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Brasil discutirá no G20 como atrair investimentos para economias emergentes

Impacto das inovações digitais no sistema financeiro também está na agenda de debates

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Brasília

Como atrair investimentos de longo prazo a economias emergentes, quais os impactos da inovação digital no sistema financeiro e como lidar com a crescente dívida global são algumas das discussões que o Brasil pretende aprofundar ao longo do ano na presidência do G20.

A primeira reunião com ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G20 —grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, além da União Europeia e, a partir deste ano, a União Africana— será realizada em São Paulo, na próxima semana.

No encontro, o Brasil será representado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) e por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

Entre as autoridades confirmadas, estão a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, o ministro de Finanças da Alemanha, Christian Lindner, e o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro Fernando Haddad (Fazenda), e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em encontro do G20 - Adriano Machado - 13.dez.23/Reuters

O discurso de abertura será feito pelo titular da Fazenda na quarta-feira (28) em um painel sobre desigualdades, a partir de experiências nacionais e de ações de cooperação internacional.

O primeiro dia também contará com uma sessão presidida por Campos Neto para discutir as perspectivas globais sobre crescimento econômico, emprego, inflação e estabilidade financeira.

A ideia dos encontros é debater potenciais riscos para a economia global e as preocupações dos países-membros no curto prazo, mas também olhar para temas mais complexos, como a transição energética sustentável e seus efeitos distributivos.

Outra prioridade brasileira é discutir alternativas para que países endividados possam encontrar espaço fiscal para promover um crescimento econômico sustentável.

Na manhã de quinta (29), Haddad vai liderar um painel sobre tributação internacional. Em uma sessão paralela, os representantes dos bancos centrais vão se debruçar sobre o setor financeiro para o século 21, dando sequência ao debate sobre o aprimoramento dos pagamentos transfronteiriços, por exemplo.

Um dos contornos que a discussão pode ganhar ao longo do ano é a interligação de sistemas de pagamentos instantâneos, como o Pix, e moedas digitais criadas por bancos centrais (as CBDCs) sob a perspectiva de seus eventuais efeitos macroeconômicos e impactos no mercado de capitais.

Em dezembro de 2023, Campos Neto disse que o BC iria trabalhar ao lado de autoridades globais no G20 para iniciar o desenho de um conjunto de regras para pagamentos internacionais.

"Uma das coisas que a gente quer fazer no G20 é uma taxonomia de pagamentos internacionais. Estou trabalhando com o presidente do Banco Central da Itália, Fabio Panetta, para a gente desenhar um conjunto de regras", afirmou.

"Uma vez que a gente resolver o problema de tecnologia e de liquidação, essa é a governança de pagamento internacional, os países que quiserem participar terão de aderir mais ou menos a essas regras", acrescentou.

Na última sessão comandada pelo ministro da Fazenda, vão ser abordadas práticas para lidar com dívidas globais e financiamento para o desenvolvimento sustentável.

O Brasil defende a necessidade de tornar bancos multilaterais de desenvolvimento mais eficazes e coloca como prioridade identificar vulnerabilidades de sistemas de pagamento e promover fluxos de capitais para os países emergentes e economias em desenvolvimento.

No encerramento da primeira reunião de chanceleres do G20 sob a presidência do Brasil, no Rio de Janeiro, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que todos os participantes concordaram que as instituições multilaterais "precisam de reforma para se adaptarem aos desafios do mundo atual".

O chanceler afirmou também ter havido consenso quanto à necessidade de reforma da ONU (Organização das Nações Unidas), principalmente do Conselho de Segurança. O desafio, porém, é a diferença entre as propostas para se atingir tal objetivo.

Ao longo da próxima semana, as autoridades brasileiras vão trabalhar sobre o comunicado que será divulgado ao término da reunião em nível ministerial da Trilha de Finanças do G20.

O objetivo do texto é trazer as prioridades do G20 presidido pelo Brasil e os principais pontos que serão tratados pelos participantes ao longo do ano.

Segundo fontes do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), há um esforço para evitar menções às guerras Israel-Hamas e Rússia-Ucrânia. As tensões geopolíticas devem ser citadas apenas no âmbito dos riscos para a economia global.

Além dos compromissos oficiais ligados ao G20, Haddad também aproveitará a oportunidade para realizar uma série de encontros bilaterais em São Paulo.

Um deles é com a diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Nacional), Kristalina Georgieva, para falar sobre o endividamento dos países pobres e a reforma do órgão multilateral.

Outra agenda é uma reunião com a ex-presidente Dilma Rousseff, que preside o NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), mais conhecido como banco dos Brics. Antes, o ministro tem um encontro com os governadores do NBD.

Também estão previstos dois compromissos (um público e outro fechado) com Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, e reuniões com ministros de finanças de diversos países, como França, Rússia, Portugal, Arábia Saudita e Noruega.

Haddad ainda se encontra com ministros de economia de países africanos —África do Sul, Angola, Nigéria, Egito e União Africana (estreia do bloco como membro permanente). A reunião está alinhada com a iniciativa de Lula de trazer maior participação do continente ao G20.

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