Agências da Caixa no RS têm filas para receber benefícios após enchentes

Beneficiários do Bolsa Família tiveram o pagamento antecipado para esta sexta-feira (17)

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Porto Alegre

Moradores de Porto Alegre fizeram fila em unidades da Caixa Econômica Federal nesta sexta-feira (17), quando passou a ser antecipado o pagamento aos beneficiários do Bolsa Família no Rio Grande do Sul. A medida faz parte das ações que visam amenizar os impactos das enchentes.

Quem tem conta corrente deve buscar o pagamento nas agências bancárias. Já os moradores de Porto Alegre que recebem o benefício e não possuem conta precisam de uma Declaração Especial de Pagamento, disponibilizada junto da Secretaria de Desenvolvimento Social.

Maicon Renan Fontoura Dias, 21, é correntista e beneficiário do Bolsa Familia. Na tarde desta sexta, ele foi até a agência no bairro São José.

Fila em agência da Caixa na avenida Bento Gonçalves, no bairro São José, em Porto Alegre - Leonardo Catto - 17.mai.2024/Folhapress

A fila para atendimento fazia duas voltas na rampa de acesso e se estendia pela calçada.

Trabalhador da limpeza urbana, Maicon morava no bairro Humaitá, zona norte da capital gaúcha, uma das regiões mais afetadas pelas enchentes na cidade. No dia 8 de maio, ele saiu de casa em um bote do Corpo de Bombeiros. A água já batia no peito.

"Tinha comprado, aos poucos, televisão, geladeira, cama, fogão, computador para mobiliar a casa. Perdi tudo", conta Maicon, que está abrigado em uma escola.

O plano agora, disse, é começar do zero, mas admite ainda não saber como fará isso.

Também do Humaitá saiu o operador de máquinas Cleber Robertos dos Santos, 50. A sua casa ficou com água até o teto. Ele foi até a mesma agência, na avenida Bento Gonçalves para sacar o Bolsa Família antecipado.

Fila em agência da Caixa na avenida Bento Gonçalves, no bairro São José, em Porto Alegre - Leonardo Catto/Folhapress

"Todos convivem com a situação. É doloroso. Mas vamos à busca", afirmou. "O que o cara leva desse mundo é só memória", disse ele, que está abrigado na PUC-RS.

A fila mostra que o desastre climático foi além da enchente. Moradora do bairro São José, Nathalia Santos Dias, 28, não teve a casa invadida pela água por baixo, mas pelo teto.

Em sua rua, que é íngreme, a água correu por cerca de dez dias, segundo ela conta, levando até tampa de bueiros.

"Não tinha água, nem onde comprar. Até comida. Em vez de fazer janta, fazia sanduíche para as crianças", diz a esteticista.

Ela ainda tentou sacar o Bolsa Família antecipado em um caixa automático de um posto de combustíveis no outro lado da avenida Bento Gonçalves. Entretanto, o local estava desabastecido de cédulas e não era possível fazer saques.

No centro de Porto Alegre, que ainda está parcialmente embaixo d'água, agências da Caixa não abriram.

A poucos metros da agência em que estavam Maicon, César e Nathalia, havia outra, sem filas. Entretanto, o estabelecimento indicava estar fechado por falta de água.

Uma agência no bairro Azenha também viu movimento durante todo o dia.

No bairro São Sebastião, na zona norte, o estabelecimento que fica na avenida Baltazar de Oliveira recebeu beneficiários, a maioria residente do bairro Sarandi, um dos que mais foram invadidos pelas águas do Guaíba.

Segundo a Fasc (Fundação de Assistência Social e Cidadania), dos mais de 70 mil beneficiários do Bolsa Família em Porto Alegre, 2.000 não possuem conta bancária, o que significa que necessitam do documento para validar o pagamento nas agências.

O benefício do Bolsa Família pode ser sacado em agências da Caixa, postos de atendimento bancário e unidades lotéricas.

Dos 497 municípios gaúchos, 461 foram afetados pelas enchentes. O desastre deixou 154 mortos no estado e 98 pessoas ainda estão desaparecidas. Ao todo, 540 mil pessoas foram desalojadas.

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