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Petrobras tem que acelerar exploração de petróleo, diz nova presidente

Em primeira entrevista, Magda Chambriard afirma ainda que estatal é 'capaz de garantir retorno aos acionistas'

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Rio de Janeiro

Em sua primeira entrevista após assumir a presidência da Petrobras, Magda Chambriard indicou um reforço na estratégia de buscar novas reservas de petróleo, o que é questionado por organizações ambientalistas em meio à crise climática e a tragédias como as cheias no Rio Grande do Sul.

Magda tomou posse na última sexta-feira (24) e, em sua fala pública, defendeu a exploração da margem equatorial, disse que a estatal não entrará em negócios que não dão lucro e que recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a missão de gerir a empresa com "respeito à sociedade brasileira".

Magda Chambriard, nova presidente da Petrobras, durante sua primeira entrevista coletiva, nesta segunda (27)
Magda Chambriard, nova presidente da Petrobras, durante sua primeira entrevista coletiva, nesta segunda (27) - Pablo Porciuncula/AFP

"Temos que tomar muito cuidado com a reposição das reservas, a menos que a gente queira aceitar o fato de que podemos voltar a ser importadores, o que para mim está fora de cogitação", afirmou. "O esforço exploratório dessa empresa tem que ser mantido, tem que ser acelerado."

"Temos novas fronteiras importantes a perseguir, dentre elas a questão do Amapá, na bacia Foz do Amazonas, temos a bacia de Pelotas", continuou, defendendo que o impasse sobre o licenciamento de poços na região Norte do país seja resolvido pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).

O órgão reúne representantes de diversos ministérios, entre eles o MMA (Ministério do Meio Ambiente), e da sociedade civil.

"Esses assuntos têm que ser discutidos à luz da sua contribuição para a sociedade brasileira", disse. "Toda vez que a gente restringe essa discussão a uma instituição única, não expande a outras instituições, a sociedade sai perdendo."

Questionada sobre os efeitos da produção de petróleo sobre o clima e, especificamente, sobre as cheias no Sul, Magda defendeu que desastres como esse podem ocorrer por uma série de fatores e citou, entre eles, aterros sobre áreas antes alagadas. "Não vamos culpar o pré-sal."

A executiva foi indicada por Lula para substituir Jean Paul Prates, demitido na semana retrasada após longo processo de fritura, que ganhou força após sua abstenção em votação sobre dividendos extraordinários sobre o lucro de 2023.

Após recuar em relação à proposta de reter 50% dos dividendos extraordinários sobre o lucro de 2023, o governo determinou à empresa que decida até o fim do ano se distribui os 50% restantes. "Precisamos ver como isso se encaixa, o que vem pela frente, o que queremos acelerar", afirmou Magda.

A nova presidente da Petrobras garantiu a manutenção da política de preços dos combustíveis atual, que foi implementada por Prates em 2022 cumprindo promessa de campanha de Lula. A politica, disse, reduziu os preços internos e garantiu estabilidade ao consumidor sem dar prejuízo à Petrobras.

E, também como Prates, defendeu que a gestão da empresa tem que se equilibrar entre os interesses do governo, acionista majoritário, e de acionistas privados. "A Petrobras é perfeitamente capaz de garantir retorno aos acionistas, sejam eles privados ou governamentais, da melhor forma, com muito empenho."

Nesta segunda, ela sinalizou uma mudança de discurso em relação à transição energética, um dos pilares da gestão de seu antecessor. Falou pouco sobre tema e, quando questionada, citou iniciativas como a captura de carbono.

O governo espera que ela toque uma agenda prioritária de projetos, que inclui recompra de refinarias, encomendas a estaleiros nacionais, e apoio à criação de polo gás-químico em Minas Gerais, base eleitoral do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Magda afirmou conhecer as promessas de campanha do presidente e tentará cumpri-las, mas sem dar prejuízo à companhia.

Citou entre as prioridades, além da reposição de reservas, a busca por novos mercados para gás natural e garantia de "igualdade de condições" a fornecedores nacionais de equipamentos —a gestão anterior era criticada por arrendar plataformas, serviço oferecido principalmente por empresas estrangeiras.

Ela afirmou que ainda não decidiu por mudanças na diretoria, mas que considera natural que novos gestores busquem nomes mais alinhados para seu entorno. E que ainda não teve tempo de se debruçar sobre o tema dividendos, que ajudou a derrubar Prates.

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