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Vila Guilherme se valoriza, mas carece de eixos de transporte

Valor de apartamentos na região subiu 12,8% de março de 2022 a fevereiro de 2024

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Paulo Vieira
São Paulo

Limitada pela marginal Tietê, pelos shoppings Center Norte/Lar Center e pela confusão urbana que é a zona norte, a Vila Guilherme não é uma preferência unânime do paulistano.

Mas o bairro tem lá seus atrativos, como o parque do Trote e o próprio Center Norte, referência máxima como centro de compras além-Tietê.

Segundo a Embraesp, os apartamentos novos na região valorizaram 12,83% entre março de 2022 e fevereiro de 2024 em comparação ao biênio anterior. No site Quinto Andar, o valor médio de locação por ali é de R$ 2 mil; o de compra, R$ 591 mil.

Frequentadores do parque do Trote, na Vila Guilherme
Frequentadores do parque do Trote, na Vila Guilherme - Rubens Cavallari/Folhapress

Uma das construtoras a apostar suas fichas na região é a Plano&Plano. O Plano&Vila Guilherme possui apartamentos de um e dois dormitórios numa das artérias do bairro, com unidades anunciadas em torno de R$ 300 mil, valorização de cerca de 20% em relação ao lançamento.

Renée Silveira, diretora de incorporação da Plano&Plano, disse à Folha que a Vila Guilherme, bairro para ela ainda bastante horizontalizado, tem hoje potencial de construção baixo em relação à metragem dos terrenos, o que tende a afastar as construtoras. Faltariam eixos de transporte estruturantes, vetores de aumento do coeficiente de construção.

Para a executiva, isso pode mudar mais à frente, como possível desdobramento das transformações urbanas da região em que a Vila Guilherme se insere, o chamado Arco Tietê, objeto de plano estratégico em discussão pela Câmara Municipal de São Paulo.

Se pega leve na Vila Guilherme, a Plano&Plano está bastante presente na zona norte, com projetos principalmente nos bairros cortados pela Linha 7 da CPTM, como Pirituba e Jaraguá. Assim como Tellio, da Eztec, Silveira chama a atenção para a fidelidade do morador da ZN. "Quem é de lá, quer ficar por lá."

O parque do Trote puxa a arborização do bairro, de 13%, segundo os mapas produzidos pela Folha com base no Cadastro de Contribuintes Mobiliários da prefeitura. O bairro tem um terço de residências e elas praticamente se concentram no lado norte, acima da rua Chico Pontes.

Com eixos estruturantes ou não, o bairro mudou bastante, e as biografias de figuras célebres da região hoje parecem inverossímeis, quando não francamente mentirosas, como a do senhor Agenor, dono de um zoológico que existiu por mais de 30 anos no bairro. Ele teria morrido após um ataque de ciúmes da elefanta Bruma. Reza a lenda que os macacos do zoo divertiam-se atirando fezes nos espectadores.

Daquele tempo sobreviveu, pode-se dizer, o apoio a políticos de direita. Junto com a vizinha Vila Maria, a Vila Guilherme foi o reduto máximo do janismo na capital paulista, e ambas preferiram Jair Bolsonaro a Lula em 2022, entregando 55,8% dos votos ao ex-presidente.

No compilado de dados da Quinto Andar, avaliações de moradores locais mostram ainda que 59% consideram o bairro bem iluminado; para 67%, a Vila Guilherme também tem suas ruas seguras. Ao que parece, a vida ficou um pouquinho melhor no pedaço sem os macacos do senhor Agenor por perto.

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