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A moeda fraca da Noruega apresenta um mistério

A economia do país está prosperando, mas a coroa norueguesa está se tornando cada vez menos valiosa. O que está acontecendo?

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The Economist

O PIB per capita da Noruega é de US$ 94.600 (R$ 522.202), cerca de 11% acima do que o dos Estados Unidos. A taxa de desemprego do país é de 2%. O crescimento, embora desacelerando, tem sido maior do que o do restante da Europa nos últimos anos. E o fundo soberano da Noruega, capitalizado com receitas do petróleo, agora vale mais de US$ 300.000 (R$ 1.656 milhão) por habitante.

O que poderia ser melhor? Resposta: a moeda. Os noruegueses estão preocupados com a coroa, que desde o final de 2020 caiu 8% em relação a uma cesta de moedas ponderada pelo comércio e flertou com mínimas históricas em relação ao dólar e ao euro, após uma década de enfraquecimento mais lento.

Em um país que importa quase todos os seus bens de consumo, isso tem adicionado pressão inflacionária. O Norges Bank, o banco central da Noruega, está confuso sobre como a economia do país pode estar tão bem e sua moeda tão mal. Uma comissão oficial de moeda pode surgir.

Homem sorri enquanto discursa, ao seu lado está uma bandeira do Brasil, ao fundo tem uma porta de vidro
O ministro das Finanças da Noruega, Trygve Vedum, durante encontro com empresários no Consulado Honorário da Noruega em São Paulo, em fevereiro de 2024 - Divulgação/Consulado Honorário da Noruega em São Paulo

Uma explicação frequentemente citada para a queda de valor é o preço mais baixo do petróleo. Embora isso possa explicar parte da fraqueza, não explica por que a coroa não se recuperou com os preços da energia em 2021-22. Em vez disso, caiu em 2022 mesmo com o aumento dos preços do petróleo. Algo mais está em jogo.

Analistas da Apollo Asset Management apontam para as diferenças nas taxas de juros. À medida que o Federal Reserve aumentou as taxas agressivamente em 2022-23, a atratividade de manter dólares em vez de coroas aumentou.

O Norges Bank, em resposta à fraqueza da moeda, parece estar pronto para manter as taxas em 4,5% pelo resto deste ano, mesmo com cortes do Fed. Mas isso também não conta toda a história, uma vez que a coroa enfraqueceu em relação a muitas moedas, incluindo o euro, com o qual as taxas de juros divergiram muito menos.

Talvez seja uma questão de precificação anômala. Baixos volumes de negociação significam que anomalias podem persistir, já que grandes investidores estarão relutantes em entrar no mercado, dado que grandes intervenções vão interferir nos preços. O Banco de Compensações Internacionais, um clube de bancos centrais, coloca o volume de negociação da coroa em apenas US$ 125 bilhões (R$ 690 bilhões) por dia, contra US$ 2,3 trilhões (R$ 12,7 trilhões) para o euro.

Uma possibilidade final será a mais alarmante para os noruegueses. A coroa ainda pode estar supervalorizada, com sua longa queda sendo um retorno à normalidade depois que o país se tornou um refúgio seguro da turbulência econômica que atingiu a Europa há uma década.


O índice Big Mac da revista The Economist observa que um hambúrguer foi precificado em NKr74 (R$ 90,49) na Noruega contra US$ 5,69 (R$ 31,40) nos Estados Unidos em junho, implicando uma taxa de câmbio de NKr13 (R$ 6,67) para o dólar em comparação com a taxa de mercado de NKr11 (R$ 5,72). Uma queda adicional seria uma boa notícia para os turistas em Oslo, que não ficariam mais tão chocados com os preços. Seria menos bem-vinda para os consumidores noruegueses.

Texto do The Economist, traduzido por Ana Paula Branco, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado em www.economist.com

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