Descrição de chapéu Financial Times

Conheça grupo de mídia de bilionário que vende futebol para os EUA

Empresa apoiada por Stephen Ross quer aproveitar corrida do ouro internacional no esporte

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Samuel Agini
Financial Times

Encorajados pelo potencial lucrativo de fazer com que os espectadores americanos se apaixonarem pelo futebol europeu, uma dupla bilionária de pai e genro aposta que conseguirá vender o desporto mais popular do mundo nos Estados Unidos.

O Relevent Sports Group, empresa de mídia sediada em Nova York que é apoiada pelo magnata do setor imobiliário Stephen Ross e liderada pelo executivo-chefe Daniel Sillman, está lutando por um pedaço numa corrida do ouro internacional que envolve equipes, ligas, marcas esportivas e empresas de mídia.

Imagem mostra três jogadores de futebol correndo atrás de bola em um campo.
Jogo de futebol em Washington, nos Estados Unidos - Stefani Reynolds - 19.jul.23/AFP

A candidatura surge num momento em que os Estados Unidos serão uma das sedes da Copa do Mundo de 2026, juntamente com o México e o Canadá, torneio que a Fifa, entidade que governa o futebol mundial, espera que gere receitas superiores a US$ 10 bilhões. O Hard Rock Stadium de Ross, em Miami, é um dos locais de disputa. Os EUA também sediarão a Copa América no próximo ano e a renovada Copa do Mundo de Clubes da Fifa em 2025.

"Os próximos cinco anos serão enormes", disse Sillman em entrevista ao Financial Times. "Você verá uma série constante de eventos chegarem aos Estados Unidos."

Embora os investidores americanos tenham normalmente comprado clubes importantes como o Chelsea e o AC Milan para entrar no futebol, a Relevent escolheu um caminho alternativo, organizando jogos e expandindo-se para acordos de direitos de transmissão.

Desde suas origens como anfitrião de jogos de exibição com muito dinheiro para clubes, a Relevent voltou sua atenção para as ligas. A empresa fez parceria com a Premier League em uma "Summer Series" de nove partidas que atraiu 265 mil participantes, bem como com a La Liga, da Espanha, para um Summer Tour de quatro partidas nos EUA e no México que atraiu 100 mil torcedores.

Relevent e La Liga querem dar um passo adiante, trazendo jogos oficiais para os EUA.

A empresa está envolvida em ações legais contra a Fifa e a US Soccer enquanto luta para sediar jogos oficiais da Liga nos EUA. Em 2018, a Relevent se uniu à Liga para sediar uma partida oficial da temporada entre Barcelona e Girona em Miami. No entanto, a Fifa introduziu uma política que proibia ligas de realizarem jogos fora do seu país de origem, e o Barcelona desistiu.

"Nossa esperança é ter uma partida oficial da liga espanhola nos Estados Unidos", disse o presidente da Liga, Javier Tebas. "Podem ter certeza de que quando pudermos legalmente, no dia seguinte estaremos organizando uma partida nos Estados Unidos." A Fifa não quis comentar.

Mais de seis anos depois de trazer o El Clásico –confronto entre Barcelona e Real Madrid– para os EUA pela primeira vez numa partida amistosa, o Relevent não depende mais dos acontecimentos.

Quando a pandemia do coronavírus tornou as viagens globais impossíveis, a empresa acelerou a mudança para os direitos de transmissão e, desde então, intermediou acordos televisivos dos EUA no valor de bilhões de dólares para a Liga dos Campeões e La Liga da Uefa.

"Alcançamos números que não esperávamos", disse o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, ao FT. "Nos Estados Unidos, eles estão dispostos a pagar muito mais pelo melhor e nada pelo resto."

Apoiada pelo capital de Ross, que também é dono da equipe da NFL Miami Dolphins e promove o Grande Prêmio de Fórmula 1 da cidade, a Relevent está em modo de expansão. Está formando uma equipe na Suíça e reforçando sua presença na Europa, à medida que visa mais acordos de direitos de transmissão no futebol.

Sillman também está em busca de aquisições que possam ajudá-lo a se expandir. Seus alvos incluem mídia esportiva, ativos de conteúdo, marcas e eventos ao vivo. Ele disse que quer estabelecer a empresa como uma "ponte" que funcione nos dois sentidos, buscando parcerias com ligas americanas que visam a expansão internacional.

A ascensão de Sillman, 34, no mundo do esporte começou quando ele ainda era estudante na Michigan Ross, a escola de negócios que leva o nome do proprietário da Relevent. Enquanto estava lá, Sillman enviou um e-mail a Ross pedindo orientação sobre seu negócio de consultoria a atletas profissionais, e a dupla estabeleceu um relacionamento.

Sillman acabou vendendo o negócio e ingressou no braço de capital de risco do bilionário em 2014, antes de se tornar executivo-chefe da Relevent três anos depois, aos 28. Ele também é genro de Ross desde 2020.

"Eu o conheço e trabalho com ele, e ele trabalha horas e horas e horas", disse Ferran Soriano, presidente-executivo do City Football Group, dono do Manchester City, campeão da Premier League.

A proposta da Relevent para ligar o futebol americano ao europeu é anterior a Sillman. Essa visão veio do cofundador Charlie Stillitano, ex-gerente geral do time da MLS com sede em Nova York que mais tarde se tornaria o New York Red Bulls. Stillitano, que já deixou a empresa, usou suas décadas de experiência no futebol para desenvolver a Relevent no esporte.

Mas a posição de Sillman no establishment do futebol foi reforçada durante o tumulto da Superliga Europeia em abril de 2021, quando uma dúzia de clubes de elite procuraram formar uma competição separada. Sua missão falhou após a reação de fãs e legisladores, mas a oposição de Sillman ao projeto o ajudou a ganhar amigos na indústria.

"Entrei em contato com ele nessa altura depois do acontecido, e foi incrível ver que uma pessoa que vive num país de ligas fechadas compreende claramente o que significa ter uma pirâmide e por que o futebol europeu tem tanto sucesso", disse Ceferin.

A Relevent intermediou acordos de direitos de mídia no valor de US$ 2 bilhões para La Liga nos EUA, Canadá e México em 2021, uma bonança bem-vinda enquanto o futebol lutava para se recuperar das perdas causadas pela Covid.

No ano seguinte, a empresa intermediou um acordo no qual a Paramount concordou em pagar US$ 1,5 bilhão ao longo de seis anos para exibir as competições europeias de clubes da Uefa nos EUA. A US$ 250 milhões por temporada, foi 2,5 vezes mais que antes.

"Há décadas as pessoas falam em tornar o futebol mais popular na televisão nos EUA, e isso realmente está começando a acontecer, está acontecendo", disse Sean McManus, presidente da CBS Sports da Paramount, ao FT.

À medida que mais telespectadores assistem, Soriano, do City Football Group, que também é dono do New York City FC, acredita que a abertura de negócios nos EUA para a indústria do futebol é "gigantesca" e está crescendo rapidamente.

"Nos EUA, haverá um grande evento global de futebol todos os anos. Quando você disser para atualizar o tamanho da oportunidade, multiplique por 10, porque já é grande", disse. "Essa é a oportunidade para empresas como a Relevent."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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