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Saída à francesa
O grupo francês Casino assumiu nesta segunda a intenção de se desfazer do brasileiro GPA (Grupo Pão de Açúcar) e do colombiano Éxito, confirmando especulações que rondavam o mercado há algum tempo.
O que explica: o grupo francês tem um plano de vendas de ativos para cumprir com um acordo de reestruturação de sua dívida de 6,4 bilhões de euros (R$ 33,3 bilhões) com credores.
- Esse também foi o motivo que levou o Casino a vender sua participação em outro gigante do varejo alimentar brasileiro, o Assaí Atacadista, empresa em que tinha 41% das ações e era controlador.
- O grupo francês foi vendendo aos poucos desde o ano passado sua posição até completar a saída na última semana, quando vendeu os 11,7% que tinha por 403 milhões de euros (R$ 2,11 bilhões).
O GPA disse que foi informado pelo acionista francês sobre o plano de venda de ativos, mas que, nesta data, "não há cronograma, metas definidas ou processo de venda em aberto para o GPA".
E agora? O Casino tem 40,9% do capital social do Pão de Açúcar e busca um comprador para o ativo.
Não é descartada pelo mercado inclusive a volta de Abílio Diniz ao comando do GPA, fundado pela sua família em 1948. Hoje, a Península Participações, holding de investimentos da família Diniz, é uma das acionistas do Carrefour Brasil e Carrefour global.
Quem é quem:
- GPA: segundo maior varejista alimentar do Brasil (atrás do Carrefour), é dono das marcas Pão de Açúcar, Extra, Qualitá, dentre outras.
- Casino: Líder em lojas de conveniência na França e segundo varejista online no país, o grupo possui 10.800 lojas em todo o mundo. É controlador do GPA, com 40,9% das ações.
- Abílio Diniz: acionista do Carrefour, sua família fundou o GPA em 1948. O empresário perdeu a batalha pelo controle do Pão de Açúcar ao Casino em 2012.
Tok&Stok anuncia plano para se reeguer
A rede de lojas de móveis e itens de decoração Tok&Stok disse nesta segunda que fechou a reestruturação de sua dívida bancária, que soma cerca de R$ 350 milhões.
- Ela ainda informou ter recebido um aporte de R$ 100 milhões do fundo Carlyle, seu acionista controlador.
A empresa afirmou em comunicado que o acordo com os bancos pelos próximos dois anos irá permitir "que a operação volte a ser prioridade." A empresa disse ter fechado 17 lojas que não vinham se pagando e que as 51 unidades que sobraram operam no positivo.
Relembre a crise da empresa: a situação da varejista veio a público em fevereiro, quando um fundo imobiliário entrou na Justiça pedindo o despejo da empresa de um galpão logístico por falta de pagamento do aluguel. A ação foi encerrada depois que a rede quitou o débito.
- No início de junho, o Iguatemi de Ribeirão Preto conseguiu uma liminar para obrigar a varejista a desocupar a loja que aluga.
- No comunicado desta segunda, a Tok&Stok não detalha se a renegociação de dívidas inclui também as ações de despejo.
Entre os analistas, a avaliação é de que, após o boom de pedidos gerados pelo efeitos da pandemia, a companhia continuou gastando alto e não havia se preparado para o cenário de agora, com mais juros e menos consumo.
ESG vira sigla proibida na BlackRock
Larry Fink, presidente da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, disse que não irá mais adotar o termo ESG em cartas a investidores e outros pronunciamentos.
- A sigla em inglês é utilizada para se referir a boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa.
Entenda: Fink disse que o termo foi "totalmente armado pela extrema esquerda e armada pela extrema direita" e que por isso não irá mais usá-lo.
O executivo afirmou que a gestora não mudará sua postura e seguirá conversando com as empresas nas quais tem participação sobre descarbonização, governança corporativa e questões sociais.
Por que importa: pelo tamanho e relevância dos US$ 9 trilhões sob gestão, a BlackRock foi a responsável por colocar questões ESG na ordem do dia no mundo dos negócios. O recado veio em uma carta de Fink aos acionistas em 2020.
- Desde o ano passado, porém, ela perdeu recursos de alguns estados americanos governados por republicanos, que são contra a prioridade de descarbonização da gestora.
- Fink disse em janeiro que a BlackRock perdeu cerca de US$ 4 bilhões em ativos administrados como resultado da reação contra o ESG.
Mercado mantém aposta em queda da Selic em agosto
Mesmo após o Banco Central deixar pouco espaço para baixar a Selic na reunião de agosto, os economistas do mercado mantiveram a aposta em um recuo de 0,25 ponto na taxa básica de juros no próximo encontro da autoridade monetária.
- É o que aponta a pesquisa Focus, feita pelo BC na semana passada com analistas de bancos e corretoras.
- Os profissionais também reduziram suas estimativas para a inflação e aumentaram as apostas para o PIB.
Em números: a projeção mediana do mercado é de que a Selic deve fechar este ano em 12,25%, com o início do ciclo de baixa começando em agosto.
Para a inflação, as expectativas diminuíram de 5,12% da semana passada para 5,06% nesta. Para 2024, a conta caiu pelo quarto boletim consecutivo, a 3,98%, de 4,00% antes.
Para ficar de olho: dois temas envolvendo a política monetária devem atrair a atenção dos analistas nesta semana.
↳ Hoje (27), será divulgada a ata da última reunião do Copom. O mercado e o governo devem esmiuçar o documento para analisar se há maior abertura para uma queda de juros em agosto do que disse o comunicado da semana passada.
↳ Na quinta (29), tem reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional), em que participam os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
- É esperado que no encontro seja definida a meta de inflação de 2026, mas não é descartada uma decisão pela mudança da meta de 3% já definida para 2024 e 2025.
- O mais provável, segundo analistas ouvidos pela Folha, é que o conselho mude o horizonte de inflação a ser perseguido pelo BC.
- Ele seria desvinculado do ano-calendário e passaria para um horizonte móvel –como já defendeu Haddad.
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