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Bolsa sobe com expectativa sobre votação da reforma tributária na Câmara

Dólar tem nova alta no Brasil e no exterior após divulgação de ata de decisão sobre juros americanos

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São Paulo

A Bolsa brasileira subiu 0,39% e fechou a 119.549 pontos nesta quarta-feira (5), apoiada pela expectativa do mercado sobre a votação da reforma tributária na Câmara dos Deputados.

O dólar também teve alta e terminou o dia cotado a R$ 4,850, com valorização de 0,22%, em meio à espera do mercado por pistas sobre o futuro da política de juros dos Estados Unidos com a divulgação da ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano). O documento mostrou que parte das autoridades da instituição considera adequada uma nova alta de juros no país.

A tramitação da reforma tributária foi o maior foco de atenção dos investidores no Brasil. O texto deve ser votado nesta semana, mas conflitos internos no Congresso levantaram preocupações, dizem analistas, o que também contribuiu para a alta do dólar nesta quarta.

A equipe da Guide Investimentos pontuou que projetos do governo, entre eles a reforma tributária, vêm encontrando resistência, seja por parte dos deputados, seja por parte de governadores. "Um atraso nas votações dessas medidas pode gerar algum ruído no mercado", afirma a corretora.

Cédulas de dólar - Rick Wilking - 3.nov.2009/Reuters

O especialista em câmbio da Manchester Investimentos Thiago Avallone também faz essa avaliação, destacando que um possível adiamento da votação da reforma tributária pode ser prejudicial ao mercado.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reiterou nesta quarta sua intenção de votar a reforma tributária na quinta-feira (6). Outras pautas, como o novo arcabouço fiscal e a retomada do voto de qualidade do governo no Carf, também estão na agenda da semana.

Com isso, os deputados iniciaram na tarde desta quarta a discussão do texto no plenário da Câmara, diminuindo as preocupações do mercado sobre o tema.

Mesmo com a melhora do ambiente político, os mercados futuros mantiveram a tendência do início do dia e registraram leve alta. Os juros para 2024 saíram de 12,79% para 12,81%, enquanto os para 2025 foram de 10,71% para 10,76%.

Apesar de ter gerado ruído no câmbio, a expectativa de aprovação do texto nesta tarde deu tração à Bolsa brasileira, que garantiu desempenho positivo no pregão.

O analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, aponta que a articulação em torno da votação da reforma tributária ao longo do dia deu maior apetite ao risco para os ativos locais, que foram na contramão dos índices internacionais.

Altas de ações da Magazine Luiza (1,18%) e do Itaú (0,79%), que foram as únicas dentre as mais negociadas que tiveram desempenho positivo, deram suporte ao Ibovespa. O maior ganho do dia ficou com a BRF, que subiu 10,27% após anunciar uma oferta de ações que permitirá a concretização de um investimento da saudita Salic e da Marfrig na companhia brasileira.

O chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, destaca que a alta do Ibovespa foi apoiada justamente pelas empresas mais ligadas à economia local e ao setor de consumo. Os índices de "small caps", como são conhecidas as companhias menores e mais vinculadas ao ambiente doméstico, e de consumo da B3 subiram 1,34% nesta quarta.

Pressionaram o desempenho do Ibovespa, porém, quedas de Petrobras (0,33%) e Vale (0,98%), as maiores da Bolsa. Enquanto a petroleira passa por correção após forte valorização recente, a mineradora foi afetada por preocupações sobre a demanda de aço na China.

Nos EUA, investidores repercutiram a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Fed, que mostrou que a maioria das autoridades apoiou a pausa nos juros americanos promovida pela instituição em junho. O comitê julga, porém, que aumentos adicionais nas taxas ainda em 2023 seriam apropriados.

O documento veio em linha com o esperado pelo mercado, que já prevê novas altas de juros neste ano. A ferramenta FedWatch do CME Group, que monitora as expectativas de analistas sobre os juros americanos, aponta que quase 90% dos analistas veem de chance de um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Fed, que ocorre no fim deste mês.

"Está se tornando cada vez mais provável que a autoridade monetária dos EUA eleve as taxas em 0,25 ponto percentual em julho. Ainda acreditamos que o Fed pode decidir adiar —e eventualmente até desistir— da decisão de aumentar os juros, mas isso exigiria que os dados de inflação e mercado de trabalho de junho bem melhores que o esperado pelo mercado", diz Francisco Nobre, economista da XP Investimentos

Ele diz acreditar, porém, que o Fed está próximo de encerrar seu ciclo de aperto e que uma nova alta de juros não mudará significativamente a trajetória da economia americana.

Com a expectativa de alta de juros, o dólar também apresentou alta ante uma cesta de moedas fortes, com o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana sobre essas divisas, subindo 0,36%.

No Brasil, operador ouvido pela agência Reuters pontuou que, em meio à ansiedade em torno da votação da reforma tributária, parte dos investidores preferiu se manter posicionada no dólar, em detrimento do real.

Já os índices acionários dos EUA registraram perdas desde o início no dia, justamente por conta de preocupações sobre uma nova alta de juros no país. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq caíram 0,38%, 0,20% e 0,18%, respectivamente.

Com Reuters

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