Troca no comando da Eletrobras, restrições de oferta de diesel e o que importa no mercado

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São Paulo

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Troca na Eletrobras

Em um anúncio que pegou o mercado de surpresa, a Eletrobras informou na noite desta segunda que Wilson Ferreira Junior renunciou ao cargo de presidente da companhia.

Em seu lugar, assume Ivan Monteiro, que era o presidente do conselho de administração, cargo que agora será ocupado por Vicente Falconi.

Quem é quem:

  • Wilson Ferreira Junior é um executivo conceituado no setor de energia e já havia presidido a Eletrobras de julho de 2016 a janeiro de 2021. Voltou ao cargo em 20 de julho do ano passado, como primeiro CEO da empresa privatizada.
  • Ivan Monteiro é ex-funcionário de carreira do Banco do Brasil e chegou a comandar a Petrobras no fim do governo Michel Temer (MDB), além de ter sido CEO da BRF.
Wilson Ferreira Junior, que renunciou ao cargo de presidente da Eletrobras - Bruno Santos/Folhapress

Contexto: a troca de executivos acontece em um momento em que o governo Lula (PT), que se opôs à privatização da Eletrobras, tenta ampliar o poder da União na companhia.

A Folha apurou com pessoas que acompanham a empresa que Ferreira Jr. vinha tendo uma relação difícil com integrantes do conselho sobre a melhor estratégia para o futuro da companhia, especialmente com o governo.

Nesse aspecto, Ivan Monteiro, que participou de gestões petistas, teria melhor trânsito.


Postos falam em restrições no diesel

As dificuldades para compras de diesel pelos postos, principalmente os de bandeira branca, foram confirmadas pela federação que representa os revendedores de combustíveis do país.

A ANP, agência do governo responsável por garantir o abastecimento no país, afirmou que os estoques das distribuidoras estão em níveis adequados e que não há falta do produto.

Entenda: relatos de restrições para compra e de preços mais caros do diesel surgiram nas últimas semanas e reacenderam questionamentos sobre a nova política de preços da Petrobras.

  • Ao mesmo tempo, ela desincentiva as importações privadas em momentos de grande diferença entre o preço dos combustíveis aqui e das cotações do petróleo lá fora.

Em números: na semana passada, o preço médio do diesel S-10 subiu R$ 0,08 por litro, para R$ 5,08, mesmo sem reajustes nas refinarias da Petrobras.

Nesta segunda, o preço do diesel nas refinarias da Petrobras estava R$ 1,18 por litro abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).

  • Na média nacional, a defasagem era de R$ 1,01 por litro.
  • Na gasolina, a diferença era de R$ 0,90 por litro nas refinarias da Petrobras e de R$ 0,79 por litro na média nacional.

Estresse na Argentina após primárias

A vitória do candidato ultraliberal Javier Milei nas eleições primárias da Argentina abalou o mercado local, que amanheceu com alta desvalorização do peso e dos títulos de dívida do país.

Em números: o dólar paralelo, chamado de "blue", disparou 11% depois que o Banco Central do país subiu os preços do dólar oficial em 22% e elevou a taxa de juros em 21 pontos (para 118% ao ano), em tentativa de estimular investimentos em pesos.

  • Os outros tipos de cotações oficiais de dólar na Argentina –são dez ao todo– também subiram.
  • Em Nova York, o valor dos títulos da dívida argentina chegaram a afundar 12%. Por outro lado, o índice Merval, o principal da Bolsa argentina, fechou em alta de 3,30%.

O que explica: parte do mercado reagiu mal ao resultado das primárias pela incerteza que ronda as propostas de Milei.

  • Sua principal bandeira é dolarizar a economia, por meio de um sistema de livre concorrência entre as moedas, e então eliminar o Banco Central.
  • Especialistas advertem que isso seria muito difícil num país que não tem reserva de dólares.

Milei recebeu 30% dos votos com 97% das urnas apuradas, seguido pela coalizão de oposição Juntos por el Cambio, com 28,3%. A aliança peronista e governista União pela Pátria ficou em terceiro, com 27,2%.

O economista propõe uma lista de medidas que incluem fazer uma "abertura comercial unilateral" ao mundo, com foco em investimentos nas áreas de mineração, hidrocarbonetos e energias renováveis, e reduzir 90% dos impostos.

  • Saiba mais sobre quem é o autodenominado anarcocapitalista aqui.

Análise: Mesmo que Milei não vença o pleito à frente, o impulso inicial dos argentinos será comprar dólares o quanto antes, alimentando sua cotação e a inflação, escreve o repórter especial Fernando Canzian.


Sinais azedos do Oriente derrubam Bolsa

Mais uma vez o temor em relação a uma desaceleração da economia chinesa pesou na Bolsa brasileira, que chegou a sua décima queda consecutiva, na maior sequência negativa desde 1984.

  • Desta vez, o setor imobiliário voltou a gerar preocupações depois que uma grande incorporadora não pagou juros da dívida.
  • A notícia atingiu em cheio as ações da Vale, fornecedora de matéria-prima para a construção civil e uma das maiores empresas do Ibovespa.

Em números: os papéis da mineradora caíram 3,08% e puxaram a Bolsa brasileira para baixo, com recuo de 1,06%, aos 116.809 pontos.

  • O temor global sobre a economia chinesa também fez o dólar ganhar força aqui e lá fora. A moeda americana fechou em R$ 4,965, alta de 1,20%.

Ainda nesta segunda, destaque para os papéis de educação negociados na Bolsa.

Eles tiveram forte queda em meio a um impasse no setor após uma decisão do STF que limitou a abertura de novos cursos de medicina e, como mostrou a Folha, gerou indefinição no Ministério da Educação.

  • Yduqs e Ânima, duas das principais em cursos de medicina privados, tombaram 15,25% e 18,96%, respectivamente.

O que explica a sequência negativa do Ibovespa: é um misto do cenário externo com a ata do Copom, que esfriou as apostas no mercado para um corte maior que 0,5 ponto da Selic.

Apesar da sequência de dias negativos, o tombo não é tão grande: 4,2%. Isso depois de um avanço de 19,7% em quatro meses com a espera do início do ciclo de corte de juros.

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