CVC surfa na onda da crise da 123milhas e vê ação saltar na Bolsa

As ações da CVC registram forte alta desde a sessão de terça-feira (29), como reação ao pedido de recuperação judicial da 123milhas.

Analistas enxergam a crise na companhia como oportunidade de crescimento de vendas para a CVC no curto prazo, já que ambas disputam concorrência como plataformas de turismo.

Perto das 12h30, as ações ordinárias da CVC subiam 9,40% na Bolsa de Valores, valendo R$ 2,56, mas chegaram a saltar mais de 20% mais cedo. O papel lidera as altas percentuais do Ibovespa. No ano, contudo, a ação se desvaloriza cerca de 42%.

Na última terça-feira (29), a 123milhas entrou com pedido de recuperação judicial na 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte. Na ação, a empresa declara dívidas de R$ 2,308 bilhões.

Com a crise da companhia, analistas veem oportunidades no incremento de vendas de passagens aéreas e pacotes de turismo pela CVC.

À Folha, o presidente da CVC, Fabio Godinho, relatou um "movimento intenso" nas lojas físicas da empresa nos últimos dias. "O mês de agosto está respondendo muito bem às vendas com o cenário atual. Os clientes estão em busca de segurança na hora de comprar sua viagem de lazer", disse.

Segundo o analista Bruno Mazzoni, da Conecta, "no curto prazo, a empresa deve aumentar participação de mercado no geral, e muito provavelmente haverá aumento de visitas em lojas físicas já que as pessoas, no mínimo, estão inseguras com compras de pacotes turísticos".

"Credibilidade e segurança são itens imensuráveis para uma marca. E ela consegue explorar melhor esses dois itens via sua capilaridade de lojas físicas e infraestrutura", completa Mazzoni.

Para o analista Lucas Rietjens, da Guide Investimentos, a crise da 123milhas deve reduzir a competitividade no setor, o que beneficiará a CVC. "A companhia pode, inclusive, capturar uma porção do mercado da 123milhas, tendo em vista que a demanda pelos serviços oferecidos deve permanecer inalterada", afirma.

Além da expectativa de aumento nas vendas da CVC, o analista Marco Monteiro, da CM Capital, lembra que a companhia também anunciou na última terça-feira uma oferta de aquisição de debêntures, no valor de R$ 75 milhões. "Isso também deu uma favorecida para esse movimento de alta", afirma.

O analista ressalta, porém, que a empresa ainda precisa entregar resultados financeiros e operacionais mais sólidos para conseguir passar mais segurança aos investidores. "A CVC ainda vem reportando prejuízo nos seus resultados", comenta.