Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta sexta-feira (24). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:
Haddad e o super-ricos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta do Brasil de taxar bilionários, levada ao G20, ganhou força entre os países —entre eles, a França.
↳ O Brasil é sede de diversos encontros do grupo neste ano. Em novembro, os chefes de estado se encontrarão no Rio de Janeiro.
O que a proposta prevê: um imposto de 2% sobre o patrimônio de quem tem mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,15 bilhões).
O relatório foi elaborado a pedido do governo brasileiro pelo economista francês Gabriel Zucman. Nas contas dele, o plano renderia US$ 250 bilhões (R$ 1,28 trilhão) aos países.
Em entrevista à Folha, o economista defende que a tragédia recente das chuvas no Rio Grande do Sul reforça a necessidade de taxação dos bilionários.
Mais bilionários do que nunca. O ranking anual da revista Forbes registra 2.781 no mundo, com fortuna somada de US$ 14,2 trilhões (R$ 73,05 trilhões). No Brasil, são 69 bilionários.
↳ São 41 pessoas a mais do que em 2023 e 26 a mais do que em 2021, ano do último recorde.
O empresário Bernard Arnault se consagrou como o mais rico do mundo pelo segundo ano consecutivo. Dono de grifes como Louis Vuitton, Christian Dior e Tiffany & Co, o francês de 74 anos tem um patrimônio estimado em US$ 233 bilhões.
Elon Musk e Jeff Bezos vêm em segundo e terceiro lugar.
O que pensam? Um grupo de mais de 250 milionários e bilionários produziram uma carta no começo do ano pedindo mais impostos sobre suas fortunas. Entenda por que aqui.
↳ Na lista, estão figuras como Abigail Disney, herdeira do império Disney; Ise Bosch, neta do industrial alemão Robert Bosch; e o ator da série Succession, Brian Cox.
↳ O único brasileiro signatário é João Paulo Pacífico, fundador do grupo de investimentos Gaia.
Reportagem do Financial Times mostra que, com mais jovens na lista de bilionários ano após ano, a atenção a desigualdades tem crescido no grupo.
EUA são contra. Nesta semana, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse que o país não é a favor de criar um imposto global sobre a fortuna de bilionários. O assunto é sensível para o presidente Joe Biden, que tenta a reeleição.
Para aprofundar na discussão: Taxação de bilionários não é mais de direita ou esquerda, diz Nobel de Economia.
Menos imposto, mas sem álcool
A cerveja sem álcool vai escapar da cobrança de um imposto "extra" previsto pela reforma tributária sobre o álcool e outros produtos nocivos.
↳ Com isso, a bebida terá uma carga de impostos menor que a da cerveja normal e de refrigerantes. Veja os detalhes.
Entenda: hoje, tanto a cerveja com álcool quanto a sem álcool pagam um mesmo IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), de 3,9%.
↳ Esse é um dos cinco impostos que vão acabar com a reforma tributária. A cobrança federal será substituída pelo imposto seletivo, que "pune" o álcool e a adição de açúcar, deixando de fora a cerveja zero.
- Também escaparam da tributação seletiva: néctar de fruta, bebidas à base de soja, leite e cacau e elaboradas a partir de vegetais.
Mais álcool, mais impostos. Vinhos, espumantes e demais bebidas alcoólicas têm um IPI maior que o da cerveja, que acompanha a gradação de álcool. No novo sistema, a ideia é manter essa lógica no imposto seletivo.
A bebida vai ficar mais cara? Não. A promessa do governo é manter a carga de tributos, fazendo apenas uma migração de impostos.
Produtos punidos. Veículos mais poluentes, embarcações a motor e aeronaves, fumo, petróleo, gás natural e minério de ferro também deverão sofrer a tributação extra.
- A ideia é desestimular o consumo dos produtos, que geram custo social e para a saúde pública. Veja lista.
Em tramitação. A regulamentação da reforma tributária, aprovada em 2023, está em tramitação no Congresso desde abril, quando o governo enviou seu projeto. Veja aqui os detalhes em 10 pontos.
A reforma acaba com os cinco impostos atuais que incidem sobre bens e serviços: ISS (municipal), ICMS (estadual), IPI, PIS e Cofins (federais).
No lugar, são criados dois: CBS (federal) e o IBS (estados e municípios) —além do imposto seletivo para casos especiais como o álcool.
