Benazir Bhutto é assassinada; ditador paquistanês pede calma à população
A ex-premiê e líder opositora do Paquistão, Benazir Bhutto, foi assassinada nesta quinta-feira, aparentemente após receber tiros no pescoço e no peito. As causas de sua morte, porém, ainda não foram determinadas, uma vez que um ataque a bomba ocorreu na seqüência. Ao menos outras 20 pessoas morreram no atentado.
O atentado ocorreu minutos após Bhutto dirigir-se a um grupo de milhares de apoiadores na cidade de Rawalpindi. Bhutto chegou a ser hospitalizada, mas morreu às 18h16 do horário local, informou Wasif Ali Khan, membro do PPP (Partido do Povo Paquistanês).
Greg Baker/AP |
Bhutto: ex-premiê governo Paquistão por dois mandatos, mas não completou nenhum |
A notícia de sua morte foi seguida de forte comoção. Em frente ao hospital, apoiadores de Bhutto eram vistos quebrando os vidros das janelas e expressando raiva. Outros apenas choravam. Alguns dirigiram xingamentos ao ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, principal adversário da ex-premiê.
Em Karachi, lojistas fechavam seus estabelecimentos, enquanto manifestantes saíam às ruas.
Logo após a confirmação do assassinato da ex-premiê, Musharraf convocou um encontro de emergência com seus ministros para "discutir todos os aspectos da tragédia nacional". Ele também pediu para a população manter a calma.
Arte/Folha Online |
A expectativa é que o governo anuncie um adiamento nas eleições parlamentares --marcadas inicialmente para o dia 8 de janeiro--, disse um membro do Ministério do Interior, que pediu para não ser identificado.
Adversária de Musharraf, Bhutto, 54, era a figura política mais conhecida no país. Ela ficou à frente do governo entre 1988 e 1996. Desde seu retorno, em outubro, após oito anos de exílio, ela liderou uma série de manifestações contra o governo. Bhutto tinha o apoio dos Estados Unidos, que esperava que ela compartilhasse o poder com Musharraf.
Sharif
Nawaz Sharif, também ex-premiê e líder da oposição, correu ao hospital quando soube da notícia.
"Benazir Bhutto era minha irmã, e estarei com vocês para vingar sua morte", disse ele aos manifestantes que estavam do lado de fora. "Não se sintam sozinhos. Eu estou com vocês."
"Acho que talvez nenhum de nós esteja inclinado a pensar nas eleições", acrescentou Sharif.
"Teremos de nos sentar e examinar a situação com o PPP [Partido do Povo Paquistanês, agremiação de Bhutto] e ver o que acontece nos próximos dias."
Com France Presse e Associated Press
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