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Isabel Berwick

Local de trabalho pode ajudar homens a vencer a solidão

Escritórios são capazes de criar conexões, trazendo benefícios indiretos para qualquer pessoa

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Isabel Berwick

Apresentadora e editora do podcast e newsletter 'Working It'

Há um grande problema entre os homens, no trabalho e na vida. Sim, estou caindo numa armadilha com essa abertura, não me critique, mas estou me referindo aqui à solidão.

Desde 1990, o número de homens que relatam não ter amigos próximos saltou de 3% para 15% e suas redes sociais encolhem mais do que as das mulheres ao longo de suas vidas.

Os locais de trabalho, no entanto, podem ter um grande papel a desempenhar para ajudar a melhorar a conexão, trazendo benefícios indiretos para qualquer um que seja homem ou que trabalhe, viva com eles ou os ame. Então, todo mundo.

Jovem sentado em seu local de trabalho no escritório - Adobe Stock

A solidão está no noticiário porque o cirurgião-geral (ministro da Saúde) dos Estados Unidos, Vivek Murthy, publicou recentemente um relatório de 82 páginas chamando a atenção para um problema de saúde pública. O documento se chama "Nossa epidemia de solidão e isolamento", com o subtítulo "Os efeitos curativos da conexão social e da comunidade".

A estatística chocante é que a falta de conexão social prejudica nossa saúde física. Aparentemente, é "tão perigosa quanto fumar 15 cigarros por dia".

Depois da publicação do relatório, conversei com Scott Galloway, professor de marketing da Escola de Administração da Universidade de Nova York, no podcast "Working It" sobre como voltar aos escritórios (algumas vezes) é bom para nossa saúde mental.

A opinião dele é que "é onde você faz amigos. É onde os jovens, especialmente os homens, desenvolvem certas habilidades sociais e a capacidade de ‘entender uma sala’ que, de outra forma, não conseguiriam sentados em casa".

Os comentários de Scott me fizeram perceber que é algo que eu quero explorar mais profundamente: como os locais de trabalho podem ajudar a promover conexões –especialmente para os homens?

Perguntei a um especialista, Max Dickins, palestrante, dramaturgo e autor do livro de memórias "Billy No Mates: How I Realised Men Have a Friendship Problem" [Billy sem amigos: como percebi que os homens têm um problema de amizade].

Max começou a investigar as amizades masculinas depois de descobrir que não tinha ninguém para convidar para seu padrinho de casamento.

As raízes dos problemas dos homens com a amizade são profundas, mas Max diz que a crise atual se deve em parte ao colapso dos "’terceiros espaços’ que costumavam sustentar nossas amizades: os vários contextos em que passamos nosso tempo que não são casa nem trabalho –lugares como bares, academias, igrejas e parques".

Essa perda coloca ainda mais pressão no trabalho –mas é um lugar mais complicado para conhecer pessoas e desenvolver amizades profundas por causa das questões de status e poder nos locais de trabalho. As amizades masculinas, especialmente, podem ser difíceis de navegar, diz Max.

"O tipo de traço hipermasculino que pode bloquear a intimidade nas amizades –agressividade, estoicismo performático– pode se tornar exagerado em um ambiente de trabalho competitivo."

Uma questão estrutural maior para as organizações diz respeito ao papel dos departamentos de RH.

"Os locais de trabalho podem levar a solidão masculina mais a sério, já que ela é um grande contribuinte para a má saúde mental masculina. Na minha experiência, os departamentos de RH são quase inteiramente ocupados por mulheres que definem o calendário social de trabalho de uma forma que ignora os interesses sociais masculinos. Precisamos falar sobre diferenças sexuais [médias] novamente! Têm sido tabu por muito tempo, mas as soluções precisam tê-las em mente."

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

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