Desoneração da folha de pagamento respinga na gasolina, Netflix 'namora' parceria com a Globo e o que importa no mercado

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Victor Sena
São Paulo

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Sobrou até para a gasolina

A novela da desoneração da folha de pagamento respingou no preço da gasolina. Na última semana, o ministério da Fazenda propôs uma MP (Medida Provisória) que restringe créditos dos impostos PIS/Cofins.

↳ Esses créditos são gerados quando uma empresa compra um insumo com os tributos embutidos. Hoje, eles permitem uma série abatimentos. A ideia é restringir o benefício. Entenda melhor aqui.

Empresários e políticos reagiram mal, e a equipe econômica abriu espaço para negociações.

↳ O governo não abre mão do entendimento do STF, de que é obrigatório definir uma compensação manter a folha de 17 setores desonerada. O problema é que o Congresso discorda sobre como fazer isso.

↳ A perda de receita é calculada em R$ 26,3 bilhões neste ano.

Impacto na gasolina. A MP tende a aumentar os custos para empresas com o fim do benefício fiscal. O setor de distribuição de combustíveis afirma ser um dos mais impactados. A Ipiranga alertou para repasses à gasolina já nesta terça-feira. Outras distribuidoras foram procuradas, mas não responderam à Folha até o fim da tarde de ontem.

↳ Estimativas apontam um impacto de pelo menos R$ 10 bilhões ao setor, o que pode levar a uma alta da gasolina de 4% a 7%. No diesel, o impacto seria de 1% a 4%.

Vale lembrar que… as contas do governo precisam fechar no zero a zero este ano e no próximo, como determina o novo arcabouço fiscal. Desde 2023, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca receitas extras para reverter o rombo do ano passado e da maior parte da última década.

Em evento neste sábado (8), o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, defendeu a medida e disse que o déficit zero só será cumprido com alguma alternativa.

Relembre. A desoneração da folha foi criada em 2011, na gestão Dilma Rousseff (PT), e prorrogada sucessivas vezes. A medida permite pagar alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta em 17 setores da economia, em vez de 20% sobre a folha de salários para a Previdência.

↳ Entre os setores está o de comunicação, no qual se insere o Grupo Folha, empresa que edita a Folha. Também são contemplados calçados, call center, confecção e vestuário, construção civil, entre outros.

Para aprofundar:

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Empresas brasileiras, negócios americanos

Grandes empresas brasileiras aumentaram o interesse em investir nos Estados Unidos. A ideia é aproveitar incentivos financeiros do governo Biden para projetos "verdes".

↳ Raízen, WEG e Gerdau são alguns exemplos.

↳ Foram nove anúncios de investimento direto no primeiro trimestre, mais metade do anunciado em todo o ano passado

Incentivos. Os Estados Unidos têm um programa de incentivo a projetos de transição energética, batizado de Lei para Redução da Inflação.

Entenda. A ideia é o reforçar a industrialização do país, com mais sustentabilidade, e deixar o país menos dependente da China. O programa pode refletir em uma diminuição de 35% a 43% nas emissões até 2030.

Em números:

↳ Os incentivos somam US$ 400 bilhões (R$ 2,1 bilhões), mas devem passar do patamar até 2033;

↳ 304 projetos foram aprovados. Metade são de empresas de fora dos EUA;

↳As áreas de atuação são: veículos limpos (44%), energia solar (22%), baterias (16%), outros (6%), eólica (6%), redes (4%.).

Apesar do alto custo, as empresas brasileiras são líderes em seus mercados, com tamanho para explorar novos negócios.

Especialistas ouvidos pela Folha também reforçam que nenhuma delas afirma que deixará projeto no Brasil de lado. A Raízen, por exemplo, quer explorar a produção do chamado etanol de segunda geração (E2G) também em solo americano.

Novos tempos. Como o ranking mostra, carros menos poluentes são a pauta mais forte. Nos EUA, os preços dos modelos com alta autonomia de bateria — acima de 480 km — já baixaram e estão mais baratos do que intermediários a combustível.

↳ O mais acessível é o Hyundai Ioniq 6 de 2024. São 580 km de autonomia e um preço 25% abaixo da média, de US$ 47 mil (R$ 251 mil).

↳ A Folha tem uma ferramenta para comparação de autonomia entre os principais elétricos do mercado. Veja aqui.

Parceiros. O acesso de empresas brasileiras aos benefícios seria mais fácil se o país tivesse algum tipo de acordo de livre-comércio com os EUA, que baratearia as remesses entre as subsidiárias de um grupo, por exemplo.

