Descrição de chapéu Banco Central Selic juros

Queda de núcleos de inflação é bastante lenta, precisamos insistir, diz Campos Neto

Medida capta tendência dos preços excluindo choques temporários, como secas

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Fabrício de Castro
Reuters

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (5) que a inflação está melhorando, mas ainda de forma lenta, principalmente no caso dos núcleos, que mede os preços menos voláteis e ele destacou terem queda "bastante lenta".

O núcleo de inflação é uma medida que procura captar a tendência dos preços excluindo distúrbios resultantes de choques temporários, como secas.

"Precisamos insistir", disse Campos Neto em seminário a cooperativas na cidade de Guaxupé (MG). Ele afirmou, ainda, que as expectativas de inflação de longo prazo estão elevadas.

"Pela primeira vez na história, o Brasil tem uma média de inflação muito menor que a do mundo desenvolvido", afirmou. "A autonomia do BC se mostrou eficiente. O principal objetivo do BC é fazer com que inflação fique na meta."

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Pedro França/Agência Senado

Durante sua apresentação, Campos Neto ponderou que em grande parte do mundo a inflação "cheia" está caindo, assim como a inflação de energia. Ao mesmo tempo, qualificou como "bastante lenta" a queda dos núcleos de inflação - algo que ele vem pontuando em falas recentes ao avaliar a situação brasileira.

Campos Neto também voltou a dizer que o Brasil foi um dos primeiros países a elevar sua taxa de juros durante a pandemia, para combater a inflação.

"Neste processo de luta contra a inflação, quanto mais rápido você faz, melhor", afirmou, ao abordar o custo social da alta de juros. "A percepção, o 'timing' (momento) e a eficiência são super importantes", acrescentou.

No encerramento de sua apresentação, Campos Neto voltou a tratar da inflação e fez menção às críticas que o BC vêm recebendo por manter a taxa básica Selic em 13,75% ao ano.

"O BC subiu juros para combater a inflação, mas o BC não é só juros. Se não fosse o BC, não teríamos o PIX", disse Campos Neto, citando ainda outras ações desenvolvidas pela autarquia, como as voltadas para o cooperativismo de crédito.

"Às vezes, ficamos sentidos de ver tantas críticas ao BC, que é um órgão técnico que faz entregas importantes à sociedade", completou.

Os comentários de Campos Neto vêm em um momento em que o BC segue sendo criticado por membros do governo Lula por manter a Selic em patamares elevados. O argumento do governo é o de que já haveria espaço para a instituição iniciar o ciclo de cortes da Selic.

CRÉDITO

Em sua fala nesta segunda-feira, Campos Neto também abordou o atual cenário do crédito no país. Segundo ele, após crescer perto de 13,5% ao ano, o crédito deve ter expansão entre 7% e 8% em 2023.

"A desaceleração de crédito no Brasil tem sido até certo ponto moderada", avaliou. "Tivemos uma melhoria no custo de crédito, mas é uma melhoria pequena. Temos que melhorar muito", afirmou em outro momento.

A abordar o crescimento econômico, ele avaliou que o setor de serviços está "bastante forte" no Brasil, enquanto a indústria "tem andado de lado, com a indústria automotiva em queda".

Campos Neto visitou nesta segunda-feira a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), em Guaxupé, no interior de Minas Gerais.

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