Shein brasileira é uma das mais caras do mundo, diz pesquisa

Brasil é o segundo país onde mais se gasta para comprar oito peças da marca; considerando o poder de compra da população, é o mais caro

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São Paulo

Apesar dos preços competitivos da gigante asiática de moda Shein no mercado brasileiro, uma pesquisa do banco BTG Pactual, que usou uma cesta de oito produtos da empresa em 15 países, apontou que os itens brasileiros estão 29% mais caros do que os dos Estados Unidos.

No ranking pelo valor nominal da cesta em dólares (composta por vestido, jeans, jaqueta, saia, suéter, camiseta, botas e bolsa), o Brasil fica em segundo lugar (US$ 156, o equivalente a R$ 788), só atrás do México (US$ 167).

Mas considerando o poder de compra da população de cada país, adquirir roupas na Shein é mais caro no Brasil do que em outros 14 grandes mercados onde a empresa atua, segundo o BTG. No Brasil, esse custo sobe para US$ 311 (R$ 1.571).

mulher branca de cabelos pretos, vestida de preto, sob fundo colorido
Fabiana Magalhães, diretora de produção local da Shein Brasil. - Rubens Cavallari/Folhapress

Neste caso, a teoria da paridade do poder de compra calculada pelo banco indica o quanto determinada moeda pode comprar em dólar, relacionando o poder aquisitivo da população com o custo de vida local.

Marca está menos barata desde que começou produção no Brasil

O BTG também comparou a mesma cesta de oito produtos da Shein Brasil com as varejistas nacionais Renner e Riachuelo e a filial brasileira da C&A. Os preços da Shein são 26% mais baratos que os da Renner, 22% inferiores aos da Riachuelo e 17% mais em conta que os da C&A.

Comparando os resultados com a pesquisa feita pelo BTG em abril, porém, a diferença de preços entre a Shein e os seus concorrentes locais diminuiu. Nesta quinta (19), a varejista lançou três novas coleções, com preços que variam entre R$ 7 (calcinha) e R$ 200 (jaqueta puffer).

Segundo o relatório, a expansão da produção brasileira indica que a Shein vai competir em condições mais próximas às dos varejistas locais, o que pode elevar os preços.

"O contingente de produtos nacionais vendidos na plataforma ainda é pequeno. O desafio da Shein é conquistar escala com a produção local", afirma Luiz Guanais, analista de consumo e varejo do BTG Pactual. O especialista acredita, contudo, que a empresa deve fechar 2023 com crescimento de dois dígitos.

Até agora, os produtos brasileiros "best sellers" em vendas são pijama de malha (R$ 36), vestido de tule (R$ 52) e calças jeans (entre R$ 90 e R$ 130), segundo Fabiana Magalhães, diretora de produção local da Shein no Brasil.

A Shein afirma ter uma vantagem adicional sobre a concorrência: paga os fornecedores em até 30 dias. "O varejo em geral paga as confecções entre 90 e 150 dias", diz a executiva, que traz no currículo passagens por AliExpress, Dafiti, Marisa e Riachuelo.

No mês passado, a Shein Brasil aderiu ao programa Remessa Conforme, da Receita Federal, que isenta do imposto de importação compras de até US$ 50 (R$ 252) para empresas certificadas. Para remessas acima desse valor, a alíquota é de 60%. Também é cobrada alíquota de 17% de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em operações de importação por comércio eletrônico. A Shein decidiu subsidiar parte do ICMS para os consumidores.

O Brasil já representa um dos cinco maiores mercados da Shein no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, Arábia Saudita, França e Inglaterra. "A Shein faz negócios com 165 países e o Brasil é um dos três onde a empresa mais cresce", informou Marcelo Claure, presidente do conselho da Shein para a América Latina e vice-presidente executivo global, em entrevista à Folha em junho.

A empresa não revela faturamento, mas estima-se que as vendas anuais estejam na casa dos US$ 23 bilhões (R$ 117 bilhões), o que a coloca em nível semelhante à espanhola Inditex, dona da Zara.

Fundada em 2012 pelo empresário chinês Chris Xu, a Shein tem hoje sede em Cingapura, além de escritórios em 19 países. São cerca de 11 mil funcionários no mundo. Seu aplicativo está disponível em 50 idiomas. Possui dez marcas próprias, além de Shein: Romwe, Moft, Dazy, Luvlette, Slow Sunday, Cuccoo, Sheglam, Emery Rose, Glowmode e Petsin.

No Brasil, sua operação teve início em maio de 2022. Hoje são cerca de 250 pessoas, que trabalham nas áreas de logística, finanças, jurídico, recursos humanos, relações governamentais, marketing e relações públicas. A operação da empresa no país conta com cinco galpões logísticos, todos na Grande São Paulo.

Nas redes sociais, a Shein Brasil soma 10,1 milhões de seguidores no Instagram e 2,3 milhões no TikTok. No ano passado, o aplicativo da varejista online foi o segundo mais baixado do país, com 48 milhões de downloads.

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