Descrição de chapéu petrobras

Previ tenta ganhar influência na gestão da Vibra, ex-BR Distribuidora

Fundo de pensão do Banco do Brasil indica candidato ao conselho; investidores veem risco de influência do governo na empresa

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Rio de Janeiro e Brasília

A Previ, fundação que gere a aposentadoria dos funcionários do Banco do Brasil, tenta emplacar um representante no conselho de administração da Vibra, empresa resultante da privatização da BR Distribuidora no governo Jair Bolsonaro (PL).

O avanço da fundação sobre a companhia gera desconforto entre alguns investidores, que veem risco de influência do governo nas decisões da empresa. A Previ, porém, alega que pretende evitar a eleição de candidatos "que não guardam boa governança".

A possibilidade de indicar um membro ao conselho de administração foi garantida pela Previ há duas semanas, com a compra de ações que lhe deram uma fatia superior a 5% no capital da empresa, que vai decidir a renovação de seu conselho no próximo dia 18.

Logo da BR Distribuidora em posto de combustível - Paulo Whitaker/Reuters

Nesta segunda-feira (25), a Previ pediu à Vibra a adoção de voto múltiplo na eleição, o que lhe permite indicar um candidato, em vez de votar na chapa indicada pelos demais acionistas. Nesta terça (26), anunciou a candidatura de seu diretor de Investimentos, Cláudio Antônio Gonçalves.

O diretor de Participações da Previ, Fernando Melgarejo, disse à Folha que a fundação já tentou em outra ocasião ampliar sua participação na Vibra, por entender que é um investimento interessante para seus fundos de pensão.

A Previ considera ainda que a chapa proposta "tem componentes que não guardam boa governança". "As ações estão subindo há dois dias, numa demonstração de que o mercado não estava confortável com a composição da chapa", afirmou Melgarejo, sem citar nomes.

A chapa é formada por Sergio Rial, ex-presidente do Santander e da Americanas; Fabio Schvartsman, ex-presidente da Vale na época da tragédia de Brumadinho; Walter Schalka, presidente da Suzano; Matheus Affonso Bandeira, presidente da Oi; Nildemar Secches, ex-presidente da BRF; Clarissa Araújo Lins, sócia da consultoria Catavento; e o banqueiro Ronaldo Cezar Coelho.

Em relatório publicado na semana passada, a Ativa Corretora via desconforto tanto na indicação de Coelho quanto no avanço da Previ. Coelho é dono da gestora Samambaia, hoje segundo maior acionista da Vibra, com 8,58%.

"A diminuição do número de cadeiras [no conselho] aumenta a relevância dos seus participantes e assunção de um novo membro com participação societária relevante e direta naturalmente traz um desconforto aos demais acionistas", escreveu a corretora.

A Samambaia era a maior acionista até o início de março, quando a gestora Dynamo anunciou ter atingido 9,95% do capital da empresa. A Dynamo ajudou a elaborar a frustrada proposta de fusão entre Vibra e Eneva, que enfrentou resistência de Cezar Coelho.

"Ainda que também não aprovamos a fusão Eneva+Vibra da maneira que foi primeiramente proposta, poderíamos ter uma nova opinião diante de uma nova proposta e não sabemos se a negatividade de Coelho perante a primeira poderia ser revista", continuou a Ativa.

Sobre o avanço da Previ, escreveu a corretora, "este movimento também pode ser naturalmente interpretado como um aumento da relevância da União nas decisões da empresa".

Maior distribuidora de combustíveis do Brasil, a Vibra deixou de ter participação estatal em 2021, quando a Petrobras se desfez de suas últimas ações na companhia. A venda foi questionada pela oposição e por sindicatos na época.

Embora contrária à privatização, a gestão atual da Petrobras entende que uma retomada de influência na companhia não seria fácil. Mas negou a renovação do acordo que permitia à distribuidora usar a marca Petrobras em seus postos.

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