Adidas decide vender R$ 6,5 bi em tênis da parceria com Kanye West e doar lucros

Marca encerrou acordo em outubro, após rapper, hoje conhecido como Ye, ter feito publicações antissemitas em redes sociais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta sexta-feira (12). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:


Após a Adidas ter exposto publicamente sua encruzilhada sobre o que fazer com um estoque de 1,2 bilhão de euros (R$ 6,5 bilhões) em tênis produzidos sob a parceria desfeita com Kanye West, a marca chegou a uma definição: irá vender os itens e doar parte do lucro.

O anúncio foi feito nesta quinta (11) pelo CEO Bjørn Gulden, que não revelou se o rapper, agora conhecido como Ye, ainda receberá um percentual da receita das vendas.

"O que estamos tentando fazer é vender parte do estoque e doar o dinheiro às organizações que estão nos ajudando e que foram atingidas pelas declarações de Kanye", afirmou o executivo no encontro anual de acionistas da empresa.

Entenda: o lucrativo acordo que criou a marca Yeezy em 2015 foi desfeito pela fabricante em outubro do ano passado após o cantor ter publicado comentários antissemitas em redes sociais.

O rapper Kanye West, hoje Ye, em encontro de 2018 com o então presidente americano Donald Trump
O rapper Kanye West, hoje Ye, em encontro de 2018 com o então presidente americano Donald Trump - Saul Loeb - 11.out.2018/AFP


Sem os 500 milhões de euros de lucro estimados para o estoque que agora será vendido, o CEO havia dito em março que este será "um ano de transição" para a marca, com lucro operacional perto de zero.

  • Na ocasião, o executivo falou que a Adidas considerava uma série de opções sobre o que fazer com o estoque restante dos tênis, incluindo sua destruição.
  • Nesta quinta, Gulden disse que "queimar milhões de pares não faz sentido".

'Lítio verde' no Vale do Jequitinhonha

Uma das regiões mais pobres do Brasil começou a produzir um dos metais mais valorizados e estratégicos do mundo.

  • É no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, que a mineradora canadense Sigma Lithium começou a explorar e produzir lítio há menos de um mês.
  • A região que reúne 55 municípios concentrados ao longo de um rio de mesmo nome possui um dos menores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado.

Entenda: o lítio é uma matéria-prima muito importante no contexto da transição energética global. Ele está presente nas baterias de íon-lítio, utilizadas em carros elétricos, e é essencial para expandir a capacidade de armazenamento de energia em outros sistemas.

  • A demanda pelo metal deve aumentar cerca de 400% até 2040, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).

Relembre: explicamos no mês passado como a América Latina é uma região que virou tema de uma disputa geopolítica entre China e EUA.

  • O interesse é principalmente nas minas de Bolívia, Argentina e Chile, países cujas reservas são maiores em relação ao Brasil.

A Sigma afirma produzir o lítio verde, cuja extração tem baixo impacto no meio ambiente. Para isso, ela utiliza energia de uma hidrelétrica próxima e tem a opção de comprar energia eólica produzida no Nordeste.

Planta da Sigma Lithium no Vale do Jequitinhonha. Empresa começou a explorar lítio na região em abril - Divulgação


Consolidação: depois de uma disparada nos preços no fim do ano passado, o lítio está de volta ao patamar de novembro de 2021 e acabou agitando as fusões e aquisições do setor.

  • Na quarta (10), a australiana Allkem e a americana Livent, duas grandes produtoras, anunciaram um acordo para unir seus negócios.
  • A empresa que resulta da fusão será a terceira maior produtora global de lítio, com valor de mercado de US$ 10,6 bilhões (R$ 52,6 bilhões), de acordo com a agência Bloomberg.

Desigualdade na mínima em 11 anos

A desigualdade de renda encerrou o ano de 2022 no menor nível da série histórica, que tem dados desde 2012, segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta.

O que explica: é uma soma da ampliação do Auxílio Brasil para R$ 600, às vésperas das eleições de 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL), com a retomada do mercado de trabalho, segundo o instituto.

O repórter especial da Folha Fernando Canzian analisa que a queda da desigualdade só ocorreu porque os brasileiros estão cada vez mais dependentes de programas sociais em uma economia que cresce pouco e entrega empregos de baixa qualidade.

Para Marcelo Neri, da FGV, os indicadores de desigualdade tendem a continuar caindo em 2023, diante da manutenção do valor do Auxílio Brasil (hoje Bolsa Família) com previsão de adicionais no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em números: em 2022, o índice de Gini do rendimento domiciliar per capita (por pessoa) recuou a 0,518, o menor nível da série em 11 anos, após subir a 0,544 em 2021.

  • O indicador varia de 0 (igualdade máxima) a 1 (desigualdade máxima).

Em termos reais (com ajuste da inflação), o rendimento domiciliar per capita da metade da população mais pobre subiu 18% no ano passado, para R$ 537 por mês.

  • O ganho médio dos brasileiros 1% mais ricos foi de R$ 17.447, recuo de 0,3% em relação a 2021.

Mais sobre o assunto:


  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.