Disputa sobre parcelamento sem juros no cartão, desaceleração chinesa e o que importa no mercado

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São Paulo

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Fim do parcelado sem juros?

A possibilidade de mudança nas compras parceladas sem juros no cartão de crédito, citada por Roberto Campos Neto, presidente do BC, como uma possível solução para as altas taxas cobradas no rotativo, reacendeu uma disputa entre os bancões e as fintechs.

Entenda: a ideia para reduzir as taxas do rotativo seria aumentar a tarifa de intercâmbio cobrada dos lojistas pelas transações com cartões.

  • A tarifa de intercâmbio é o percentual pago a cada transação ao emissor do cartão por quem aluga as maquininhas para o comerciante.

Quem é a favor da mudança: os bancões, representados pela Febraban. Ela chama de "distorção" o percentual de uso do cartão parcelado e afirma ser necessária "a diluição dos riscos entre os elos da cadeia", alegando que os bancos suportam "todo o já elevado custo da inadimplência".

Quem é contra: associações de defesa do consumidor e representantes de varejistas e fintechs. Eles dizem que a mudança prejudicaria milhões de brasileiros que fazem compras parceladas e também os comerciantes, que hoje assumem o custo dos juros para incentivar o consumo.



Em números:

  • 437,3% ao ano foi a taxa média de juros cobrada pelos bancos de pessoas físicas no rotativo do cartão;
  • 75% da população fez uso do crédito parcelado sem juros no ano passado, segundo o Datafolha.

A coluna Painel S.A. teve acesso a um estudo feito para a Abranet, associação que reúne empresas financeiras, que mostra que a inadimplência nas compras parceladas por cartão de crédito é equivalente à das compras à vista.

A coluna também noticiou que Campos Neto tomou um puxão de orelha por, supostamente, se antecipar ao término das discussões —representantes do varejo e das maquininhas não haviam sido integrados ao grupo de trabalho do rotativo.


China desacelera e preocupa aqui

A série recente de dados fracos sobre a economia chinesa aumentou o alerta em produtores no Brasil, país que tem no gigante asiático seu principal parceiro comercial.

Entenda: os resultados decepcionantes da segunda maior economia do mundo começaram na divulgação do PIB do segundo trimestre, com uma expansão, na comparação com o primeiro trimestre, de apenas 0,8%.

  • O crescimento veio abaixo das projeções dos analistas, que culparam o consumo no país e pressionaram por mais estímulo governamental.
  • Especialistas esperavam que este seria o ano da retomada da economia chinesa depois da sequência de restrições para impedir a disseminação da Covid no país, que durou até o ano passado.
  • Só que, em vez de repetir o que aconteceu em outros países, com um repique da inflação pela forte demanda do consumo, o gigante asiático vive com o fantasma da deflação.

Por que importa: o Brasil espera por uma supersafra agrícola neste ano, e depende da demanda chinesa para escoar a produção.

Uma esperança para os exportadores brasileiros de alimentos é que, no segundo trimestre, surgiram alguns sinais de vida, como uma elevação de 20% nos gastos chineses em restaurantes e bares, segundo o Escritório Nacional de Estatística do país.

O governo brasileiro entende que uma demanda fraca chinesa acabaria afetando menos o agro do que outros setores produtivos que também vendem muito para a China, como minério de ferro e petróleo.


Como Novo PAC foi recebido

O governo Lula lançou na última sexta (11) o Novo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). Com o mesmo nome dos outros dois programas que foram marca das gestões petistas, desta vez os especialistas destacam algumas diferenças.

Para começar, a promessa é de maior parceria com o setor privado.

Em números: do total de R$ 1,7 trilhão previsto para ser investido (R$ 1,4 tri até o final de Lula 3), R$ 612 bilhões virão do setor privado.

  • Outros R$ 343 bilhões serão de investimentos das empresas estatais, e mais R$ 362 bilhões em financiamentos. O resto (R$ 371 bi) vem dos cofres do governo.

Serão nove eixos de investimentos: inclusão digital e conectividade, saúde, educação, infraestrutura social e inclusiva, cidades sustentáveis e resilientes, água para todos, transporte eficiente e sustentável, transição e segurança energética, e defesa.

  • Além dos projetos de cada ministério, cada governador pode indicar até três projetos para serem incluídos no Novo PAC.
  • Veja aqui para que áreas deve ir o dinheiro no seu estado.

Quatro formas de analisar o programa:

O que a Folha pensa: programa mira objetivo publicitário, mas acerta em privilegiar obras inacabadas, diz o jornal em editorial.


Startups da semana: Munai e Fiibo

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente. Nesta edição, duas healthtecs (startups de saúde) são destacadas.

As startups:

  • A paulistana Fiibo foi criada em 2022 para unificar informações de benefícios de saúde, bem-estar e segurança alimentar, facilitando a contratação desses serviços.

Em números:

  • A Munai recebeu um aporte inicial de US$ 85 mil (R$ 415 mil), que pode ser ampliado em outubro.
  • A Fiibo anunciou ter captado R$ 17,5 milhões. A startup já havia levantado R$ 11 milhões em uma rodada no ano passado.

Quem investiu:

  • A curitibana foi uma das 25 escolhidas pela Fundação Bill & Melinda Gates, criada pelo cofundador da Microsoft para apoiar projetos de relevância na área de saúde.
  • A rodada da Fiibo foi liderada pelo Headline, fundo estruturado pela gestora Headline e pela XP Asset. O aporte também teve participação do fundo de venture capital do hospital Albert Einstein.

Que problemas elas resolvem:

  • A Munai usa IA generativa (semelhante ao motor do ChatGPT) para que os médicos tenham acesso rápido a respostas sobre protocolos hospitalares e casos específicos. A base de dados usará informações de 29 hospitais brasileiros, 15 milhões de atendimentos e 6 milhões de pacientes.
  • A Fiibo promete descomplicar ao setor de RH das empresas a contratação de produtos e serviços de saúde ao reunir informações dos diversos agentes que atuam nesse mercado. Ela cita a redução do tempo de contratação de um plano de saúde empresarial de 90 para 2 dias.
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