Descrição de chapéu Banco do Brasil

Desenrola permite crescimento mais seguro do crédito no 2º semestre, diz BB

'Expansão da carteira permanece como uma das nossas principais estratégias', afirma presidente do banco

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São Paulo

A melhora na condição financeira das famílias por conta do programa voltado para a renegociação de dívidas Desenrola Brasil deve permitir um crescimento mais saudável do mercado de crédito durante o segundo semestre do ano, segundo avaliação do BB (Banco do Brasil).

"Estamos bastante confiantes na retomada do crédito de uma maneira muito mais segura agora com o Desenrola, na medida em que a gente consegue melhorar o endividamento das famílias", afirmou nesta quinta-feira (10) o diretor financeiro do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva, durante conversa com jornalistas para comentar os resultados do banco no segundo trimestre.

Dados divulgados na terça-feira (8) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio) mostram que o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer caiu 0,4 ponto percentual em julho, representando 78,1% das famílias no país. O Desenrola "fez com que a proporção de endividados na classe média diminuísse em julho", destacou a confederação.

"Vamos continuar crescendo o crédito de forma sustentável, apoiando os diversos setores da economia. A expansão da carteira permanece como uma das nossas principais estratégias, observando o devido equilíbrio e a necessidade dos clientes e a remuneração adequada do nosso capital", disse Tarciana Medeiros, presidente do banco público.

Tarciana Medeiros, presidente do BB, durante cerimônia de posse no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília
Tarciana Medeiros, presidente do BB, durante cerimônia de posse no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília - Douglas Magno - 16.jan.2023/AFP

Desde o início da faixa 2 do Desenrola, em meados de julho, as renegociações movimentaram um volume financeiro de R$ 4,4 bilhões no BB, com impacto para 264 mil clientes do banco e outros 240 mil clientes da Ativos, empresa de recuperação de créditos que compõem o conglomerado.

Tarciana afirmou que o banco optou por adotar uma visão ampliada em relação ao Desenrola, atendendo também um público que não estaria contemplado no Faixa 2 do programa, como micro e pequenas empresas.

"Somos um banco que concilia a atuação comercial com a função pública de apoio e desenvolvimento do país. Liberamos recursos para as pessoas das mais diversas regiões, origens e extratos sociais", afirmou a presidente do banco.

O BB (Banco do Brasil) registrou lucro líquido de R$ 8,8 bilhões no segundo trimestre de 2023, o que corresponde a uma alta de 11,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (9).

Foi o maior lucro entre os quatro grandes bancos do mercado —grupo que conta também com Itaú, Bradesco e Santander— no segundo trimestre do ano.

O desempenho refletiu o crescimento de dois dígitos da carteira de crédito, em especial no segmento do agronegócio.

"Estamos ajudando a fazer o país crescer. São operações que geram emprego e que levam cidadania para os quatro cantos do Brasil", assinalou Tarciana.

No semestre, a carteira de crédito cresceu 15,3%, o que levou o banco público a rever para cima a projeção de crescimento para o acumulado do ano, de uma faixa entre 8% e 12% para entre 9% e 13%.

O crescimento projetado para a carteira agro passou de um intervalo de 11% a 15% para entre 14% e 18%, enquanto a estimativa para a expansão da carteira PJ foi revisada de 7% a 11% para 8% a 12%.

Frente ao crescimento mais acelerado do crédito do que o esperado, as reservas feitas pelo banco para se precaver contra eventuais calotes também subiu, 22% no trimestre, para R$ 7,1 bilhões. A projeção para as reservas em 2023 aumentou de uma faixa entre R$ 19 bilhões e R$ 23 bilhões para entre R$ 23 bilhões e R$ 27 bilhões.

"Ajustamos o guidance porque as provisões vieram acima do que esperávamos", reconheceu o diretor financeiro do BB, destacando o ambiente desafiador de mercado frente ao nível elevado dos juros. A notícia boa é que, olhando à frente, a expectativa do banco é de um cenário mais benigno com o início do ciclo de redução da Selic. "Sem dúvida, isso [queda da Selic] torna o ambiente muito melhor", acrescentou Geovanne.

Vice-presidente de controles internos e gestão de riscos, Felipe Prince disse que a inadimplência no segmento de pessoas físicas deve ter atingido seu pico durante o segundo trimestre, de 5,27%, contra 4,31% em junho de 2022.

Para o índice consolidado de inadimplência, Prince afirmou que pode-se esperar certa estabilidade nos próximos trimestres, com algum arrefecimento da inadimplência entre as pessoas físicas compensada por um ajuste marginal para cima na carteira de empresas.

O banco assinalou que, no trimestre, parte das operações de crédito com cliente específico do segmento "large corporate" que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023 passou a impactar o indicador de inadimplência acima de 90 dias.

A empresa, no caso, se trata da Americanas, que entrou em recuperação judicial em 19 de janeiro com dívidas de mais de R$ 40 bilhões. Sem o impacto causado pela empresa, o índice de atrasos do banco teria sido de 2,65%, ante os 2,73% apresentados.

A depender da evolução das negociações entre credores e varejista, o vice-presidente do BB comentou que não se pode descartar a possibilidade de novo impacto negativo para o índice de inadimplência relacionado ao evento Americanas nos próximos balanços trimestrais.

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