Sistema de meta de inflação funciona bem no Brasil, diz diretor do BC

Mudança no acompanhamento de preços não deve alterar política monetária, afirma Diogo Guillen

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São Paulo

Em um momento no qual o governo tem discutido revisões nas metas de inflação, a avaliação do BC (Banco Central) é de que o sistema atual funciona de maneira adequada.

"Toda a discussão sobre melhorias ou atualizações [nas metas de inflação] deve partir da conclusão de que o quadro de metas de inflação funciona bem no Brasil", afirmou nesta segunda-feira (5) Diogo Guillen, diretor de política econômica do BC, durante evento promovido pelo banco de investimentos Bradesco BBI.

Ele acrescentou que o sistema atual contribuiu para reduzir as expectativas de inflação do mercado e nos níveis de juros necessários para baixar os preços durante os últimos ciclos de política monetária.

Diogo Guillen, diretor de política econômica do BC, durante sabatina no Senado
Diogo Guillen, diretor de política econômica do BC, durante sabatina no Senado - Edilson Rodrigues/Agência Senado

O presidente Lula (PT) já criticou publicamente as metas de inflação definidas para os próximos anos. O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e para 2024 e 2025 é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Mais recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu um ajuste no horizonte da meta a ser perseguida. Hoje, o BC mira no índice de inflação do ano fechado, mas o ministro já se mostrou favorável a uma meta móvel, desvinculada do ano-calendário.

A meta de inflação é definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), colegiado formado pelos titulares da Fazenda, do Planejamento e pelo presidente do BC.

Guillen afirmou que eventuais mudanças no quadro de metas de inflação não devem guardar qualquer relação com a forma como é conduzida a política monetária, sob o risco de perda de credibilidade de ambas.

Perspectivas são positivas para a inflação no Brasil, afirma diretor do BC

O diretor do BC disse que as perspectivas para a inflação no Brasil são positivas. Segundo ele, no front externo, o cenário de menor crescimento da economia por causa do aumento sincronizado dos juros entre os diversos bancos centrais contribui para um quadro mais favorável para a inflação global.

"Há uma expectativa de convergência da inflação, com a normalização dos juros [no exterior], mas o fato de as taxas ainda estarem nas máximas sugere que é preciso confiança antes de [os bancos centrais] iniciarem qualquer inflexão na política monetária", afirmou Guillen, durante evento promovido pelo banco Bradesco BBI.

Segundo o diretor do BC, o mercado de trabalho brasileiro, que tem contribuído para um desempenho acima do esperado da economia, tende a arrefecer nos próximos meses como reflexo do ciclo da atual política monetária.

Ele disse ainda que a desaceleração no mercado de crédito no país nos últimos meses se deve mais a uma queda de demanda do que a uma redução do risco assumido pelos bancos, sendo mais um fator que também favorece o processo de desinflação.

No boletim Focus desta semana, as projeções colhidas pelo BC indicam uma taxa de inflação de 5,69% em 2023, ante 5,71% no levantamento anterior.

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