Descrição de chapéu Folhajus

CNJ vai apurar conduta de juíza do trabalho que gritou com testemunha

OUTRO LADO: magistrada não irá se manifestar; Corregedoria do TRT-12 afastou juíza de audiências

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Curitiba

O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, abriu nesta quarta-feira (29) reclamação disciplinar para apurar a conduta da juíza substituta Kismara Brustolin, da Vara de Trabalho de Xanxerê, em Santa Catarina.

Nesta terça-feira (28), veio à tona um trecho do vídeo de uma audiência judicial em que ela aparece gritando com uma das testemunhas. Veja vídeo:

Por determinação da Corregedoria do TRT-12 (Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região), a magistrada está impedida de realizar novas audiências judiciais até a conclusão da apuração sobre seu caso. A juíza afirmou que não irá se manifestar.

O corregedor nacional afirma que chegou ao seu conhecimento, por meio da imprensa, que a magistrada teria "adotado postura que, em tese, pode violar deveres funcionais da magistratura".

Após a intimação, a juíza tem um prazo de 15 dias para fazer sua defesa prévia a eventual abertura de Processo Administrativo Disciplinar.

Juíza Kismara Brustolin, da Vara de Trabalho de Xanxerê (SC), grita com uma testemunha durante audiência de instrução por videoconferência realizada em 14 de novembro - @diretodomiolo no X

Já em Santa Catarina, o TRT-12 afirmou que a Corregedoria vai apurar o caso após a repercussão e em resposta a um pedido de providências da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do estado.

Ainda na noite de terça, o tribunal regional acrescentou que a presidência e a Corregedoria decidiram pela "imediata suspensão da realização de audiências pela magistrada, sem prejuízo do proferimento de sentenças e despachos que estejam pendentes".

"A suspensão da realização de audiências deverá ser mantida até a conclusão do procedimento apuratório de irregularidade ou eventual verificação de incapacidade da magistrada, com o seu integral afastamento médico", continua a nota do tribunal catarinense.

A audiência na qual a juíza grita com a testemunha ocorreu há duas semanas, em 14 de novembro, por volta das 15h, no formato de videoconferência.

No vídeo que circula na internet, a juíza trabalhista fala aos berros com uma das testemunhas, exigindo que ele a chame de "excelência". "Você tem que dizer assim: o que a senhora deseja, excelência?", diz ela.

A testemunha não entende a situação, pede desculpa, mas se coloca à disposição. "Eu chamei a sua atenção. O senhor tem que responder assim: o que a senhora deseja, excelência? Repete, repete", insiste ela.

"Eu sou obrigado a isso?", pergunta a testemunha, aparentando constrangimento. "O senhor não é obrigado, mas, se não fizer isso, seu depoimento termina por aqui e será totalmente desconsiderado", responde a juíza.

Quando a testemunha tenta explicar o que teria a contribuir com o processo judicial, a juíza interrompe a fala dele, chama o homem de "bocudo" e determina sua retirada da videoconferência.

Na sequência, a juíza diz ao advogado do caso que desconsiderou o depoimento do homem porque ele "faltou com a educação". "Se o senhor quiser registrar os seus protestos, eu aceito e o senhor pode recorrer. Ele [a testemunha] não cumpriu a urbanidade e a educação", continua ela.

Em uma primeira manifestação, o TRT-12 divulgou uma nota na qual sustenta que se trata de "um fato isolado" e que haverá apuração.

"O TRT-12 tem como missão realizar justiça no âmbito das relações de trabalho, contribuindo para a paz social e o fortalecimento da cidadania. A situação observada na audiência é um fato isolado e será devidamente apurado pelo TRT-SC, por meio da sua Corregedoria", diz a nota.

A seccional de Santa Catarina da OAB classificou o episódio de "lamentável" e, em ofício ao TRT-12, pediu "providências urgentes no sentido de apurar com rigor o ocorrido".

"A atitude que vimos não pode acontecer. Nós, advogados e advogadas, partes e testemunhas devemos ser respeitados em todas as hipóteses e circunstâncias, sem elevação de tom, falas agressivas ou qualquer outro ato que viole nossas prerrogativas e nosso exercício da profissão", disse a presidente da entidade no estado, Cláudia Prudêncio.

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