Tem mais. Os impostos hoje são cobrados na origem do produto ou serviço, e cidades e estados têm suas regras próprias de ISS e ICMS.
↳ O resultado? Um sistema complexo e que permite disputa entre as regiões do país com base em isenção fiscal.
No futuro. Os dois novos tributos serão cobrados no local de consumo, e não mais onde são produzidos, e terão uma alíquota única para qualquer lugar ou produto, fora as exceções (veja abaixo).
↳ A reforma também acaba com a cobrança de impostos sobre impostos, dando mais transparência ao valor total pago ao longo de uma cadeia de produção e para o consumidor final.
A ideia original da reforma era cobrar um mesmo IBS e CBS para o máximo de bens e serviços possível. Isso garantiria um imposto mais baixo e uniforme.
Sim, mas… No novo sistema, uma série de exceções foram criadas, como:
- alíquota zero para a cesta básica (veja aqui os 18 alimentos);
- alíquota mais baixa para profissionais liberais como advogados;
- alíquota mais baixa para o setor de educação.
Com as exceções já aprovadas, o governo calcula que os dois novos impostos vão ter alíquota de 26,5% (17,7% para estados e municípios; 8,8% para o governo federal).
↳ Uma preocupação entre economistas é que a tramitação atual no Congresso, com previsão de votação em plenário em 60 dias, crie novas exceções e aumente esse valor.
O preço de um "Uber voador"
As primeiras passagens aéreas num "carro voador", formalmente conhecido como eVtol, devem custar ao menos US$ 100 (R$ 513).
A estimativa é da Gol, que tem 250 encomendas de aeronaves à britânica Vertical Aerospace.
↳ A Azul também aposta no novo mercado e vê um nicho, com altos preços no começo. A companhia tem encomendas dos carros voadores da alemã Lilium.
O que são os eVtols? Mais leves, silenciosos e baratos que helicópteros, os veículos são apontados como o futuro da mobilidade urbana e estão sendo projetados por diversas indústrias do setor aéreo. Aqui você pode ver alguns modelos.
Mas… Ainda não há regulamentação. No Brasil, a agência de aviação Anac está com uma consulta pública aberta para receber sugestões.
O setor se reuniu em São Paulo nesta semana para discutir os rumos dos carros voadores. Modelos de diversos fabricantes foram expostos no Expo Center Norte, na zona norte da capital.
O maior desafio… É o custo da operação, segundo a Gol. Para manter uma passagem na faixa de US$ 100, mesmo num trecho curto, o serviço deverá ser altamente produtivo, funcionando 12 horas por dia. Faltam também lugares para pousar e decolar.
↳ A oferta de energia pode ser mais um gargalo. O consumo de uma base de decolagens é estimado pela companhia aérea como de 1MW/hora (suficiente para abastecer o consumo médio de 1.000 casas).
Made in Brazil. A brasileira Embraer é uma das empresas que saiu na frente neste mercado, lançando a marca Eve. Há algumas semanas, ela divulgou imagens que mostram o protótipo do seu carro voador em escala real.
↳ A Embraer tem encomendas prévias de 3.000 unidades de eVtols, previstos para serem lançados em 2026.
Quem é o público alvo? Pessoas de alta renda que já usam helicópteros e pessoas que precisam se conectar a aeroportos. A consultoria Deloitte prevê que as primeiras operações comerciais para esse grupo devem começar em 2025.
- Executivos e turistas só deverão começar a usar os serviços, aos poucos, em 2028.
O setor estima que Rio de Janeiro e São Paulo vão representar um mercado de eVtols com potencial de US$ 7,3 bilhões (R$ 37,6 bilhões) de receita até 2040.
Quer saber mais? Conheça o setor de eVtols aqui.
Para assistir
- "Artificial Gamer" — no Youtube e Apple TV
Antes do ChatGPT estourar em 2023, a inteligência artificial da OpenAI já tinha batido alguns marcos.
O documentário "Artificial Gamer" mostra como a empresa treinou seu modelo OpenAI Five para vencer uma equipe de campeões do jogo Dota 2 em 2019.
O filme mostra o início do desenvolvimento da IA na empresa, antes do aporte da Microsoft de US$ 1 bilhão no mesmo ano, considerado fundamental para a criação do ChatGPT.
Hoje, a OpenAI lidera a corrida da inteligência artificial generativa.
↳ Mais sobre os últimos lançamentos em inteligência artificial aqui e aqui.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.