Descrição de chapéu PIB Governo Lula

Governo tem maior déficit primário para fevereiro com antecipação de precatórios

Em 12 meses, resultado é negativo em R$ 252,9 bilhões, corrigidos pela inflação, o equivalente a 2,2% do PIB

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Brasília | Reuters

O governo central registrou déficit primário de R$ 58,4 bilhões em fevereiro, pior saldo para o mês da série histórica iniciada em 1997, informou o Tesouro Nacional nesta terça-feira (26), enfatizando que o dado foi fortemente distorcido pela antecipação de pagamento de precatórios.

O rombo do mês, composto pelos resultados de Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, é 37,7% maior que o saldo negativo de R$ 40,6 bilhões observado no mesmo mês do ano passado, já descontando a variação inflacionária.

De acordo com o Tesouro, o déficit de fevereiro é fruto de uma alta real de 27,4% na despesa total, que atingiu R$ 190,9 bilhões, enquanto a receita líquida —que exclui transferências para governos regionais— teve crescimento real de 23,4%, a R$ 132,4 bilhões.

A pasta atribuiu o aumento expressivo da despesa em fevereiro principalmente ao pagamento antecipado de R$ 30,1 bilhões em precatórios —valor que deve contribuir para aquecer a atividade econômica em um momento em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofre queda de aprovação.

Também houve contribuição de elevações em gastos previdenciários e outros desembolsos discricionários de ministérios.

De acordo com o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, geralmente os pagamentos dos débitos judiciais acontecem em maio ou junho, de forma que o desembolso em fevereiro distorceu a base de comparação.

Segundo ele, a antecipação foi feita para aproximar a parcela deste ano da quitação extraordinária feita em dezembro, que já havia atendido parte dos credores de 2024.

Fotografia do ministro Fernando Haddad em foco entre colegas de outras pastas
Ministro da Fazenda Fernando Haddad, em reunião ministerial do governo Lula - Folhapress

Ceron ressaltou que, com o pagamento, não há mais estoque de precatórios a ser pago neste ano, exceto um saldo remanescente relativo ao Fundef (Fundo de Desenvolvimento do Ensino) e requisições de pequeno valor.

Do lado das receitas, houve uma elevação real de 18,8% no recolhimento de tributos administrados pela Receita Federal em fevereiro, uma alta de R$ 19,1 bilhões em relação ao mesmo mês de 2023, com impulso principalmente de Imposto de Renda e Pis/Cofins.

Com o dado do mês, o resultado primário do governo central acumulado em 12 meses foi de déficit de R$ 252,9 bilhões em valor corrigido pela inflação, equivalente a 2,26% do PIB (Produto Interno Bruto).

No primeiro bimestre, o governo central acumula superávit de R$ 20,9 bilhões, ante saldo positivo de R$ 38,2 bilhões no mesmo período de 2023. Os números dizem respeito à diferença entre receitas e despesas do governo, sem contar o gasto com juros da dívida pública.

Nesta semana, a equipe econômica projetou que o governo central fechará 2024 com déficit primário de R$ 9,3 bilhões, dentro da margem de tolerância estabelecida pelo arcabouço fiscal.

Apesar de, na mesma ocasião, o governo ter feito cortes em projeções de ganho com medidas fiscais aprovadas pelo Congresso, Ceron disse que as iniciativas arrecadatórias estão apresentando bom desempenho.

O secretário ainda argumentou que o crescimento da receita é expressivo e reforça sinais de que o país tem uma atividade robusta.

"Há uma recuperação em todas as rubricas de receita, indicando uma retomada", disse.

METAS FUTURAS INDEFINIDAS

O secretário do Tesouro afirmou que o governo ainda está estudando a composição de receitas e despesas para o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, a ser proposto em abril, não sendo possível dizer neste momento qual será a meta fiscal do próximo ano.

Ao propor o novo arcabouço fiscal no ano passado, o governo anunciou que trabalharia por um déficit primário zero em 2024, seguido de superávits de 0,5% do PIB em 2025 e 1,0% do PIB em 2026.

De acordo com Ceron, atingir ou não esses resultados de 0,5% ou 1% do PIB de superávit à frente é uma "discussão relativa", desde que as contas estejam em processo de recuperação.

Na entrevista, ele afirmou ainda que o governo deve enviar ao Congresso nesta semana a medida provisória anunciada em fevereiro para criar mecanismos de proteção cambial a investimentos sustentáveis. Sem dar detalhes, ele disse que também será editada uma MP com iniciativas de crédito.

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