Lego sofre a maior queda no lucro em quase duas décadas

Vendas do grupo de brinquedos dinamarquês estagnam após crescimento durante a pandemia

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Richard Milne

O grupo de brinquedos dinamarquês Lego sofreu a pior queda no lucro em quase duas décadas, à medida que as receitas estagnaram após um fim abrupto no crescimento extraordinário impulsionado pela pandemia de Covid-19.

A fabricante de brinquedos, que é de propriedade privada, informou nesta quarta-feira (30) que as vendas no primeiro semestre do ano aumentaram 1% para 27,4 bilhões de coroas dinamarquesas (R$ 19,45 bilhões), mas que o lucro operacional caiu 19% para 6,4 bilhões de coroas (R$ 4,54 bilhões), a maior queda desde pelo menos 2004.

Amontoado de peças de Lego coloridas.
A gigante dinamarquesa de brinquedos Lego disse nesta quarta-feira (30) que seu lucro líquido caiu no primeiro semestre do ano, mas sua participação de mercado cresceu à medida que as vendas aumentaram ligeiramente. - AFP

O CEO da empresa, Niels Christiansen, disse ao Financial Times que ainda assim está "muito satisfeito", pois o grupo está superando uma indústria de brinquedos "muito desafiada" e consolidando sua posição como a maior fabricante de brinquedos do mundo em termos de vendas e lucro.

Ele atribuiu a queda no lucro ao "efeito extraordinário" do recente aumento nos custos de matérias-primas e ao aumento nos investimentos em novas fábricas, engenheiros de software e sustentabilidade.

Christiansen acrescentou que, como a empresa é de propriedade familiar e está em uma posição financeira sólida, "não começamos ou interrompemos investimentos com base se o mercado está subindo ou descendo. Continuamos superando o mercado na mesma proporção dos últimos quatro ou cinco anos. Este ano, o mercado estava em baixa".

Ele argumentou que o grupo dinamarquês está longe de sua última crise em 2017, quando as vendas e o lucro diminuiu à medida que a empresa perdeu participação de mercado.

Nos últimos cinco anos, a Lego superou em 12% ao ano a média da indústria de brinquedos, acrescentou ele, enquanto seu lucro operacional no primeiro semestre de 2023 foi quase o dobro do nível do mesmo período em 2019.

A fabricante das brilhantes peças de plástico coloridas desfrutou de um sucesso notável durante a pandemia, enquanto os pais procuravam seus conjuntos de postos policiais, naves espaciais de Star Wars e castelos de Harry Potter. No primeiro semestre de 2021, seu lucro operacional mais que dobrou, uma taxa que Christiansen disse na época ser "insustentável".

A Lego está construindo duas novas fábricas no Vietnã e nos Estados Unidos, que serão inauguradas em 2024 e 2025, respectivamente, além de expandir quatro de suas cinco fábricas existentes. A empresa também planeja triplicar seus gastos com sustentabilidade para US$ 3 bilhões por ano até 2025, na busca pela eliminação de plásticos derivados de combustíveis fósseis.

Seus números continuam muito à frente dos concorrentes listados nos EUA, como a Mattel, que teve recentemente um enorme sucesso com o filme da Barbie, e a Hasbro. As empresas registraram perdas operacionais e líquidas no primeiro semestre, com quedas nas vendas na casa de dois dígitos percentuais, com as receitas da Mattel caindo para US$ 1,9 bilhão e as da Hasbro para US$ 2,2 bilhões.

Christiansen disse que ficou feliz pelo sucesso estrondoso do filme da Barbie da Mattel, após vários sucessos de bilheteria dos filmes da Lego. Mas ele acrescentou: "Ainda estamos conquistando uma parte significativa do mercado. Se você olhar para isso, ainda somos os que mais crescem".

Ele também observou que a pandemia de coronavírus não apenas levou a um aumento na demanda, mas também a um colapso nos investimentos em novas fábricas, afirmando que, quando a Lego falou em 2021 "sobre retornar a um nível sustentável, este é provavelmente o nível certo".

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