Descrição de chapéu petrobras

Lucro da Petrobras cai 33,8% em 1º ano de Lula, e dividendos devem ficar em R$ 72,4 bi

Conselho recomenda distribuição de R$ 14,2 bi em dividendos remanescentes do 4º tri de 2023, sem dividendos extraordinários

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São Paulo

A Petrobras anunciou na noite desta quinta-feira (7) que encerrou 2023 com lucro líquido de R$ 124,6 bilhões. Esse primeiro resultado da gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT) representa uma queda de 33,8% em relação aos R$ 188,3 bilhões registrados em 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro (PL).

Naquele ano, o resultado da estatal foi o maior registrado por uma empresa brasileira. Em 2021, o lucro já havia sido o maior da história da petroleira.

A retração já era esperada. Naqueles dois anos, os retornos excepcionais foram decorrência do aumento do preço do barril de petróleo, impulsionado pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Em 2023, ocorreu o inverso, as cotações internacionais do petróleo foram mais comportadas.

Na divulgação, a estatal destacou que o barril do tipo Brent teve queda de 18%.

A Petrobras também comunicou que o conselho de administração recomendou a distribuição de dividendos equivalentes a R$ 14,2 bilhões remanescentes do quarto trimestre de 2023, sem dividendos extraordinários. O valor será encaminhado para avaliação da AGO (Assembleia-Geral Ordinária), prevista para 25 de abril de 2024.

Em caso de aprovação, a companhia pagará dividendos totais de R$ 72,4 bilhões em relação ao exercício do ano passado. O valor vem abaixo do previsto pelo mercado, que esperava R$ 90 bilhões.

A avaliação dos analistas é que a Petrobras tinha condição de distribuir 100% do lucro. O presidente da companhia, Jean Paul Prates, no entanto, avisou que seria mais comedido após a período expansionista de Bolsonaro.

A estatal perdeu quase R$ 30 bilhões em valor de mercado em 28 de fevereiro após a declaração, e as projeções se tornaram mais conservadoras.

Vista de plataforma de extração de petróleo da Petrobras, no Espírito Santo; estatal anuncia primeiro resultado do Lula 3 - Bruno Santos/ Folhapress

As receitas recordes anteriores, associadas a uma política mais flexível de remuneração dos acionistas, acarretaram em uma elevada distribuição de dividendos. A Petrobras se tornou a segunda maior pagadora do mundo em 2022, de acordo com levantamento realizado pela gestora de recursos Janus Henderson. Foram US$ 21,7 bilhões (R$ 107 bilhões pelo câmbio atual).

Em 2002, a estatal pagou cerca de R$ 17 por ação. Em 2023, essa faixa caiu para casa de R$ 8. O mercado passou a precificar R$ 6 para a distribuição de 2024.

No pós-mercado da Bolsa de Nova York, os recibos de ação (ADRs) da estatal caíam cerca de 9% às 23h nesta quinta, cotadas a US$ 15,18.

O Ebitda do ano, indicador que mede a geração de caixa, ficou em R$ 262,2 bilhões, uma queda de 23% sobre o ano anterior. Durante 2023, a estatal brasileira teve receita líquida de R$ 511,9 bilhões, 20,2% em relação ao verificado no ano anterior.

No quarto trimestre, a companhia lucrou R$ 31 bilhões, retração de 28,4% em relação ao mesmo período de 2022, e o Ebitda do período foi de R$ 66,8 bilhões, uma queda de 23%.

O ano passado foi de recuo nos resultados das maiores petroleiras do mundo. Entre as empresas que já apresentaram balanços anuais, as retrações estão na casa de dois dígitos em comparação a 2022.

A americana ExxonMobil e a inglesa Shell divulgaram, respectivamente, lucro de US$ 36 bilhões e US$ 28 bilhões, que representam retrações de 35% e 36%. A francesa TotalEnergies e a também americana Chevron tiveram lucros praticamente iguais, US$ 21,4 bilhões e US$ 21,3 bilhões, mas recuos díspares de 31% e 40%.

Neste contexto, a retração no lucro da estatal brasileira acompanha o das grandes petroleiras.

As expectativas agora vão se concentrar em avaliar onde a estatal pretende colocar recursos retidos para investimentos no longo prazo. Existe o temor de uma volta ao passado, mas os investidores observam e esperam.

Em mensagem aos acionistas, Prates reforçou a proposta de ampliar investimentos na transição energética.

"Desde o início da nossa gestão, temos enfatizado a necessidade de adaptar a companhia ao novo contexto energético em que o imperativo da descarbonização das operações e das fontes energéticas —fruto de demandas legítimas da sociedade— exige mudanças estratégicas e novas soluções que contemplem a inexorável queda na demanda por combustíveis fósseis", escreveu o presidente da estatal.

Em 2023, a nova gestão fez alteração na política de preço dos combustíveis e anúncios de mudança na estratégia de ação.

O preço mais estável do petróleo, no entanto, não trouxe estresses no valor final da bomba, na vida dos consumidores ou solavancos nas análises dos analistas.

No que se refere a investimentos, houve discursos e ações iniciais sinalizando mudanças, mas nada considerado radical por quem acompanha a estatal. Há alguns exemplos.

A Petrobras foi ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para renegociar acordo sobre vendas de refinarias, o que era esperado. Também estava no radar que poderia manter o polo Bahia Terra, o Campo de Manati e a Petrobras Operaciones, subsidiária da gigante brasileira de óleo e gás na Argentina, antes incluídos no programa de desinvestimentos na gestão bolsonarista.

A companhia também voltou ao exterior, mas com um movimento ainda menor. Comprou, por exemplo, participações em três blocos de petróleo e gás natural em São Tomé e Príncipe, na África.

Prates comemorou o resultado de 2023 na mensagem aos acionistas.

"É com muito orgulho que me dirijo a vocês, não somente pelos excelentes resultados econômico-financeiros que hoje apresentamos, mas, principalmente, pela convicção de que estamos construindo uma Petrobras mais sólida, mais resiliente e capaz de gerar valor a longo prazo para seus sócios e para a sociedade, enfrentando os inúmeros desafios impostos por um mundo em transição", disse.

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