Descrição de chapéu Energia Limpa

Banco do Nordeste quer financiar energia sustentável para micro e pequenas empresas

Estratégia do banco de desenvolvimento é captar recursos com entidades e organismos multilaterais nacionais e estrangeiros

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São Paulo

O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) pretende ampliar a capacidade de crédito a projetos de energias renováveis, segundo apresentação feita nesta terça-feira (28) a 200 investidores e analistas de investimentos, em São Paulo.

"Nessa discussão da descarbonização do mundo, o Nordeste tem uma oportunidade ímpar de participar, não só nessa parte de geração de energia eólica e solar, mas também as próximas fronteiras: energia eólica offshore e hidrogênio verde. O Brasil terá provavelmente o hidrogênio mais barato do mundo até 2030 e o grande foco é lá", afirma José Aldemir Freire, diretor de planejamento do BNB.

"Com o aporte R$ 1,4 bilhão do governo federal a gente pode alavancar até R$ 12 bilhões. Esse é o limite que podemos captar nos próximos anos das diversas fontes."

Entre os projetos está o lançamento de títulos verdes, mas ainda não há definição sobre valores nem prazos, de acordo com os executivos do banco.

Torres eólicas da cidade de Dom Inocêncio, no interior do estado do Piauí - Eduardo Anizelli -2.mai.24/Folhapress

Em 2023, o BNB aplicou R$ 11 bilhões em infraestrutura, valor parecido com o liberado para o orçamento deste ano, mas abaixo do necessário para suprir a demanda —em torno de R$ 40 bilhões por ano, segundo estudos. Dos R$ 11 bilhões, cerca de 70% a 80% foram direcionados para energia.

A estratégia do banco para bancar os investimento tem sido buscar cooperações com entidades e organismos multilaterais como o NDB (banco dos Brics) e o BID (Banco Intermaericano de Desenvolvimento); e os privados AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento) e KFW; além de contar com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Novo Fundo Geral de Turismo (Fungetur).

O plano está em fase inicial de planejamento e conversas. Não há estimativas de valor, volume e prazo para a captação dos recursos. "Uma coisa é certa: a gente quer estar participando disso, a gente não vai estar fora", disse o presidente do BNB, Paulo Câmara.

Entre 2021 e 2023, o Banco do Nordeste financiou 388 projetos, totalizando R$ 26,7 bilhões, a maioria com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Deste total, R$ 21,1 bilhões foram destinados via FNE Verde, R$ 511,1 milhões via FNE Inovação e R$ 5,1 bilhões via Proinfra.

Para 2024, o orçamento previsto é de R$ 8,1 bilhões nesse segmento para investimentos em toda a área de atuação do banco, que compreende todo o Nordeste e parte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

"É um banco que tem um porte prioritário por pequeno [empresário]. Se fala muito em energia renovável, e nós somos os grandes investidores da região nisso, mas o nosso foco, 60% da nossa atuação, é para micro e pequeno. Então essas práticas também têm que estar nomeadas a eles também", afirma Câmara.

"As energias [renováveis] têm que chegar a todos. Quem está no campo, na agricultura familiar, tem que ter acesso a linha de financiamento que possa gerar sua energia renovável na sua área de atuação e, mais na frente, até haver a discussão do excedente também poder gerar uma renda para essas pessoas. Esse conceito também precisa chegar às cidades, precisa chegar ao comerciante, ao pequenininho, poder ter realmente acesso a práticas sustentáveis que vão ajudar nos custos dele."

Freire acredita que será fácil captar os recursos porque o BNB "tem uma carteira praticamente dentro de casa, que é absolutamente capaz de absorver esses recursos". Para as energias solar e eólica, o diretor diz que são basicamente os mesmos atores que já tem até 15 anos de atuação na região.

"A gente precisa diversificar o funding, porque a região necessita disso. O FNE não é mais suficiente. Uma outra importância para a gente é que o banco precisa diversificar e diminuir a sua dependência do FNE. O banco é de desenvolvimento, mas também é um banco comercial", diz.

O BNB diz estar especialmente atento à discussão sobre o hidrogênio verde e seus investidores e compradores de diversas regiões do mundo.

O Piauí tem o principal projeto brasileiro para a produção de hidrogênio verde, com investimento estrangeiro de cerca de R$ 10 bilhões ao longo de dez anos. O empreendimento será instalado em Parnaíba, a 340 km da capital Teresina, na ZPE (Zona de Processamento de Exportação) do estado. Estão previstos 20 mil megawatts (MW) de potência, maior do que a capacidade da usina de Itaipu. A primeira etapa do processo deve ter início em 2027.

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