Brasil não tem condição de fazer grande programa de subsídios como os EUA, diz Haddad

Em Nova York, ministro afirma que prioridade é usar transformação ecológica para atrair investimentos

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Nova York

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil não tem condições de fazer um grande programa de subsídios à economia verde como os Estados Unidos vêm implementando, mas que o país tem condições de aproveitar suas vantagens nessa área para atrair investimentos e oferecer oportunidades de negócios.

Haddad está em Nova York acompanhando o presidente Lula (PT), que participa nesta semana da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento na África do Sul - Michele Spatari -23.ago.23/AFP

À noite, ele acompanha o mandatário em um jantar oferecido pela Fiesp com empresários e fundos de investimento.

Questionado sobre as expectativas com o evento ao longo da semana, Haddad respondeu que sua "fixação é transformação ecológica". "É a grande oportunidade que o Brasil tem de se reindustrializar."

O ministro destacou ainda o encontro de Lula com o presidente americano, Joe Biden, na quarta-feira.

O democrata apostou na transição para uma economia verde como uma das prioridades de seu mandato, e plataforma para reeleição.

A Casa Branca conseguiu aprovar no Congresso um pacote histórico de incentivos para a energia verde. Sancionada há cerca de um ano, a Lei para Redução da Inflação, apesar do nome, tem esse objetivo.

No entanto, a oposição ao democrata critica o presidente, e atribui à legislação um dos motivadores da disparada da inflação no país. A transição verde é ainda o pano de fundo da greve histórica de trabalhadores de montadoras contra Ford, GM e Stellantis. O sindicato que representa a categoria argumenta que os salários precisam ser reajustados também porque as empresas receberam enormes incentivos para migrarem para a produção de veículos elétricos.

Governo faz reuniões com investidores sobre títulos verdes

Haddad também comentou o recente roadshow sobre os títulos verdes que serão emitidos pelo Tesouro no mercado internacional. O assessor da Fazenda Rafael Dubeux, encarregado do plano de transição ecológica da Fazenda, fez 36 reuniões com cerca de 60 fundos de investimentos, de acordo com o ministro.

"Vamos tentar unir a transição energética à transição ecológica, mediante um processo de neoindustrialização", afirmou.

Haddad, porém, não detalhou expectativa de demanda ou um calendário em razão do período de silêncio que sucede o roadshow. Cabe ao Tesouro agora anunciar uma programação. Ao lado do ministro, Dubeux disse que os títulos serão lançados em um momento que for julgado adequado, considerando o cenário macroeconômico.

Lula participa de jantar com empresários

Na noite deste domingo, Lula participou de uma reunião e um jantar com empresários e investidores oferecido pela Fiesp no Fasano. Segundo o Planalto, participaram da reunião os ministros Fernando Haddad, Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Luiz Marinho (Trabalho). Também estavam os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Do setor privado, estavam a Chevron e os fundos Apollo, Growth Capital, Valor Capital, Brookfield, Blackrock, Mubadala Brazil, GIP, Neuberger, Qell, Claure Group e Citibank.

A embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, e o presidente do BID, Ilan Goldfajn, e um enviado especial da Arábia Saudita, também participaram.

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