Descrição de chapéu Folhainvest juros Selic

Bolsa fecha em queda e dólar bate R$ 5,15, com IPCA e Fed no radar

Mercado analisa dados da inflação do mês de abril e segue de olho no exterior, em dia de declarações de integrantes do BC norte-americano

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São Paulo

A Bolsa brasileira fechou em queda de 0,46% nesta sexta-feira (10), a 127.599,57 pontos, conforme investidores analisavam dados da inflação do mês de abril e seguiam de olho no exterior, em dia de declarações de integrantes do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano).

O dólar, por sua vez, subiu 0,29%, cotado a R$ 5,157 na venda.

REUTERS

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do país, acelerou a 0,38% em abril, apontou nesta sexta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O dado ficou acima das projeções de analistas consultados pela Bloomberg, que previam avanço de 0,35%.

No acumulado de 12 meses, a inflação perdeu força e desacelerou a 3,69% –o menor patamar desde junho do ano passado, quando esteve em 3,16%, mas ainda acima da mediana das projeções de analistas de 3,66%.

Ainda assim, o resultado aponta para uma inflação dentro da meta perseguida pelo BC (Banco Central), cujo centro é de 3% em 2024, com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo e para cima.

"A recente divulgação do IPCA [...] sugere uma inflação em trajetória de aproximação à meta estabelecida. A expectativa é que o Copom continue a navegar entre a pressão por taxas de juros menores e a necessidade de manter a inflação sob controle, especialmente se novos dados do IBGE adicionarem complexidade ao debate", avaliou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Para Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, a queda de hoje ainda reflete a decisão dividida do Copom (Comitê de Política Monetária) na véspera, que reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,50% ao ano. A taxa de juros é o principal instrumento da autarquia para convergir a inflação à meta.

Ainda que a desaceleração do ritmo de cortes fosse esperada, a surpresa esteve na divisão do Comitê: todos os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram favoráveis a uma redução maior, de 0,5 p.p., enquanto os outros cinco dirigentes optaram pela de menor magnitude.

A divisão interna no Copom levantou temores sobre mudanças no perfil do colegiado e sobre um possível viés político na autarquia a partir de 2025, quando será formado um novo mandato. O presidente Roberto Campos Neto deixará o cargo ao final deste ano, assim como outros dois diretores, cujas vagas serão ocupadas por indicados do presidente Lula. O quadro formará, no ano que vem, uma maioria de dirigentes indicados pelo petista.

"[Isso] coloca maior incerteza quanto ao rumo das expectativas de inflação. Hoje vemos novamente a inflação implícita subindo, e isso está sendo refletido nos juros futuros, que também sobem, e acabam derrubando a bolsa", avalia.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,31%, ante 10,268% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,58%, ante 10,493% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,98%, ante 10,879%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,29%, ante 11,2%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,75%, ante 11,671%.

No exterior, os rendimentos dos títulos públicos do Tesouro dos EUA, chamados de Treasuries, também subiam. No contrato de dez anos —referência global para decisões de investimento—, marcava alta de 6 pontos-base, a 4,504%.

O dirigente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que as chances de uma nova alta nos juros dos EUA estão elevadas e "não podem ser descartadas", mas ainda se diz cauteloso em definir o tamanho da restrição.

Na semana passada, o Fed deixou sua taxa de juros de referência inalterada na faixa atual de 5,25% a 5,50%, onde se encontra desde julho. Operadores, que no final do ano passado chegaram a prever que o início da redução dos juros nos EUA poderia começar tão cedo quanto março, adiaram consecutivamente suas projeções, que agora apontam setembro como o momento provável do primeiro corte.

Num geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e quanto menos o BC afrouxar a política monetária local, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de "carry trade", em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.

Na cena corporativa, Petrobras recuou 0,71% nos papéis ordinários e 0,14% nos preferenciais, em meio a variações modestas dos preços do petróleo no exterior. Vale perdeu 0,34%, seguindo os preços do minério de ferro na China. Ambas as empresas são as de maior influência no Ibovespa, adicionando pressão ao índice.

Também entre as perdas, Magazine Luiza caiu 7,18%, mesmo após lucro líquido de R$ 27,9 milhões no primeiro trimestre. Suzano perdeu 1,78%, com balanço do primeiro trimestre e possível oferta de aquisição da International Paper como pano de fundo.

Entre as altas, Alpargatas subiu 2,51%, após o balanço do primeiro trimestre mostrar lucro líquido consolidado de R$ 24,7 milhões, revertendo prejuízo de quase R$ 200 milhões um ano antes.

Ações preferenciais do Itaú Unibanco subiram 1,23% e as ordinárias, 1,14%, em recuperação após queda na véspera.

Na quinta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 1,00%, a 128.188,38 pontos, e o dólar avançou 1,03%, atingindo R$ 5,143 na venda.

Na semana, a moeda norte-americana acumulou ganho de 1,75%; o Ibovespa, perdas de 0,68%.

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