Descrição de chapéu Banco Central G20

BC quer criar regras para pagamentos internacionais no G20, diz Campos Neto

Presidente da autoridade monetária afirma que pretende iniciar desenho de modelo de governança

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Brasília

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (7) que a autarquia trabalhará ao lado de autoridades globais no G20 para iniciar o desenho de um conjunto de regras para pagamentos internacionais.

"Uma das coisas que a gente quer fazer no G20 é uma taxonomia de pagamentos internacionais. Estou trabalhando com o presidente do Banco Central da Itália, Fabio Panetta, para a gente desenhar um conjunto de regras", disse.

"Uma vez que a gente resolver o problema de tecnologia e de liquidação, essa é a governança de pagamento internacional, os países que quiserem participar terão que aderir mais ou menos a essas regras", acrescentou.

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante coletiva de imprensa na sede da instituição - Pedro Ladeira - 29.jun.2023/Folhapress

Segundo Campos Neto, o trabalho será iniciado no G20 em conjunto com o G7 (Grupo dos Sete, que reúne as principais economias mundiais) e com o BIS (Banco de Compensações Internacionais –o "banco central dos bancos centrais").

As declarações foram dadas pelo presidente do BC em um painel sobre o futuro digital do sistema financeiro nacional no encontro anual Drex 2023.

O Brasil assumiu em 1º de dezembro a Presidência temporária do G20 –grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e a União Africana.

Ao longo do mandato, que termina em 30 de novembro de 2024, o Brasil organizará mais de 100 reuniões de grupos de trabalho.

O BC faz parte da trilha de finanças, que trata de assuntos macroeconômicos estratégicos e é comandada pelos ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais dos países-membros. A coordenadora é a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito.

No evento em Brasília, Campos Neto voltou a dizer ser contra a criação de uma moeda comum entre Brasil e Argentina, sob o argumento de que o desenvolvimento de moedas digitais mudará a dinâmica dos sistemas de pagamentos e trará vantagens equivalentes.

"Já enfrentei no Brasil duas vezes o debate de querer fazer moeda comum com a Argentina e fui contra nas duas vezes. Acho que esse debate vai ficar bem velho bem rápido", afirmou.

"Qual é a vantagem de ter uma moeda única se você pode ter a mesma vantagem, que é a velocidade e a diminuição de fricção e custo de intermediação no comércio internacional, basicamente tendo um sistema digital", continuou.

A proposta de criação de uma moeda comum entre os dois países foi defendida publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) logo nos primeiros dias do governo petista.

O presidente do BC afirmou ainda que o Brasil está avançando no caminho de marketplace de serviços financeiros. "Se você tem quatro ou cinco contas de banco, não faz sentido ter quatro portas de entrada", disse.

Na visão dele, os bancos passarão a competir por canal e por "principalidade", ou seja, o principal canal de acesso de um cliente nesse ambiente de contas integradas em um único agregador.

O tema ganhou projeção em novembro, depois que Campos Neto afirmou que o aplicativo de bancos como Itaú ou Bradesco acabaria em até dois anos. O chefe da autoridade monetária tentou calibrar o discurso posteriormente, descartando que os bancos serão prejudicados.

"Em algum momento, talvez daqui a um ano e meio, dois anos, você não vai ter mais um app do Itaú, ou do Bradesco, ou do Santander, você vai ter um app que a gente chama de agregador. E aquele app vai, por meio do open finance, integrar tudo nas suas contas", disse o presidente do BC na ocasião.

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