Descrição de chapéu Chuvas no Sul

Tragédia no RS é o maior sinistro enfrentado pelas seguradoras no Brasil, diz setor

De acordo com CNseg, ocorrências acionadas no estado já somam R$ 1,7 bilhão

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São Paulo

A CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) estima que os sinistros já acionados no Rio Grande do Sul em decorrência das enchentes de maio somam um impacto de R$ 1,673 bilhão.

O valor final, porém, ainda é incerto, já que apenas uma pequena parcela dos clientes acionou suas seguradoras que, por sua vez, não conseguiram avaliar de forma adequada o custo real dessas ocorrências. Foram 23.441 sinistros relacionados às enchentes e inundações no RS reportados de 28 de abril a 22 de maio.

"Seguramente, o valor final será muito maior. Sem dúvida, essa é a maior indenização de um único evento que o setor já enfrentou no país", disse Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira (24).

Carros boiam ao longo da BR-116
Estragos causados pelas enchentes ao longo da BR-116, em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre. - Pedro Ladeira/Folhapress

O executivo também pondera que ainda não é possível estimar se o impacto final será maior que o registrado em todos os anos de pandemia. Ao todo, foram R$ 7,5 bilhões pagos apenas em seguros de vida para as vítimas de Covid-19. Nos planos de saúde, o gasto com a doença somou R$ 30,4 bilhões, de março de 2020 a fevereiro de 2023.

"Na pandemia, o setor excepcionalmente ofereceu uma cobertura maior, pois essa cobertura [contra pandemia] não era um produto ofertado no mercado, e o seguro de vida assumiu essa responsabilidade. No caso das enchentes, era um produto ofertado pelo mercado. As pessoas optaram por não contratar", disse Oliveira.

Segundo a Defesa Civil do RS, o número de mortos em decorrência das enchentes no estado era de 163 na noite de quinta (23). Ainda há 64 pessoas desaparecidas e outras 806 feridas. O órgão aponta que 21,5% dos gaúchos foram afetados pela tragédia, que afetou 95% das cidades do Rio Grande do Sul.

De acordo com a CNseg, o maior impacto material já registrado pelos gaúchos, por enquanto, vem das apólices de automóveis. São 8.216 sinistros acionados, que somam um custo estimado em R$ 557,4 milhões.

O maior número de ocorrências informadas, porém, é em seguros residenciais e habitacionais. São 11.396 sinistros informados, com um custo potencial de R$ 239,2 milhões.

"Em automóveis é mais fácil estimar o impacto, porque o seguro total, que mais de 90% das pessoas contratam, tem cobertura para alagamentos. Em residencial, porém, a cobertura para alagamento é muito baixa", afirma Oliveira.

O segundo maior custo registrado é no segmento de "grandes riscos", que são seguros patrimoniais para empresas, instituições ou coletividades, que garantem a integridade de imóveis e seus conteúdos, como máquinas, móveis, utensílios, mercadorias e matérias-primas, com custo total acima de R$ 15 milhões. Até o momento, esses chamados giram em torno de R$ 507 milhões.

Segundo a CNseg, o impacto no agronegócio deve ser menor do que as secas que a região enfrentou nos últimos anos. Por enquanto, são 993 avisos de sinistro, com uma estimativa de impacto de R$ 47 milhões.

"As secas de 2022 foram muito severas no agro, em particular no Rio Grande do Sul. Mas, esse número, certamente, será muito maior à medida que os sinistros forem efetivamente avisados e as indenizações estimadas", disse Oliveira —naquele ano, o impacto das secas para aoi de R$ 8,8 bilhões.

Apesar dos altos valores, as seguradoras estão com recursos em caixa, com robustas reservas técnicas. "O sistema brasileiro está plenamente preparado. As seguradoras têm recursos o suficiente para arcar com esse evento", afirmou Oliveira.

Devido à tragédia, o setor prorrogou o vencimento das apólices na região e está concedendo algumas indenizações sem necessidade de averiguação, em poucos dias.

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