↳ A expectativa é de um acordo em relação aos chamados minerais críticos, essenciais para a transição energética, como o lítio. O anúncio deve ser feito ainda este ano, no encontro de líderes do G20 no Rio de Janeiro. Veja a entrevista com a embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley.

↳ Entenda por que há uma corrida pelo lítio e como ela afeta o Brasil.

Relação Brasil x EUA. A relação entre Brasil e Estados Unidos completou 200 anos em maio, mês em que o país reconheceu a independência do Brasil em 1824. Esta série da Folha mostra o histórico entre os países, com aproximações e afastamentos.

Para aprofundar:


Netflix 'namora' parceria com a Globo

Com uma leva de produções locais recentes, a Netflix afirma que mantém conversas de parceria com grandes redes da América Latina. Entre elas, a Globo.

Em entrevista à Folha, Francisco Ramos, vice-presidente de conteúdo da plataforma para a região, afirma que o momento para isso, no entanto, ainda não chegou. Veja aqui.

↳ Ele afirma que as empresas têm relações amigáveis, que há concorrência, mas também possibilidades de parcerias e complementação, considerando principalmente a penetração da TV aberta no Brasil, onde a banda larga nem sempre é acessível.

"Made in Brazil". Na entrevista, o executivo afirma que a estratégia para os mercados latinos mudou. Agora, as produções são selecionadas de forma mais alinhada com o público. O objetivo da companhia é ser vista como um "agente local". Entre os últimos anúncios de produções locais estão 'Diário de um Mago', de Paulo Coelho, e um filme sobre o jogador Vini Jr.

↳ A série 'Senna', baseado na história do piloto brasileiro, e o melodrama 'Pedaço de mim', com Juliana Paes, são outros exemplos.

Anúncios na Globo. Para promover a série 'Bridgerton' no Brasil, a Netflix apostou na TV tradicional e fez uma propaganda no 'Mais Você' no mês de maio pelo preço de R$ 560 mil. Ana Maria Braga comentou sobre as novidades da nova fase da produção e disse ser fã. A intenção foi atrair um novo público feminino para o seriado.

Concorrência. O Globoplay, da Globo, foi criado como uma reação do grupo ao crescimento do streaming, enquanto a TV tradicional perde audiência. Grandes redes de entretenimento como Warner Discovery, dona da HBO, Disney e Paramount fizeram o mesmo. Hoje, elas lutam por assinantes contra a pioneira Netflix.

↳Na corrida, porém, grandes estúdios perderam US$ 5 bi (mais de R$ 25 bi), em 2024, segundo o Financial Times. A Disney+, por exemplo, só alcançou lucro neste último trimestre.

O número de assinantes no mundo ajuda a explicar a vantagem da gigante Netflix. Aqui o ranking da Statista, plataforma alemã que compila dados de empresas e mercado:

1 — Netflix (269,6 milhões)

2 — Amazon Prime (200 milhões)

3 — Disney+, que reúne o Star+, ESPN+, com Hulu (153,6 milhões)

4 — Max, que reúne HBO, Warner e Discovery (97,6 milhões)

5 — Paramount+ (71,2 milhões)

Já no Brasil… A Globo segue na cola da Netflix. As empresas não divulgam os números de assinantes, mas o Globoplay aparece em 2º colocado no ranking de audiência da Kantar Ibope Media. Em terceiro, estão Amazon Prime, seguido da Max, Star + e a Disney+.

Levantamento da Folha mostra que as assinaturas no Brasil aumentaram cerca de 40%


Startup da semana: Loopify

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente

A startup: fundada pelos co-fundadores da startup Semexe, a Loopify oferece uma plataforma de "re-commerce" para empresas, também conhecido como "economia circular". O termo se refere à tendência de venda de produtos de segunda mão pelas próprias marcas. No serviço, as marcas clientes da Loopfy cria seus sistemas para recolhimento de produtos, fornecimento de pontos e créditos.

Quem investiu: Hiker Ventures, fundo de venture capital da gestora AF Invest.

Em números: foram captados R$ 4 milhões. O time tem 25 pessoas.

Que problema resolve: permite que marcas mantenham contato com clientes, oferecendo crédito para novas compras ao coletar produtos usados. A Loopify quer ajudar a expandir a tendência de usados às lojas oficiais, dando mais opção de preços baixos ao público consumidor brasileiro.

Por que é destaque: a economia circular cresceu nos últimos anos com o apelo da sustentabilidade. Gigantes como Apple, Nike e até Rolex têm seus próprios canais de venda de produtos de segunda mão. A tendência permite renovar a relação com os clientes preferenciais das marcas e abre portas para outros públicos.

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