Restrição financeira ameaça pesquisas do IBGE, diz Pochmann

Presidente afirma que instituto também enfrenta dificuldades para pagar aluguel e viagens

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, afirmou nesta quarta-feira (26) que o órgão está submetido a uma restrição orçamentária que "não é pequena".

Segundo o economista, o quadro ameaça até a realização de pesquisas conjunturais, embora isso não seja considerado um risco imediato.

Indicadores de inflação, desemprego e setores econômicos como comércio, serviços e indústria fazem parte dos trabalhos conjunturais produzidos pelo IBGE.

Marcio Pochmann, presidente do IBGE, durante sua cerimônia de posse em 2023
Marcio Pochmann, presidente do IBGE, durante sua cerimônia de posse em 2023 - Gabriela Biló - 18.ago.2023/Folhapress

De acordo com Pochmann, o orçamento previsto para o instituto é de quase R$ 2,7 bilhões em 2024, mas o órgão ainda depende da liberação efetiva de recursos para suas atividades.

"Nós temos orçamento, mas, se não houver liberação financeira, esse risco está presente", disse Pochmann ao ser questionado por jornalistas sobre a ameaça a pesquisas conjunturais do IBGE.

A declaração ocorreu em entrevista após um evento no Rio de Janeiro. A agenda marcou o lançamento da primeira versão digital do Anuário Estatístico do Brasil, uma das publicações do instituto.

No governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o IBGE está sob guarda-chuva do Ministério do Planejamento e Orçamento, comandado por Simone Tebet (MDB).

"Imagine faltar recurso para fazer pesquisas de preço, coisa desse tipo. Imagino que o governo não vai chegar a essa situação", declarou Pochmann.

"Ele está sabendo das nossas dificuldades. Não estamos na iminência de ter problemas dessa natureza, mas a gente está olhando o ano todo, o semestre todo", completou.

De acordo com o economista, indicado ao comando do IBGE por Lula, o aperto financeiro vem provocando uma série de reflexos no funcionamento da instituição.

Atrasos em pagamentos de aluguel de prédios, dificuldades com contas de luz e água e restrições a viagens seriam exemplos desse contexto.

"A instituição está submetida a uma restrição que não é pequena", disse Pochmann. "O IBGE é convidado para várias coisas. A gente só está indo se a instituição que convida pagar. Se ela não pagar, não tem recurso para isso."

O instituto também convive com ameaças de greve. Servidores cobram melhorias de salário e carreira no órgão.

A entidade sindical que representa os funcionários da casa, a Assibge, aprovou um indicativo de greve, enquanto tenta negociar com a direção do IBGE e o governo federal. Uma reunião para tratar do assunto está agendada para quinta-feira (27).

Pochmann reconheceu o que chamou de "problema salarial" no instituto, disse que a direção apoia pedidos do sindicato, mas sinalizou uma preocupação com eventuais atrasos de uma paralisação no cronograma de trabalho do órgão.

Conforme o economista, o IBGE não tem autonomia para definir mudanças em questões de carreira, o que ficaria a cargo do Ministério da Gestão e da Inovação.

"O IBGE é a maior instituição de pesquisa do país e tem cerca de 70% dos seus trabalhadores ganhando um pouquinho a mais de um salário mínimo", afirmou.

"A greve é um instrumento legítimo, está prevista na Constituição. Obviamente, nossa preocupação é com o plano de trabalho. A instituição tem um cronograma de atividades."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.