Descrição de chapéu indústria BNDES

Mercadante rebate críticas, cita Freud e destaca BNDES de gestão FHC

Em evento no BTG Pactual, presidente do banco defendeu programa Nova Indústria Brasil e mais participação no PIB

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São Paulo

Em evento com agentes do mercado nesta quarta-feira (7), o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, rebateu críticas ao programa Nova Indústria Brasil, invocou Sigmund Freud para superar traumas e citou o banco na primeira gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB) como exemplo a ser resgatado.

"Freud fala que o trauma é aquele momento que fica no seu inconsciente e, cada vez que você vê uma situação semelhante, você se confunde no processo. Então, nós precisamos elaborar o trauma", disse em evento do BTG Pactual, em São Paulo.

"Este BNDES de antes, de um momento excepcional, teve a crise de 2008, não vai voltar. Estamos falando do BNDES do futuro", afirmou. Segundo ele, o novo projeto focará transição energética e investirá na indústria naval para, na visão dele, garantir a competitividade das exportações brasileiras, em especial do agronegócio.

Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em evento no Rio de Janeiro - Daniel Ramalho - 7.dez.23/AFP

As falas vêm após parte do mercado e da Frente Parlamentar do Empreendedorismo criticar o projeto do governo. O programa coloca o poder público como indutor central do desenvolvimento da indústria, com o uso de linhas de crédito, subsídio e exigências de conteúdo local para fomentar empresas nacionais.

O NIB prevê ainda que o BNDES voltará a comprar ações —serão R$ 8 bilhões para a aquisição de papéis. Em gestões petistas, a prática compunha a política conhecida como de "campeãs nacionais", que selecionava determinadas empresas para se destacar no cenário internacional e acabou alvo de críticas. O governo negou que fará isso novamente.

Sob o comando de Gustavo Montezano, o BNDES se desfez de ações —da Petrobras, por exemplo, vendeu mais de R$ 22 bilhões em 2020 e da Vale, R$ 24 bilhões em 2021.

Mercadante afirmou que o banco está disposto a vender parte de sua carteira de ações se houver boas oportunidades e bons projetos para investir, mas rejeitou pressão para que o banco se desfaça de investimentos.

Ele justificou que a carteira de investimentos do BNDES é planejada para gerar recursos que possam ser investidos posteriormente. "Tem outra coisa que o mercado precisa aprender: o 'b' de BNDES não é mais de bobo, é de banco. Nós queremos ganhar dinheiro, queremos resultado para ter retorno e ter dinheiro para investir. Tudo que a gente ganha investe", afirmou.

"As nossas ações que estão maduras, pegam um rally bom, nós estamos prontos para desinvestir, desde que a gente tenha um bom projeto para entrar", disse.

Mercadante lembrou exemplos do passado —não de uma gestão petista, mas sim à de FHC. "Queremos que o BNDES volte a ser o banco que era ali no primeiro governo do Fernando Henrique Cardoso, que era 2% [de participação] do PIB. Hoje está em 1% do PIB, então é dobrar", disse.

"Mas dobrar com o pé no chão, dobrar com instrumentos de mercado, dobrar em parceria com o mercado de capitais do setor privado e dobrar alavancando recursos privados para trazer o investimento público", afirmou Mercadante.

O presidente do BNDES defendeu que o país invista na indústria nacional, a exemplo de China, Estados Unidos e União Europeia. O projeto do governo Lula prevê até 2026 R$ 300 bilhões para a indústria.

"O FMI [Fundo Monetário Internacional] acabou de publicar um artigo que mostra que todos os países importantes do planeta estão fazendo a mesma coisa. O mundo mudou. Aquele processo de modernização, de integração econômica, de regras, de governança e de comércio não existe mais; 48% das medidas de política industrial foram tomadas pela China, Estados Unidos e União Europeia", disse Mercadante em evento do BTG Pactual.

Ele citou, por exemplo, o programa aprovado pelo governo do presidente dos EUA, Joe Biden, em 2022, que direciona US$ 430 bilhões (R$ 2,1 trilhão) para programas de indústrias envolvendo energia e clima.

"Nós estamos vivendo [um período de] compras públicas e protecionismo", disse, acrescentando que o consenso de Washington —recomendação internacional elaborada em 1989 com ideias neoliberais— não é mais consenso.

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