Descrição de chapéu casamento

Casamentos da pandemia têm festa na casa dos noivos e até rodízio de convidados

Novos enlaces têm transmissões online, preferência pelo ar livre e prenda por infração sanitária

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Empresas que organizam casamentos tiveram de se adaptar e trocar festas grandes por eventos enxutos —porém mais personalizados. Sempre que possível, as celebrações estão sendo feitas ao ar livre ou na casa dos noivos, com transmissão online.

O microwedding, cerimônia com até 40 pessoas, hoje figura como o formato mais comum. A proposta contempla casais que não querem mais adiar a celebração e buscam realizar o sonho com menor risco de contágio.

“Passamos de oito eventos por mês, antes da pandemia, para um a cada dois meses. Algumas pessoas não querem que a data especial passe despercebida e adaptam o casamento para o contexto atual”, diz Michel Abou Abdallah, 39, empresário do setor.

Acostumado a grandes eventos na Casa Sion Festas, que tem capacidade para até 500 pessoas em Belo Horizonte (MG), Abdallah passou a trabalhar com casamentos em residências.

Embora as celebrações sejam mais reservadas, os casais têm maior liberdade para fazer a decoração e ampliar a variedade de refeições, doces e itens personalizados.

Segundo Abdallah, as menores cerimônias reúnem dez pessoas e contam apenas com os pais do casal e familiares mais próximos como convidados.

Para que não ocorram problemas, antes é feita uma vistoria no imóvel com o objetivo de estabelecer o número possível de convidados e acertar os detalhes do evento. “Se os noivos pretendem convidar 40 pessoas, mas percebemos que o lugar não comporta esse número com a garantia de distanciamento social, somos obrigados a recusar”, diz o empresário.

Os casamentos realizados na casa dos noivos nem sempre são mais baratos. Diferentemente dos espaços próprios para eventos, que já contam com equipamentos e decoração, o trabalho de transformação de uma residência exige investimento.

Se os noivos optarem por fazer a transmissão ao vivo, mas o local não dispuser da estrutura de internet adequada, eles terão de desembolsar de R$ 4.000 a R$ 5.000 pelos equipamentos que garantem boa conexão, segundo Abdallah.

Incluído o pacote completo com decoração, cardápio, maquiagem e fotografia, a Casa Sion Festas cobra a partir de R$ 10 mil para os casamentos mais econômicos. Mas esse valor pode ultrapassar os R$ 100 mil caso os noivos decidam por artigos de luxo e mais quantidade de adereços.

Além das comemorações nas casas dos clientes, empresas também apostam no aluguel de espaços que permitem a celebração ao ar livre.

A assessoria para casamentos Afrowedding já oferecia em seu portfólio eventos em ambientes abertos mesmo antes pandemia, o que minimizou o impacto no faturamento, segundo Adriana Viana, 32, proprietária. Em outubro, por exemplo, a assessoria fez uma cerimônia no terraço do edifício Itália, no centro de São Paulo.

“Mas o cenário preocupa porque tínhamos nos preparado para lidar com a crise do coronavírus por um ano. A procura por novos agendamentos diminuiu muito.”

Para sobreviver, a empresa está oferecendo novos serviços. Uma das iniciativas é a ampliação do leque de ensaios fotográficos, feitos em períodos de maior flexibilização das restrições, outra é a criação de uma assessoria que ajuda os companheiros a elaborarem os pedidos de casamento.

Mensalmente, a empresa faz até duas celebrações. O serviço, que inclui planejamento, produção e execução, custa a partir de R$ 4.500.

Noivos que decidem levar em frente a cerimônia precisam se submeter a regras. Os grupos de músicos e as pistas de dança estão proibidos. No caso da Afrowedding, o cliente pode optar pela contração de um DJ ou artistas de voz e violão.

Nos serviços de buffet, empresas têm optado pela entrega de porções individuais, o que evita a exposição da comida e a circulação de garçons.

Organizadores também têm estimulado os convidados a seguirem medidas de segurança, distribuindo álcool em gel em embalagens com fotos divertidas do casal e máscaras personalizadas. Em alguns casos, são estabelecidas pequenas punições: se alguém desrespeita uma regra, por exemplo, paga uma prenda em dinheiro aos noivos.

Também há quem sinta mais segurança realizando cerimônias em locais mais vazios, no chamado elopement wedding (casamento de fuga, em português). O evento, geralmente restrito aos noivos e aos fornecedores, é realizado em lugares de descanso e lazer, no litoral ou no campo.

Na Wedding Show Assessoria em Eventos, esse formato custa de R$ 10 mil a R$ 12 mil, incluindo vestido da noiva, deslocamento e fotógrafo.

O casal pode passar a noite no local escolhido para a cerimônia ou fazer um bate-volta. Em São Paulo, os destinos mais procurados para o elopement wedding são os municípios litorâneos Ilhabela e Guarujá, segundo Igor Besserra, 25, proprietário da empresa.

“São locais pé na areia e que têm muita conexão com o natureza”, diz Besserra. “O elopement wedding é um tipo de casamento bastante posado, com ensaios fotográficos. Não tem a emoção do contato com amigos e familiares.”

Outro formato oferecido pelas empresas na pandemia são casamentos em sequência. Nele, os noivos realizam várias pequenas celebrações com poucos convidados.

Em uma cerimônia, o noivo pode optar por convidar os seus parentes. Na festa seguinte, é a vez da família da noiva, e assim em diante.

Alguns casais também têm optado por organizar o casamento por conta própria, contratando diretamente os fornecedores e serviços.

Cansados de esperar pelo fim da pandemia, a designer Gisele Tronquini e o servidor público Anderson Fonseca, ambos com 31 anos, decidiram fazer a cerimônia em casa, na Parada Inglesa, bairro da zona norte de São Paulo.

A designer industrial Gisele Tronquini e o servidor público Anderson Fonseca se casaram em casa, no bairro da Parada Inglesa, zona norte de São Paulo
A designer instrucional Gisele Tronquini e o servidor público Anderson Fonseca se casaram em casa, no bairro da Parada Inglesa, zona norte de São Paulo - Thaís Tronquini/Divulgação

Pais, irmãos e cunhados foram os dez convidados da festa, que se encarregaram também da compra de arranjos de flores para decoração e da fabricação de cerveja artesanal.

Já as máscaras foram personalizadas com o desenho das alianças entrelaçadas e dos pets do casal, que gastou cerca de R$ 2.600 com o evento.

“Antes, a estimativa era desembolsar aproximadamente R$ 40 mil com uma festança em bufê. Além de gastar menos, em casa me senti mais à vontade. Pude tirar os sapatos, por exemplo, sem ter aquela obrigação de circular e tirar várias fotos das festas grandes”, diz ela. “Foi tudo muito acolhedor. Apesar da pandemia e de não poder estar com mais pessoas queridas, ficamos felizes.”

Formatos populares de casamento no contexto atual e pós-pandêmico

Microwedding
Cerimônias mais intimistas, com até 40 pessoas; convidados são restritos a familiares e amigos mais próximos

Miniwedding
Eventos maiores que os microweddings, mas menores que as celebrações tradicionais; podem ter até cem convidados

Elopement wedding
Significa “casamento de fuga”; noivos viajam para local que oferece contato com natureza

Destination wedding
Diferentemente do elopement wedding, famílias e amigos são convidados para viajar junto aos noivos

Wedding week
Cerimônia que dura vários dias, com diferentes comemorações

Casamento em sequência
Vários pequenos eventos espaçados com rodízio de convidados

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.