Argentina vai vender dólares no mercado paralelo de câmbio, diz ministro do país

Governo de Javier Milei tenta nova estratégia depois de aceleração da inflação em junho

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Patrick Gillespie Ignacio Olivera Doll
Bloomberg

O banco central da Argentina vai vender dólares americanos nos mercados de câmbio paralelos do país a partir de segunda-feira (15), uma medida que o ministro da Economia, Luis Caputo, chamou de "um aprofundamento do arcabouço monetário".

Caputo e o presidente Javier Milei começaram a detalhar uma nova estratégia neste sábado (13) que busca conter a crescente diferença entre a taxa de câmbio oficial da Argentina e as taxas paralelas negociadas nos mercados financeiros. Enquanto a taxa oficial do peso é de 919 por dólar devido aos controles cambiais, uma das principais taxas paralelas fechou na sexta-feira (12) em 1.405 por dólar.

Homem está falando ao microfone. Ele usa terno e tem cabelo grisalho.
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo - EMILIANO LASALVIA/AFP

Os aumentos de preços mensais começaram a acelerar levemente em junho pela primeira vez desde que Milei assumiu o cargo em 10 de dezembro, de acordo com dados do governo divulgados na sexta-feira. A inflação anual de 272% permanece uma das mais altas do mundo e está bem dentro do território de crise.

Caputo, que está na Conferência de Sun Valley em Idaho com Milei, disse que a autoridade monetária venderá dólares em um dos mercados paralelos de câmbio, conhecido como "contado con liquidacion", para compensar a emissão de pesos pela compra de dólares à taxa de câmbio oficial.

A partir de quarta-feira (17), os bancos venderão ao banco central suas opções de venda, garantias que a autoridade monetária havia fornecido para recomprar notas se elas caíssem abaixo de um certo preço, disse Caputo em uma entrevista de rádio no sábado, sem fornecer detalhes. As opções de venda representam outra fonte potencial de emissão monetária e um obstáculo-chave para a retirada dos controles de capital.

As medidas provavelmente poderiam agravar as preocupações contínuas do mercado de que o governo está permitindo que a taxa de câmbio oficial se torne muito sobrevalorizada ao manter controles cambiais rígidos. Elas também dificultariam ainda mais a capacidade do banco central de acumular reservas estrangeiras necessárias para retirar os controles em algum momento, e eventualmente pagar US$ 44 bilhões ao Fundo Monetário Internacional, bem como retornar aos mercados internacionais de dívida.

Funcionários do governo já projetam que o banco central perderá US$ 3 bilhões de reservas no terceiro trimestre. Depois de rapidamente reconstruir reservas esgotadas pela administração anterior no início do ano, o banco central tem lutado mais recentemente para construir reservas no mesmo ritmo que os exportadores vendem menos no exterior, expressando preocupação de que a moeda esteja muito sobrevalorizada.

Em uma entrevista no sábado, Milei se comprometeu a continuar lutando contra a inflação mantendo um equilíbrio fiscal.

"É preciso retirar esses pesos das ruas, e isso fará com que a diferença cambial caia", disse Milei, referindo-se à intervenção no mercado.

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