Descrição de chapéu tiktok

Fenômeno de mercado, Carmed lança nova colaboração com a Fini e quer vender 23 milhões de unidades

Hidratante labial, que movimentou R$ 1 bi em farmácias, ganha os sabores Minhoca, Amora e Amora Intensa

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São Paulo

Eles já sabiam, mas foi em 1º de abril deste ano que o CEO da Cimed, João Adibe Marques, e a vice-presidente Karla Felmanas tiveram noção do fenômeno que criaram.

Como parte de ação de marketing com o Burger King, os dois foram servir hambúrgueres em uma loja da rede de fast food em São Paulo. Viram pessoas esperarem até quatro horas na fila para comprar o lanche que tinha como brinde um hidratante labial Carmed comemorativo ao Dia da Mentira.

Mão segura três caixinhas coloridas em que está escrito Carmed e os sabores
Carmed lança os novos sabores de seu brilho labial: amora, amora intensa e minhoca - Divulgação

"A gente fabricou 35 mil unidades. Foi o dia que o BK [Burger King] mais vendeu hambúrgueres. Já me mandaram fotos de gente que está vendendo por R$ 600 este Carmed que demos de graça", diz Karla.

Não é o único que virou item de colecionador. Em marketplaces é possível encontrar outros exemplares hoje esgotados, como o distribuído também de forma gratuita no Rio de Janeiro para comemorar o show de Madonna. No Mercado Livre, por exemplo, pode ser comprado por R$ 400. O preço normal do produto varia de R$ 19 a R$ 30.

O Carmed é um fenômeno de vendas da Cimed, a terceira maior farmacêutica do país. A empresa faturou R$ 400 milhões com a marca em 2023, o que gerou receita de R$ 1 bilhão em farmácias.

Nesta quarta-feira (28), a companhia vai anunciar parceria com a Fini para o lançamento de três sabores: Minhoca, Amora e Amora Intensa, copiando três produtos que já existem da empresa espanhola de doces.

"Eles [do Fini] têm uma infinidade de balas. Amora é o sabor mais próximo ao batom e é um dos mais vendidos. Comer a bala ou passar Carmed [nos lábios] é algo muito parecido", afirma a vice-presidente.

Já o sabor Minhoca será o mais azedinho entre todos os já lançados, promete a Cimed.

As primeiras unidades foram fabricadas nesta semana. Na próxima segunda-feira (2), a Cimed pretende divulgar, em suas redes sociais, quando as novidades estarão disponíveis. É uma forma de controlar a ansiedade dos consumidores, diz Karla.

Carmed foi lançado em 2017, mas explodiu no ano passado quando fez a primeira parceria com a Fini. Depois disso, vieram outras "collabs" (como o mundo corporativo gosta de definir uma parceria) com outras marcas ou nomes populares nas redes sociais, como a boneca Barbie ou a cantora sertanejo Ana Castela. Antes do lançamento dos três novos produtos, eram 22 sabores diferentes.

Foram vendidas 18 milhões de unidades em 2023. Neste ano, a expectativa da fabricante é que este número chegue a 23 milhões, com faturamento de R$ 500 milhões. Trata-se de um desafio para a logística de distribuição em todo o Brasil. A Cimed tem 26 centros no país e 90 mil pontos de venda direta. Na nova parceria com a Fini, serão fabricados cinco milhões de hidratantes.

O Carmed virou um fenômeno de vendas, em grande parte, por causa de eficiente trabalho nas redes sociais. A própria Karla Felmanas é uma influenciadora com 1,4 milhão de seguidores no Instagram. Mas saber explorar a curiosidade de adolescentes, associar-se a uma marca de doces conhecida como a Fini e ter a participação de artistas como as atrizes Maisa e Larissa Manoela ajudaram.

A própria empresa reconhece que seu pulo do gato foi perceber um nicho de mercado: o desejo de crianças com cerca de dez anos e próximas de entrar na adolescência de usarem maquiagem ou produtos de beleza para a pele. Algo que os pais podem ser resistentes. A Carmed oferece uma alternativa lúdica, que remete à infância, mas satisfaz essa vontade.

"Existe um fenômeno nas meninas de 10 a 12 anos de usar skincare e make [maquiagem]. O Carmed, teoricamente, é uma make permitida para os pais. É algo infantil. Pode ser usado a partir dos dois anos. A gente ganhou a permissão da família para usar o Carmed. As mães também usam. Cria uma conexão", afirma Karla.

A Cimed tem registrados 39 fã-clubes do produto, alguns com mais de 100 mil seguidores.

O hidratante labial é um sucesso mercadológico, também, por saber lidar com as cobranças por escassez. Costuma dar respostas a usuários das redes sobre quando novas distribuições serão feitas e promove engajamento com informações reais e diretas. Segundo a vice-presidente, as contas são administradas pela própria Cimed e não por uma terceirizada. Isso auxilia, acredita.

A nova leva de Carmed, especialmente o sabor Amora, terá também a experiência de ver como o mercado reage a algo que se assemelha mais a um batom. O projeto é lançar, para este público a partir dos 10 anos, produtos de maquiagem.

"A gente está em desenvolvimento disso de make, até para entender esse universo. Queremos produtos que não ferem a infantilidade da criança. Pode ser o blush que é só um rosadinho, algo que seja uma introdução à maquiagem. Algo para esse público", diz Karla Felmanas.

Karla Felmanas vestindo um jaleco branco está em pé em um jardim, segurando dois produtos em suas mãos. Ao fundo, há um edifício amarelo com a palavra 'CIMED' em destaque. O céu está claro e ensolarado, e a área ao redor é bem cuidada, com plantas e grama.
A vice-presidente da Cimed, Karla Felmanas, com hidratantes labiais da marca Carmed

Por causa do Carmed, a venda de hidratantes labiais cresceu 90% no Brasil desde o ano passado. A fatia de mercado da Cimed chegou a 74%. A hashtag Carmed Fini tem 1,4 bilhão de visualizações no TikTok. Isso faz com que a vice-presidente conte, com orgulho, as histórias que ouviu sobre reuniões em outras empresas em que a pergunta feita para o desenvolvimento de novos produtos era: "qual é o nosso Carmed?"

MESMO SEM JEQUITI, CIMED BUSCA PERFUMES

Almejar a expansão para produtos de beleza ao público infantil não é o único plano da Cimed. A empresa, que tem 5.000 funcionários e faturou R$ 3 bilhões em 2023, quer também entrar no segmento dos cosméticos e perfumes.

Ela abriu negociações com o Grupo Silvio Santos para comprar a Jequiti Cosméticos. As conversas foram reveladas pelo F5, da Folha, no último dia 17. Divergências por causa do preço fizeram a transação não ser concretizada. Mas a Cimed está em busca de alternativas.

"Há outros players que estamos estudando", confirma Karla.

A projeção de Adibe é chegar a R$ 5 bilhões de faturamento até 2025.

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