Parceria com estatais sauditas abre mercado do Oriente Médio, diz Vale

Empresa vendeu participação de sua divisão de metais básicos por R$ 16 bilhões

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Rio de Janeiro

A venda de parte de suas operações de metais básicos para um grupo formado por estatais da Arábia Saudita abre novos mercados para os produtos da Vale no Oriente Médio, disse a direção da empresa em teleconferência nesta sexta-feira (28).

Na quinta (27), a companhia anunciou que repassará 13% da VBM (Vale Base Metals) à Manara Minerals e ao fundo americano Engine No.1 por US$ 3,4 bilhões (R$ 16 bilhões), concluindo meses de busca por um sócio estratégico para essas operações.

A Manara Minerals é uma parceria entre a estatal saudita Ma'aden e o fundo de investimentos públicos da Arábia Saudita e ficará com 10% da VBM. A operação representa o maior investimento saudita no exterior e o primeiro em mineração.

Logo da Vale, em Brumadinho (MG) - Adriano Machado - 29.jan.2019/Reuters

"Um benefício colateral [da operação] é que temos interesses no Oriente Médio também", disse o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. "Nos dá oportunidade de comercializar nossos produtos no Oriente Médio."

A empresa diz que essas oportunidades não se restringem aos chamados metais de transição, como cobre ou níquel, mas também a operações de minério de ferros e de logística, com o uso de grandes centros de distribuição que a Vale tem na Ásia.

A VBM é a maior produtora de níquel da América do Norte e uma das maiores empresas de cobre do mundo e vem fechando nos últimos meses acordos para fornecer os minerais a fabricantes de automóveis.

É uma aposta para o futuro da Vale, diante das perspectivas de crescimento da demanda por baterias no processo de descarbonização do setor de energia. A Engin No.1 é um fundo de investimentos com foco em descarbonização e ESG.

Dos US$ 3,4 bilhões levantados com a operação, a Vale deixará US$ 1 bilhão (R$ 4,7 bilhões) na VBM, reforçando o caixa para acelerar projetos de investimento já em curso. "O primeiro efeito [da transação] é a velocidade. O segundo é o crescimento", disse Bartolomeo.

Com a entrada dos recursos, afirmou, a Vale ganha tempo para analisar outras alternativas de financiamento dessas atividades, como a busca de um sócio maior ou o lançamento de ações em bolsa de valores, conhecido como IPO.

Segundo o executivo, outras formas de financiamento será necessárias, dado o volume de investimentos que a empresa fará —a Vale estima em até US$ 30 bilhões (R$ 141,5 bilhões) na próxima década. "O IPO pode ser possibilidade, fusão também, mas isso não está nos nossos planos no momento."

Com os investimentos, a Vale projeta crescimento da produção de cobre das atuais 350 mil para 900 mil toneladas por ano. A produção de níquel deve avançar de 175 mil para 300 mil toneladas por ano.

"Há dois elementos de valor a serem destravados. O primeiro é continuar com a estabilização da produção. O outro é como antecipar o desenvolvimento dessas reservas, como trazer projetos de forma mais célere para o mercado, buscando destravar valor", disse Bartolomeo.

O analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, vê as dificuldades da empresa em avançar nos projetos existentes como ponto de atenção. "Acreditamos que o fator principal para destravar valor na divisão de metais básicos é estabilidade e melhorar a confiabilidade na produção desses projetos".

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