

Em números: a empresa divulgou na segunda um prejuízo de R$ 391,2 milhões no primeiro trimestre, piora significativa em relação ao mesmo período do ano anterior (R$ 161,3 milhões).

O que explica? O desempenho do Magalu foi atingido por dois fatores principais:

Despesas financeiras: os juros altos ampliaram os gastos de financiamento da varejista, principalmente na modalidade de antecipação de recebíveis de cartão de crédito –a empresa paga uma taxa para receber à vista as vendas feitas no crédito.

Retorno do Difal: o imposto criado em 2015 para equilibrar o recebimento do ICMS entre os estados envolvidos no transporte de mercadorias começou a valer este ano.

  • O impacto do tributo para a varejista começou a aparecer já no primeiro trimestre, quando ela segurou parte do repasse aos preços.
  • Para o resto do ano, será testada a capacidade do setor de repassar o imposto às mercadorias sem afugentar o consumidor.

O CEO do Magalu, Frederico Trajano, disse em teleconferência que a participação da empresa no mercado cresceu 6 pontos percentuais e que houve aumento de vendas em todos os canais da companhia –possíveis efeitos do caso Americanas.

Mais sobre balanços

Resultados do 1º tri mostram que grandes bancos seguem conservadores na oferta de crédito, e lucro somado dos bancões cai 6% graças a resultados negativos de Bradesco e Santander.


Juros altos; riscos, também

O pacote anunciado no domingo (14) pelo governo da Argentina para tentar estabilizar o peso contra o dólar inclui a elevação da taxa de juros local em 6 pontos percentuais, chegando a 97% ao ano.

Para quem acha que a oportunidade de quase dobrar o seu patrimônio em um ano investindo em títulos argentinos pode fazer sentido, é melhor ter bastante cuidado.

Entenda a crise do peso: a desvalorização da moeda é resultado de políticas econômicas erráticas, que levaram o país a atravessar nove grandes crises em um período de 40 anos, como mostrou a Folha recentemente.

Pensa em investir? É melhor refletir com cuidado e lembrar de uma das máximas do mercado: potenciais de altos retornos vêm acompanhados de grandes riscos.

  • Nesse caso, o risco é o de o governo argentino dar um calote em sua dívida, assim como fez em 2020, quando deixou de pagar juros de US$ 500 milhões.
  • Outro problema é investir nos títulos com a moeda local, que perde muito valor. Por mais que a rentabilidade seja atrativa, na hora da conversão da divisa o retorno pode virar pó.

Quanto custa o custo Brasil?

Um estudo colocou na ponta do lápis o quanto o país perde com o emaranhado de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que afetam o desenvolvimento dos negócios por aqui.

O resultado: R$ 1,7 trilhão por ano, ou 19,5% do PIB.

  • O cálculo do custo Brasil foi divulgado pelo MBC (Movimento Brasil Competitivo) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Entenda: esse valor representa a despesa adicional que as empresas têm para produzir no país, na comparação com a média dos custos nos membros da OCDE.

Números que explicam o custo Brasil na prática:

  • 62,5 dias é o tempo gasto pelas empresas no país para o pagamento de impostos. A média da OCDE é de seis dias.
  • 80% do custo Brasil está em 6 dos 12 eixos analisados: financiar um negócio, empregar capital humano, dispor de infraestrutura, ambiente jurídico regulatório, integração de cadeias produtivas globais e honrar tributos.
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