Após 114 dias, jornalista da BBC é libertado na faixa de Gaza
Alan Johnston, o repórter da rede britânica BBC que ficou 114 dias mantido refém na faixa de Gaza, foi libertado nesta quarta-feira após um acordo selado entre o grupo islâmico Hamas e uma organização inspirada na rede terrorista Al Qaeda, que o seqüestrou em 12 de março.
"A coisa mais fantástica do mundo é ser livre. Foi uma experiência terrível", disse Johnston à BBC da casa do premiê Ismail Haniyeh, líder do Hamas, após ser libertado do cativeiro.
Johnston disse que ficou doente e permaneceu confinado, sem ver a luz do sol, pelos mais de 3 meses em que foi mantido refém. "Eu sonhei muitas vezes que havia sido libertado e, quando acordava, percebia que ainda estava naquela sala fechada. Agora, realmente acabou, e não é possível descrever o quanto é bom estar fora", disse Johnston, que fez 45 anos no cativeiro.
Tsafrir Abayov/AP |
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O repórter da BBC Alan Johnston acena após ser libertado em Gaza |
Ele descreveu ainda o período do seqüestro como a "pior época de sua vida" e disse que se sentia "enterrado vivo". O jornalista afirmou que temia por sua vida no cativeiro, principalmente quando foi forçado a gravar um vídeo vestido com um colete de explosivos.
Haniyeh, cujo movimento, o Hamas, tomou à força o controle da faixa de Gaza no mês passado, afirmou que a libertação do jornalista mostra que seu grupo pode "impor a segurança e a estabilidade na região".
Khaled Meshal, líder do Hamas exilado na Síria, afirmou à agência Reuters que a libertação de Johnston "contrasta com a anarquia" que prevalecia quando o partido rival Fatah --ligado ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas-- controlava Gaza.
No entanto, um assessor de Abbas rejeitou as declarações dos líderes do Hamas, dizendo que a libertação foi "um filme" e um "acordo entre ladrões" do Hamas e do Exército do Islã.
Abbas, por sua vez, comemorou a libertação, dizendo que o seqüestro "feriu todos os palestinos" e que todos os grupos armado em Gaza "devem ser dissolvidos".
Libertação
Diplomatas britânicos levaram Johnston de carro até o consulado em Jerusalém.
Johnston, que acompanhava o caso pelo rádio, agradeceu a população no mundo todo e os colegas pelo apoio que recebeu.
Em um comunicado, a BBC afirmou estar "extremamente aliviada" com o desfecho do caso.
A família do repórter disse estar "exultante" após ter vivido "um pesadelo".
O premiê britânico, Gordon Brown, também qualificou a libertação como "um grande alívio".
O jornalista descreveu seus seqüestradores como um "pequeno grupo extremista" que está mais interessado em "atacar o Reino Unido do que no conflito entre israelenses e palestinos".
Após a libertação, Israel afirmou que o Hamas deve agora libertar o soldado israelense Gilad Shalit, mantido refém há cerca de um ano desde que foi seqüestrado na fronteira de Gaza.
Com Reuters
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