Usinas lançam campanha pelo uso de etanol e descartam competição com elétricos

Ação terá Rafael Portugal, TV, rádio e influenciadores; setor quer dianteira na transição energética

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A indústria brasileira de etanol quer aumentar o consumo do combustível no Brasil e assumir posição de destaque no processo de transição enérgica.

Nesta quinta (18), a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) lança uma campanha para estimular a escolha, divulgar benefícios e, segundo a entidade, derrubar mitos sobre sua utilização. O humorista Rafael Portugal e influenciadores foram escalados para falar do combustível na TV, no rádio e em redes sociais.

Evandro Gussi, presidente-executivo da Unica, defende que o Brasil tem o potencial de liderar o processo de transição da mobilidade de baixo carbono. Na avaliação dele, enquanto outros países precisam de investimentos robustos pela descarbonização, o Brasil está melhor posicionado para substituir os combustíveis fósseis.

O estímulo ao etanol, segundo o executivo, não compete com a eletrificação das frotas, processo mais consolidado em países europeus e asiáticos e que começa a ganhar corpo no Brasil.

Luciano Rodrigues, Evandro Gussi e Patrícia Audi, da União da Indústria da Cana-de-Açúcar
Evandro Gussi, presidente-executivo da Unica, ao centro, com Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial, e Patrícia Audi, diretora-executiva da entidade da indústria de cana e bionergia - Divulgação

"Uma pergunta muitas vezes feita é: elétrico ou etanol? Não estamos nem respondendo. Vamos precisar de todas as oportunidades que tragam mobilidade de baixo carbono. A vantagem é que o etanol é a maneira mais rápida, prática e barata de fazer isso", disse Gussi, durante o lançamento da campanha "Vá de etanol", em São Paulo.

O governo Lula tem discutido a possibilidade de aumentar de 27,5% para 30% a proporção de etanol anidro na gasolina. Como mostrou a coluna Painel SA, parte dos produtores de etanol vinha pressionando o Ministério de Minas e Energia para que fossem cobrados, das montadoras, testes adicionais de desempenho para veículos movidos exclusivamente a gasolina e motocicletas.

A Unica representa cerca de 60% do setor no Brasil. O momento atual, para a entidade, é favorável à ampliação no uso do etanol. "Ao longo de todo o ano de 2023, o biocombustível foi tema central de alguns dos principais fóruns econômicos e ambientais do mundo", diz nota da Unica.

A participação dos biocombustíveis, na comparação com petróleo, carvão e gás, ainda é ínfima, apontando para uma transição longa rumo à descarbonização.

A entidade que representa as usinas não divulgou uma meta para o aumento no consumo do etanol por meio da campanha. A produção atual de etanol de cana-de-açúcar está em 26,8 bilhões de litros; são 4,6 bilhões de litros para o etanol de milho.

A safra de 2023, que termina oficialmente em março, já é a maior da história com 644,1 milhões de toneladas. O Brasil é o maior produtor mundial de cana e o segundo maior em etanol (a safra 2023/2024 será de 31,4 bilhões de litros). A produção de açúcar, de 42 milhões de toneladas, é recorde.

Na campanha que entra no ar nesta quinta, o humorista Rafael Portugal aborda motoristas, taxistas e frentistas em um posto de combustível para falar das vantagens do combustível. A Unica também colocou no ar o site www.vaideetanol.com.br, onde o consumidor acessa materiais como uma calculadora que mede a economia, para o meio ambiente, do uso do combustível a base de cana ou milho.

Segundo cálculos da Unica, desde 2003, quando começaram a ser lançados os veículos abastecidos a álcool e gasolina, o consumo do biocombustível teria evitado a emissão de 660 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Em 2023, essa redução seria de 41 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

Há também uma seção de mitos e verdades –como o de que há necessidade de variar o tipo de combustível nos veículos flex ou de que o desempenho do carro será afetado quando as temperaturas estiverem baixas. Até os anos 1980, carros movidos a álcool tinham dificuldades com a partida, daí a ideia de "esquentar" o motor antes de sair de casa, algo que, com o sistema de partida a frio dos carros flex, não existe mais.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.