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Dividendo do segundo trimestre já deve seguir nova regra, diz Petrobras

Estatal quer reduzir remuneração a acionista para direcionar mais recursos a investimento

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Rio de Janeiro

A Petrobras já espera pôr em prática sua nova política de dividendos na divulgação do resultado do segundo trimestre de 2023, prevista para o início de agosto. A ideia é que o novo modelo reduza o valor distribuído aos acionistas, reservando mais recursos para investimentos.

A mudança na política de dividendos é uma das promessas de campanha do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), crítico da política que levou a Petrobras a se tornar uma das maiores pagadoras do mundo durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

A nova regra de distribuição será divulgada até o fim do mês, segundo o diretor Financeiro da companhia, Sérgio Caetano Leite. E já deve reger a remuneração dos acionistas em relação ao lucro do segundo trimestre —no primeiro, ainda valeu a regra de Bolsonaro.

Prédio da Petrobras, no Rio de Janeiro - Sergio Moraes - 16.out.2019/Reuters

Os termos estão sendo elaborados por um grupo de trabalho interno, que avalia quais os percentuais, sobre que indicadores incidem os dividendos e qual a periodicidade de distribuição. O trabalho, disse Leite, considera comparação com outras petroleiras internacionais.

"A empresa estava sendo preparada para ser vendida e, já que a decisão era vender, era interessante pagar muito dividendo", disse o executivo, em café da manhã da direção da empresa com jornalistas, no Rio de Janeiro.

A regra atual, criada ainda no início do governo Bolsonaro, prevê a distribuição aos acionistas de 60% da diferença entre a geração de caixa e o volume de investimentos.

Com o caixa inflado por petróleo caro e investimentos em queda, a empresa se tornou uma "vaca leiteira", como são chamadas as empresas boas pagadoras. Em 2022, a Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos do mundo.

A gestão petista defende que uma parte maior da geração de caixa seja destinada a novos investimentos em segmentos abandonados por gestões anteriores, como energias renováveis e petroquímica.

"Não faz sentido a Petrobras ser tratada como um estacionamento, que é aquele negócio que tem pouco investimento a fazer", defendeu Leite. "Petróleo e gás é um negócio de capital intensivo."

Desde que assumiu a presidência da companhia, em janeiro, Jean Paul Prates tem defendido um diálogo com o investidor para debater que tipos de projetos podem receber dinheiro que antes era destinado a dividendos.

A expectativa é que uma revisão do plano estratégico ainda nas próximas semanas, já com alguma indicação de aporte em projeto de energias renováveis e confirmação de aportes em unidades de refino baseadas em óleos vegetais. Um novo plano estratégico, porém, só será divulgado no fim do ano.

Enquanto não apresenta novos investimentos, a Petrobras deve propor aos acionistas um programa de recompra de ações, que destine parte do dinheiro dos dividendos para melhorar o preço dos papeis da companhia em bolsa de valores.

No café da manhã com os jornalistas, o diretor de Processos Industriais e Produtos da estatal, William França, disse que, entre novos projetos futuros, a empresa estuda uma unidade petroquímica na região do antigo Comperj (Complexo Petroquímica do Rio de Janeiro).

O objetivo seria dar destino aos elevados volumes de etano que serão produzidos na unidade local de processamento de gás do pré-sal que tem inauguração prevista para 2024. A Petrobras prefere fazer o investimento com parceiros, mas não descartou atuação solo.

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