Descrição de chapéu Financial Times

Capacidade de energia renovável deve crescer 33% em 2023, diz agência internacional

Impulso da China em projetos solares e eólicos será responsável por maior parte do aumento

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Martha Muir
Financial Times

A capacidade de energia renovável deverá crescer cerca de 33% em 2023, puxada em grande parte pelo grande impulso à energia solar e eólica na China, segundo prevê a AIE (Agência Internacional de Energia).

Na maior expansão anual até hoje, a agência estimou que a capacidade renovável aumentará 107 GW, para 440 GW ao todo –o equivalente à capacidade total de energia instalada da Alemanha e da Espanha.

Uma combinação de apoio do governo, preocupações com a segurança energética e maior competitividade das energias renováveis em relação aos combustíveis fósseis está por trás do aumento previsto, disse a AIE, superando os desafios impostos pelo aumento das taxas de juros, custos de investimentos mais altos e problemas na cadeia de suprimentos.

Enquanto ocorre uma expansão nos maiores mercados do mundo, espera-se que a China consolide ainda mais sua posição como líder em energia renovável, que deve responder por 55% dos acréscimos de capacidade anual global em 2024.

Operário trabalha em painéis solares em uma usina de energia solar em Huaiyin, província de Jiangsu, na China - Reuters

O país promoveu o desenvolvimento de projetos solares em grande escala para fornecer energia mais barata do que os preços médios de eletricidade produzida a carvão, bem como instalações de menor escala para instituições públicas e empresas estatais.

Espera-se também que a China responda por uma recuperação global de quase 70% na capacidade de energia eólica em 2023, depois de implantar cerca de um terço a menos que o esperado em 2022.

Isso ocorreu após as restrições da Covid-19, atrasando vários projetos onshore e offshore, que devem entrar em operação em 2023 e 2024. Isso aumentaria a participação do gigante asiático na expansão da capacidade eólica global para mais de 60% nos próximos dois anos.

Nos Estados Unidos e na Europa, os problemas na cadeia de suprimentos também atrasaram os projetos eólicos planejados de 2022 para 2023.

No entanto, foram os painéis de eletricidade solar, ou energia solar fotovoltaica, que representaram dois terços do aumento total da capacidade renovável prevista para 2023, tanto de usinas de grande porte quanto de sistemas menores, incluindo instalações em telhados.

Espera-se que a capacidade de fabricação de energia solar fotovoltaica mais que dobre, para 1.000 GW, até 2024, liderada pela China, EUA, Índia e Europa.

Com base nas tendências atuais, o mundo terá capacidade de produção solar suficiente para atender ao cenário da AIE de emissões líquidas zero de gases do efeito estufa até 2050.

Porém, a agência alertou que é necessário mais apoio político para energias renováveis, bem como melhorias na infraestrutura das redes para atender à demanda.

"As políticas precisam se adaptar às mudanças nas condições do mercado, e precisamos atualizar e expandir as redes de energia para garantir que possamos aproveitar ao máximo o enorme potencial da energia solar e eólica", disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.

As previsões da capacidade de energias renováveis na Europa aumentaram em 40% desde que a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia estimulou muitos países a aumentar suas capacidades solares e eólicas para substituir o gás natural russo. Os altos preços da energia tornaram as usinas solares de telhado mais viáveis financeiramente e impulsionaram o apoio político em mercados como Alemanha, Itália e Holanda.

A AIE estima que a capacidade solar e eólica recém-instalada tenha economizado 100 bilhões de euros para os consumidores de eletricidade da UE entre 2021 e 2023.

Os biocombustíveis ajudaram a evitar o uso de 2 milhões de barris de petróleo em 2022, disse a AIE, enquanto países com matéria-prima e capacidade ociosa, como Argentina, Índia e Indonésia, aumentaram a produção para reduzir as importações de combustíveis fósseis.

A previsão de biocombustível atualizada se baseou num aumento de 11% de nova demanda até 2024, com quase dois terços desta vindos de mercados emergentes. No entanto, nos mercados avançados não se espera que novas políticas influenciem a produção até depois de 2024, com preços altos, problemas de fornecimento de matéria-prima e restrições técnicas limitando o crescimento.

"A escala dos novos projetos é impressionante, mas ainda não está em um nível capaz de evitar uma crise no fornecimento de matéria-prima, e a viabilidade da maioria dos novos projetos [de biocombustíveis] é incerta", disse a AIE.

Traduzido por Luiz Roberto Gonçalves

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